O técnico Carlos Alberto Parreira se mostrou bastante irritado com a veiculação de suas imagens no Fantástico, da Rede Globo, neste domingo. O programa utilizou uma equipe que fez a leitura dos lábios do treinador, revelando diálogos seus durante as partidas da Copa. O treinador, no entanto, disse que as frases divulgadas pelo programa não representavam o que ele realmente havia dito e disse que a emissora erra por “incompetência”.
“Fiquei triste, desapontado, achei que fosse uma prática superada”, disse Parreira. O treinador afirmou que em 1994, quando comandou a Seleção na conquista do tetracampeonato, a emissora já havia tentado utilizar a mesma técnica. “Erraram agora, como erraram em 1994. O pior é que erram sempre, por incompetência”, afirmou Parreira.
Entre as frases supostamente ditas por Parreira estaria uma confidência feita a Zagallo, garantindo a entrada de Gilberto Silva no lugar de Emerson como volante titular da Seleção. “Gostei muito”, teria dito, sobre o desempenho do jogador na partida contra o Japão. “Pena, se nós tirarmos o Emerson vai ser f…”.
A leitura labial detectou também o desabafo de Parreira contra os críticos após o segundo gol de Ronaldo, o quarto da Seleção Brasileira em Dortmund. “Agora vamos ver. Filhos da p…”, disse o treinador. “Ainda pedem para o Ronaldo ir embora”, completou Parreira.
O treinador já havia reclamado a amigos que a atitude teria, em sua opinião, violado sua privacidade. Por outro lado, pessoas da emissora afirmam que não houve abuso, já que o campo de futebol, onde foram feitas as imagens, é um espaço público. O episódio detonou uma reunião entre a cúpula da Globo presente na Alemanha com o chefe de comunicação da CBF, Rodrigo Paiva. O apresentador Pedro Bial procurou Parreira após a entrevista coletiva. Chegou a dizer que “não era a intenção” prejudicá-lo. Parreira foi lacônico: “isso eu não aceito”.