Uma verdadeira guerra fria. Assim pode ser definido o ambiente que precede o terceiro clássico do ano entre Palmeiras e São Paulo, neste domingo, às 16 horas, no Palestra Itália. Decisivo para apontar quem será o segundo finalista do Campeonato Paulista, o jogo mexeu não somente com os atletas e membros da comissão técnica. Atingiu as diretorias dos dois clubes.
Se dentro de campo as cotoveladas, joelhadas, pênaltis e gols marcados com a mão aqueceram os dois primeiros encontros das equipes na temporada, fora dele a troca de farpas entre Toninho Cecílio, gerente de Futebol do Palmeiras, e Marco Aurélio Cunha, superintendente do Tricolor, tem tornado o clima da guerra fria, ironicamente, cada vez mais quente.
A discussão entre os cartolas foi tão séria que ultrapassou os limites do bom senso, com Marco Aurélio Cunha chegando a “prever” a demissão de Toninho Cecílio e o rival taxando o são-paulino de “desprezível”. Para impedir que o clima afete o desempenho dos times dentro de campo e estrague o espetáculo, os técnicos das duas equipes tomaram a linha de frente.
“São Paulo e Palmeiras, por si só, já são grandes o suficiente para deixarem o clima do jogo quente e bonito. Não precisam dessas coisas pequenas, insignificantes”, disparou o palmeirense Wanderley Luxemburgo. “O que interfere no resultado de um jogo é a produtividade dos atletas dentro de campo, e foi isso o que o São Paulo fez no outro jogo. O resto é pequeno perto da grandeza desse clássico”, completou.
O técnico Muricy Ramalho concordou em gênero número e grau com os comentários de Luxemburgo e também deixou nos pés dos atletas o destino do segundo finalista do Paulistão 2008. “Fora de campo podem acontecer muitas coisas desagradáveis, mas isso não é uma guerra, e sim futebol. Não gosto desse bate-boca e acho que temos que deixar os jogadores decidirem”, pediu.
O apelo dos treinadores foi prontamente atendido pelas principais estrelas do espetáculo: os atletas. “Nós (jogadores) estaremos seguros em campo e a preocupação fora dele tem de ficar com as autoridades”, avisou o zagueiro Miranda, confirmado na defesa são-paulina.
“Essa guerra é antiga. Sempre existiu e nunca interferiu em nada. Isso não muda, fica só na diretoria”, afirmou o atacante Kléber, que briga com Denílson por uma vaga no setor ofensivo do Verdão ao lado do artilheiro Alex Mineiro. “Isso não nos afetará em nada”, completou o zagueiro Gustavo, que será um dos protagonistas do duelo depois de falhar de forma bisonha no segundo gol de Adriano, domingo passado, no Morumbi.
Experiente, o goleiro Marcos avisa que a troca de farpas entre os cartolas não terá influência dentro de campo. “De forma alguma consideramos os jogadores do São Paulo como nossos inimigos, mas sim como rivais de profissão. Não somos gladiadores e não entramos em campo para nos matar”, prometeu o camisa um.
No Palmeiras, a grande dor de cabeça é encontrar uma fórmula para anular Adriano. Autor dos dois gols são-paulinos na primeira semifinal, o camisa dez terá atenção triplicada no Palestra Itália. “O Adriano realmente é um jogador muito difícil de marcar. Temos que fazer como no outro jogo (vitória por 4 a 1, em Ribeirão Preto) e evitar cometer faltas laterais, pois o Jorge Wagner bate muito bem na bola”, receitou o lateral-direito Élder Granja.
Do lado são-paulino, a ordem é forçar o jogo em cima do “Imperador”. E a confiança em um bom resultado é grande. “Ele é um jogador que intimida, sabe usar o corpo nas jogadas. Com certeza, se o Palmeiras, der mole, o Adriano atropela”, avisou o zagueiro Miranda.
As duas equipes terão alterações em relação às que entraram em campo no primeiro confronto semifinal. Sem Pierre, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, o técnico Wanderley Luxemburgo deve optar por Martinez, aumentando a qualidade na saída de bola do meio-campo. Na frente, o treinador faz mistério, mas pode surpreender sacando Kléber, que não foi bem no Morumbi, para a entrada de Denílson.
Já Muricy Ramalho não terá Zé Luis, “sombra” de Valdívia na primeira semifinal, e Richarlyson, ambos suspensos, e deverá remontar o setor de meio-campo com Hugo (ou Júnior) e o reintegrado Fábio Santos, provável sucessor de Zé Luis na missão de anular o “Mago”. Na frente, a dúvida paira sobre o companheiro do “Imperador”: Dagoberto, que teve boa atuação, ou Borges, que cumpriu suspensão automática no primeiro jogo e leva fama de “carrasco” da equipe palmeirense? Respostas, às 16 horas, no Palestra Itália.
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS X SÃO PAULO
Local: Estádio Palestra Itália, em São Paulo (SP)
Data: 20 de abril de 2008 (domingo)
Horário: 16h (de Brasília)
Árbitro: Wilson Luiz Seneme (SP)
Assistentes: Emerson Augusto de Carvalo e Vicente Romano Neto (SP)
PALMEIRAS: Marcos; Élder Granja, Gustavo, Henrique e Leandro; Martinez (Wendel), Léo Lima, Diego Souza e Valdívia; Kléber (Denílson) e Alex Mineiro
Técnico: Wanderley Luxemburgo
SÃO PAULO: Rogério Ceni; Alex Silva, André Dias e Miranda; Joílson, Hernanes, Fábio Santos, Hugo (Júnior) e Jorge Wagner; Borges (Dagoberto) e Adriano
Técnico: Muricy Ramalho.
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