O clima parecia amistoso no Aeroporto de Congonhas no início da tarde desta quinta-feira. Poucos torcedores com uniformes do Corinthians estavam na área de desembarque do local para aguardar a equipe que foi eliminada da Copa do Brasil pelo Grêmio, no dia anterior. Havia até quem brincasse com a presença da imprensa ou fizesse piadas com o atacante Alexandre Pato, que perdeu de maneira caricata o último pênalti da disputa em Porto Alegre e lá permaneceu. Bastou a delegação corintiana aparecer, no entanto, para o ambiente se transformar.
Tite foi o primeiro a enfrentar o público, escoltado por dois seguranças. Os torcedores que estavam uniformizados, então, abriram uma faixa com o lema: “Timão é tradição. Não pode ter c…”. Muitos outros (não mais de 20) que esperavam à paisana no saguão passaram a repetir o coro com disposição. Alguns preferiram desferir ofensas contra o técnico, repreendido por seus companheiros, que queriam concentrar os insultos no time. Em meio ao tumulto, o gaúcho apressou o passo até um ônibus (sem identificação, com detalhes em verde) contratado pelo Corinthians.
Os jogadores saíram em grupo do setor de desembarque. Adotaram expressões carrancudas, às vezes cabisbaixas, para encarar as cobranças. Com o auxílio de poucos policiais militares, a equipe de segurança do Corinthians tentou protegê-los dos torcedores mais exaltados. O zagueiro Paulo André e o lateral direito Alessandro, ainda com moral pelas recentes conquistas como capitão, foram alguns dos poucos que balbuciaram palavras na direção de microfones de repórteres. “Alessandro! Os caras estão de palhaçada com a gente!”, berrou um torcedor.
A torcida seguiu o calado Corinthians até o ônibus, estacionado em frente ao aeroporto. A faixa que não aceitava “c…” no clube, em nome da tradição, foi aberta novamente ali. “Danilo, vaza do meu Coringão! Aqui é Corinthians!”, exclamou um torcedor organizado, antes de mudar o alvo do seu protesto. “Romarinho baladeiro!”.
O ônibus do atual campeão do mundo de clubes arrancou dali enquanto os torcedores ainda berravam palavrões. Alexandre Pato, um dos maiores alvos da ira, não estava no interior do veículo – ficou em Porto Alegre para resolver “problemas particulares”. No domingo, em Araraquara, o astro e seus companheiros terão adversidades muito maiores com que lidar no tenso clássico contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro.