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Prazo de validade de técnicos no Brasil é alvo de debate em reunião

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A cidade de Itu (SP), que surge no cenário nacional envolvida na crença das “coisas grandes”, foi palco para uma discussão ampla e relevante sobre o futebol brasileiro. As brincadeiras a respeito da marca da cidade ficaram do lado de fora do hotel, no qual diretores, técnicos e até mesmo jogadores falaram sobre as questões que cercam o esporte no Brasil.

Elemento intimamente ligado à formação cultural da nação, o futebol passou a ser questão de debate em todas as esferas de bastidor a partir do vexame na Copa do Mundo de 2014. A derrota por 7 a 1 abriu caminho a uma discussão que, apenas mediante muito esforço e organização, deve manter o foco em objetivos comuns, entre eles, a reorganização do calendário.

Como os modelos de disputa, objeto principal da primeira reunião da Unefut (União Nacional das Entidades de Futebol no Brasil), já vem sendo debatidos desde as conversas do Bom Senso FC, a atenção foi voltada à instabilidade dos técnicos no futebol brasileiro. Em 2015, apenas o campeão Tite atravessou a temporada sem ter o cargo posto em xeque.

Fora do futebol há cerca de oito meses, mas prevendo um retorno em breve, Muricy Ramalho condenou não só a dança de técnicos, mas também a falta de uma filosofia de trabalho que é implantada desde a base até o profissional, como a que viu no Barcelona durante o último intercâmbio que fez à Europa, há pouco mais de um mês.

“Essa troca constante acaba não criando uma filosofia, uma maneira de jogar. Eles (jogadores) acabam ficando perdidos, é uma realidade em todos os clubes. Ficamos só na palavra, esse é o problema. Temos que mudar radicalmente em todos os sentidos. Nossa gestão está ruim”, disse Muricy, que ainda crê na integração com a base como uma solução, mas clama por um maior reconhecimento.

“Eu tinha a ideia de unificar todas as categorias, porque se não, não se prepara. O lado profissional, que é o futebol, tem que estar na mão dos profissionais. Aqui a nossa filosofia é ganhar na quarta-feira, não tem plano de nada. Os diretores deviam estar mais aqui do que nós, eles têm que comprar alguma ideia”, declarou o ex-treinador do Tricolor.

Representando a categoria dos executivos na discussão, Rodrigo Caetano, diretor de futebol do Flamengo, reconheceu que o técnico é o boi de piranha da crítica brasileira. É sob ele que recai todas as reclamações quando parte da dificuldade de planejamento se dá por outros fatores, como o calendário lotado de competições, por exemplo.

“A gente não esta conseguindo entregar um produto melhor por uma série de fatores, entre eles o curto tempo de preparação. Acabamos ficando a mercê do improviso, o técnico é o mais prejudicado nesse movimento todo. Já existe uma filosofia administrativa, agora é conseguir os resultados em campo”, disse o diretor, que garante que um terço das receitas rubro-negras vai para o futebol.

Por fim, mas não menos importante, foi tratada a questão da preparação física, atualmente mais evoluída por conta do suporte tecnológico. Pelo viés do atleta, Edu Dracena, aos 33 anos, garantiu que a preparação física não pode ser interrompida nem nas férias, uma vez que o ritmo de competições é intenso.

Com uma opinião mais científica, o fisiologista do Internacional, Élio Carraveta, evitou comparar a estrutura dos europeus com a brasileira, já que a mentalidade não é a mesma.

“As tecnologias avançaram muito, os modelos de treinamento também, mas a recuperação ainda é a mesma. Modelos como Bayern de Munique valem como exemplo, mas o perfil comportamental do jogador brasileiro muda. Falar em treinamento, em ciência, é muito difícil dentro do contexto de um futebol complexo”, opinou.

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