O técnico Carlos Alberto Parreira se reuniu com Ronaldo na madrugada de quarta para quinta-feira no hotel Kempiski e, em uma conversa amigável, mas firme, deixou claro ao atacante: ou ele joga o que pode e o que se espera dele contra a Austrália ou será sacado do time, dando o lugar a Robinho. A conversa, que durou cerca de 15 minutos, foi no quarto do atacante e a primeira de uma série de quatro daquela noite. Depois que Parreira saiu do quarto, entrou o médico José Luiz Runco, seguido pelo capitão Cafu e pelo volante Emerson, todos em conversas individuais com o atacante. A série terminou quase às 3h e teve como objetivo mexer com o brio de Ronaldo para que ele reaja, ou então deverá ceder o lugar, algo incomum para um jogador como Ronaldo. A informação foi publicada na edição de hoje do jornal Estado de Minas, em matéria assinada por Jaeci Carvalho.
Parreira procurou dar força ao atacante e falou de sua importância para o grupo, mas exigiu reciprocidade. Na conversa, inclusive, Ronaldo reagiu positivamente e disse que se não sentir-se bem no jogo pedirá para ser substituído, não esperando uma decisão do treinador. Runco, por sua vez, também destacou a importância do jogador no grupo e fez questão de frisar que ele não tem nenhum problema clínico e que pode atuar sem medo nenhum, especialmente depois dos exames realizados na segunda-feira em Frankfurt (o médico inclusive não descarta que problemas emocionais podem estar prejudicando o atacante). Cafu e Emerson conversaram como amigos, tentando entender se algo estava acontecendo. Ambos afirmaram que Ronaldo precisava reagir, jogar aquilo que sabe e fazer seus gols.
Na manhã de ontem Parreira voltou a se encontrar com Ronaldo na academia de ginástica. O treinador fez um pouco de esteira ao lado do atacante, que voltava aos exercícios físicos depois do mal estar de segunda-feira, que o levou a um hospital em Frankfurt.
Antes do treino da tarde da Seleção Brasileira na Arena Zagallo em Koenigstein, Ronaldo falou pela primeira vez depois da partida contra a Croácia. Reconheceu que teve uma má atuação e prometeu jogar melhor contra a Austrália, em Munique. Disse mais: “Se precisar ser suplente não vou me revoltar”. A amigos, logo depois do jogo, confessou que estava um pouco “zonzo” durante a partida, que realmente não jogou nada e que Parreira fez bem em substituí-lo, conforme antecipou o Terra na manhã de quinta-feira. Aos jornalistas, no entanto,Ronaldo negou que estivesse zonzo durante o jogo, mas a informação foi confirmada pela mãe, dona Sonia.
Na seqüência de fatos do dia, o treinador, durante a entrevista depois do treino, tornou público de forma mais incisiva de que não há intocáveis no grupo. E apesar de garantir Ronaldo para começar o jogo do próximo domingo com a Austrália, não descartou mudanças, baseadas “em fatos”. O fato em questão, como ficou claro na reunião da madrugada e nas entrelinhas da entrevista, é a atuação de Ronaldo no jogo do próximo domingo.