A torcida do Palmeiras não sabia o que era perder em casa nesta temporada. Nesta quinta-feira, no entanto, viu um clube já acostumado a vencer o Verdão tirar a invencibilidade no Palestra Itália. Sem ser batido pelos campeões paulistas desde 2003, o Sport não tomou conhecimento dos mandantes e aplicou convincente 3 a 0.
Mais do que acabar com um tabu favorável, o resultado faz com que o time termine a 24ª rodada do Campeonato Brasileiro em terceiro lugar com 43 pontos, ultrapassado pelo Cruzeiro, com melhor saldo de gols. Os pernambucanos ficam em nono, com 35 pontos.
Eficiente na marcação, o Sport abriu o placar com Roger aos 23 minutos do primeiro tempo, com Roger aproveitando belo passe de peito de Carlinhos Bala, em posição duvidosa. Na segunda etapa, o Palmeiras não melhorou e tomou o segundo, novamente com Roger, livre na pequena área para fazer mais um aos 22. Aos 33, Durval fechou a conta.
O jogo – Sem poder contar com Sandro Silva e Martinez, suspensos, e Pierre, machucado, Wanderley Luxemburgo optou por armar um time mais leve no meio-campo, dando a Jumar e Léo Lima a incumbência de marcar e dar dinâmica à saída de bola. Era a alternativa para furar a retranca do Sport, que entrou em campo com três zagueiros e dois volantes, além do lateral-esquerdo Márcio Goiano, que pouco subia para marcar Elder Granja.
Mais do que a vantagem numérica à frente de sua área, a equipe de Nelsinho Baptista segurava os donos da casa com muitas faltas, a maioria no meio-campo, sem deixar que os paulistas se aproximassem do gol de Magrão. Quando escapavam dos carrinhos nordestinos, o Verdão não conseguia se achar diante de tantos adversários. O toque de bola era impossível.
Dominando a força ofensiva dos mandantes, os recifenses tinham como aposta o contra-ataque. Único meia da equipe, Kássio era o responsável por munir Carlinhos Bala e Roger. Na primeira chance que teve, o camisa 10 rubro-negro tabelou com Roger, que aos nove minutos, bateu no meio do gol, em cima de Marcos.
O susto mostrou aos visitantes a melhor maneira de chegar ao gol do campeão paulista. A velocidade de seu trio ofensivo superava Jéci e Gladstone, que tinham de fazer o primeiro combate devido à pouca qualidade na marcação de Léo Lima e Jumar. No ataque, a alternativa alviverde era subir com cada vez mais jogadores. Estratégia que não era eficiente na frente e foi fatal na retaguarda.
Aos 27 minutos, Magrão deu um chutão e a bola atravessou o campo. Diante de um Palmeiras desorganizado na defesa, Carlinhos Bala, em posição duvidosa, ganhou de Jéci pelo alto e tocou de peito para Roger, que entrou livre na área e tocou no canto esquerdo de Marcos para abrir o placar. Gol muito contestado pelo time de Luxemburgo, que protestou contra o posicionamento de Bala. Mas o árbitro cearense Francisco de Assis Almeida Filho validou o lance.
A reclamação e o placar adverso desmontou a estratégia palmeirense. A equipe não se achava. E o Sport aproveitava. Os pernambucanos tiveram cinco escanteios consecutivos a seu favor. Em dois deles, o segundo gol não saiu graças a Marcos, que fez ótimas defesas nas cabeçadas de Durval e Igor. Pouco depois, Márcio Goiano tentou surpreender o goleiro de fora da área e tirou tinta do travessão.
O Palmeiras só acordou aos 43 minutos do primeiro tempo. Na base da vontade, o time achou espaço para finalmente assustar Magrão. Na primeira, o grito de gol chegou a ecoar nas arquibancadas, quando Alex Mineiro desviou de cabeça na primeira trave rente à meta de Magrão. Na seqüência, Evandro obrigou o goleiro a fazer grande defesa em cobrança de falta e Alex Mineiro, livre na marca do pênalti, bateu em cima do arqueiro rubro-negro.
Para aumentar a ofensividade de sua equipe, Luxemburgo voltou do intervalo com Lenny na vaga de Evandro. O atacante, no entanto, entrou sem achar sua posição e virou presa fácil para a marcação do Leão. E o nervosismo alviverde só aumentava. Bem marcado, Alex Mineiro se isolou na área. Para piorar, Kléber e Diego Souza apostavam apenas em jogadas individuais, todas paradas pela defesa visitante.
Se o ataque, grande força palmeirense, não funcionava, a retaguarda, ponto fraco da equipe, não diminuía a tensão que dominava o time e as arquibancadas. Clima que resultou em mais um gol de Roger. Aos 22 minutos, Andrade cobrou falta e o atacante, livre na pequena área, só desviou para se tornar o “carrasco” de sua ex-equipe.
Desesperado, Luxemburgo tentou lançar o Verdão à frente fixando Leandro no ataque e escalando Maicosuel e Denílson. Mas nem deu tempo para se ver o resultado das novidades. Aos 33 minutos, a defesa alviverde entregou de novo. Carlinhos Bala cruzou da esquerda, Durval subiu sozinho e cabeceou no travessão. No rebote, sem ser incomodado e com Marcos batido, não teve problemas para fazer o terceiro do Sport.
Sem ter apresentado futebol que desse esperança de reação durante todo o jogo, o Palmeiras só aumentou seu nervosismo. E teve de sair de campo amargando o fim da invencibilidade no Palestra Itália em 2008 e a ampliação de um tabu: não vence o Sport desde 2003, e só terá chance de se “vingar” no ano que vem.