Quem apontou o Santos como franco favorito para vencer o Santo André neste domingo, no Pacaembu, acertou. Mas levou um susto. Apagados na etapa inicial, os "Meninos da Vila" deixaram o gramado amargando uma derrota parcial e poderiam ter complicado a caminhada rumo ao título paulista, que terá seu capítulo final no próximo domingo. Poderiam.
Depois de levar uma bronca de Dorival Júnior no intervalo e ver André substituir Neymar, que deixou o campo com dores no olho, o futebol que vem encantando o país apareceu. E a vitória também, de virada: 3 a 2. André e Wesley, duas vezes, ampliaram ainda mais a vantagem do Santos na luta pela taça.
Agora, os "Meninos da Vila" podem até perder por um gol de diferença no próximo domingo, novamente no Pacaembu, para saborearem mais uma conquista estadual. Antes, porém, encaram nova decisão, desta vez pela Copa do Brasil. O desafio será contra o Atlético-MG, quarta-feira à noite, no Mineirão, no jogo de ida das quartas de final da competição nacional.
O jogo: Apesar de não carregar no histórico o "currículo" dos grandes clássicos, a partida entre Santo André e Santos começou do jeito que uma decisão merece. Empurrado por mais de 30 mil torcedores, o Santos quase tirou o zero do placar logo aos 52 segundos, com Wesley obrigando Júlio César a fazer linda defesa, após jogada trabalhada com Neymar e Robinho.
A resposta andreense veio em dose dupla, rápida e cheia de ousadia. Primeiro com Branquinho, que cobrou escanteio fechado e, na falha de Felipe, quase viu Toninho marcar em forte cabeçada. Logo na sequência, foi a vez do artilheiro Rodriguinho fazer belo lance individual e, em chute forte, dar a Felipe a chance de se redimir, com boa intervenção.
A torcida santista temeu pelo pior quando Neymar levou uma entrada mais dura aos seis minutos e voltou mancando para o gramado, mas suspirou aliviada quando Madson e André, que aqueciam, voltaram para o banco de reservas. Neste momento, o time da Vila tinha maior domínio de bola, mas sofria com a forte (e às vezes violenta) marcação do Ramalhão.
Nos minutos seguintes, quem chegou mais perto de transformar os gritos de UHHH!! em gol foi o Santo André, em chute cruzado de Branquinho, que parou na ponte cinematográfica do valorizado goleiro Felipe.
Como toda decisão, o primeiro tempo do jogo deste domingo não passou imune à polêmica. Aos 26 minutos, Neymar, pendurado com dois cartões amarelos, foi para cima da zaga do Santo André e caiu. O árbitro Paulo César de Oliveira não assinalou a infração, mas também não puniu a joia santista, que ficou estatelada no chão até receber atendimento.
Nove minutos mais tarde, o Ramalhão ganhou sua "recompensa". Após falta duvidosa de Edu Dracena em Nunes, Bruno César contou com a colaboração de Felipe,que armou mal a barreira e, com um chute forte, estufou as redes: 1 a 0 Santo André e vantagem parcialmente revertida.
Nunes ainda teve a chance de ampliar no minuto final, mas errou a mira. Nervoso, o Santos seguiu errando passes fáceis e irritando a torcida até a descida para os vestiários. Wesley, com um cartão bobo aos 48, saiu para o intervalo mais chateado, pois terá de cumprir suspensão automática na segunda e decisiva partida, domingo que vem.
Virada sem Neymar: O Santos voltou para o segundo tempo sem Neymar, que acusou dores e deu espaço para André, com quem divide a artilharia do time na competição, com 12 gols. E a mudança fez bem ao time, que criou três chances claras em menos de cinco minutos.
Logo em seu primeiro lance, o menos badalado dos "Meninos" quase empatou o jogo, em chute de primeira, que ficou nas mãos de Júlio César. Na sequência, Marquinhos, um dos piores da etapa inicial, encheu o pé de fora da área e também chegou perto da igualdade, assim como André, mais uma vez, chegando um segundo atrasado após cruzamento da esquerda.
O que estava verde, finalmente amadureceu. Depois de tanto martelar, o Santos estufou as redes em um lance inusitado. Ganso recebeu "presente" após cobrança de escanteio, levantou a cabeça e colocou para André, que chegou por trás da zaga e tirou o grito preso na garganta da torcida: 1 a 1, aos 13 minutos.
Não demorou para a virada chegar. Em lance que começou com passe "de letra" de André para Wesley, o camisa 9 serviu Robinho, disparou e recebeu de volta, invadindo a área e chutando forte, sem defesa para Júlio César: 2 a 1 e alegria total no Pacaembu. O mesmo Wesley resolveu "compensar" a ausência certa na próxima partida e, aos 24, marcou o terceiro, novamente em jogada pelo lado direito do campo.
Atordoado, o Santo André ainda perdeu o zagueiro Toninho, expulso aos 29 minutos, e teve de abdicar do ataque para não reestruturar a defesa e não levar mais gols. Pensando em garantir o título já na primeira decisão, Dorival Júnior fez o oposto: sacou o ala Pará para a entrada do atacante Madson, prometendo abafa nos 15 minutos finais. Quem levou a melhor, no entanto, foi o Santo André, que diminuiu em lance fortuito com Rodriguinho e manteve o campeonato aberto: 3 a 2.