Líder do Campeonato Paulista e classificado para a próxima fase da Copa Libertadores da América, agora o Santos tem a chance de conseguir algo bastante valioso para a sua torcida: eliminar o arqui-rival Corinthians do Estadual e, de quebra, assegurar matematicamente a vaga nas semifinais do Paulistão com uma vitória no confronto desta quarta-feira, às 21h45. O Timão vai à Vila Belmiro com a obrigação de vencer o time da Baixada para seguir respirando na competição.
Se perder, o alvinegro da capital ficará com remotas possibilidades matemáticas, tendo de ganhar os três compromissos restantes (Sertãozinho, América e Santo André) e ainda torcer por uma combinação de resultados que derrubem simultaneamente Palmeiras, Paulista, Bragantino e Noroeste. Dependendo das partidas, o Corinthians pode perder mais duas posições, terminar a rodada em décimo lugar, sendo ultrapassado por Guaratinguetá e Ponte Preta, e ainda aumentar a lista dos clubes que terá de “secar”.
Já o Santos garantirá, se vencer, a classificação antecipada para as semifinais, independente das outras equipes, com três rodadas de antecedência. Assim, poderá até se dar ao luxo de ignorar os compromissos restantes. Hoje a vantagem santista é de dez pontos sobre o quarto colocado Palmeiras. Mesmo em caso de empate ou derrota no clássico, a vaga pode vir, desde que Palmeiras e Paulista não triunfem.
Apesar de seus comandados se empolgarem com a oportunidade de afundar o Corinthians, o técnico Wanderley Luxemburgo prefere manter o discurso politicamente correto. “Não tem gostinho a mais nenhum para nós”, rechaça o comandante do Santos, que aponta a manutenção da vantagem que sua equipe possui na liderança do Paulistão como principal objetivo no clássico.
Atentos à tabela, que coloca o Peixe com 38 pontos contra 34 do São Paulo, os jogadores do Santos até concordam com Luxemburgo, mas não escondem que gostariam de contribuir para a derrocada de um rival. “Tem um gostinho especial, porque é uma grande equipe que sairia da fase final. Você tem que eliminar etapas”, afirma o zagueiro Antônio Carlos. “Mas, independente disso, queremos a vitória para assegurar a primeira colocação”, pondera.
Já o Corinthians tem consciência da necessidade de bater o Santos. O compromisso desta quarta é encarado pela equipe como um dos quatro duelos em que a vitória é obrigatória. O técnico Emerson Leão, inclusive, já avisa que um tropeço na Vila acabaria com qualquer chance de classificação do Timão à semifinal. “Se não ganharmos, ficaremos definitivamente afastados”, alerta.
Mas, no Santos, há também aqueles que sequer estavam atentos à oportunidade de eliminar o Timão. “Não tinha pensado nesse detalhe. É verdade, não é?”, franziu a sobrancelha o meio-campista Pedrinho. Depois se dar conta da chance de eliminar o Corinthians, ele sorriu: “É importante tirar um rival da fase final do campeonato, pois se trata de um dos grandes clubes, que pode complicar para nós depois. Se conseguirmos, é lógico que ficaremos felizes”.
Por sinal, não são apenas os números da atual temporada que colocam o Santos como favorito para vencer o clássico. O Peixe bateu o rival nos três jogos que fizeram em 2006, além de sempre conseguir bons resultados dentro da Vila Belmiro. “Sei que é difícil vencer lá, mas é possível. A vitória não seria encarada como um milagre”, avisa Leão, que se prende ao exemplo do triunfo do São Bento sobre o Peixe na Baixada. “Naquela oportunidade, o São Bento era o lanterna do campeonato. Isso é coisa que acontece no futebol.”
A derrota para o São Bento, aliás, até hoje é lembrada pelos santistas. “Tiramos algumas lições daquele jogo. Jogando dentro de casa, não podemos bobear. É sempre importante conseguir a vitória diante da nossa torcida”, aponta Antônio Carlos. Seu companheiro de zaga, Adaílton, reforça o discurso. “Mesmo conseguindo bons resultados, nós temos que prestar atenção nas nossas falhas, para não voltarmos a perder em casa. Devemos respeitar muito o Corinthians”, avalia.
Ainda em relação à rivalidade, Santos e Corinthians entram em campo com o mesmo peso de não terem vencido clássicos neste Paulistão. A situação do Peixe é menos desconfortável porque empatou os duelos contra Palmeiras e São Paulo, ambos com gol nos minutos finais. “Não é bom começar perdendo, por causa do desgaste. Foram dois empates e, agora, queremos vencer”, diz Pedrinho, que esteve em campo e foi bem nas duas ocasiões.
Por sua vez, o Corinthians teve desempenho desastroso diante dos rivais. Perdeu para o Tricolor por 3 a 1 e para o Verdão por 3 a 0. Apesar da marca negativa, o zagueiro Betão nega que tal fator possa pesar negativamente sobre o elenco. “A preocupação com esses times já passou. Não conseguimos as vitórias e, agora, temos de pensar no jogo contra o Santos”, projeta. Tanto que o Corinthians repetirá o mesmo esquema com três zagueiros usados nos dois clássicos.
Em campo, o Santos terá os desfalques de Kléber e Maldonado, que estavam com as seleções brasileira e chilena, além de Cléber Santana e Rodrigo Tabata, suspensos. Adepto do mistério, Luxemburgo aproveita as baixas para intensificar a estratégia na véspera da partida, quando cogita escalar o Peixe com três zagueiros. O certo é que Pedrinho deve entrar no meio e Carlinhos, na lateral esquerda.
No Corinthians, nada de segredo. A boa notícia para Leão é que tem a chance de, pela primeira vez na temporada, poder repetir a mesma formação em dois jogos consecutivos. Mas o treinador deve preferir não aproveitar a oportunidade, já que tem uma nova opção para montar a zaga no jogo desta quarta.
O técnico promoverá a volta de Marinho, que cumpriu suspensão na rodada passada e entra na vaga do improvisado Daniel para formar o trio defensivo com Gustavo e Betão. Já Roger e Arce, que desfalcaram o Timão nos últimos compromissos, permanecem longe dos gramados desde que sofreram contusões musculares no jogo contra o Treze-PB. Willian segue na armação das jogadas, enquanto Wilson continua no ataque.