Sob vaias, Gilson Kleina sofria no Pacaembu andando de um lado a outro. Neste sábado, dia do seu aniversário de 45 anos, o técnico só empatava com o Linense, no jogo seguinte à derrota por 6 a 2 para o Mirassol. Aos 45 minutos do segundo tempo, porém, uma falta cobrada por Souza desviou em Marcelo Oliveira e salvou a festa do chefe, garantindo vitória por 2 a 1.
O triunfo foi celebrado com alívio tanto em campo quanto nas arquibancadas, com torcedores e até jogadores ajoelhando no gramado. O lance nos minutos finais evitou as críticas de mais uma má atuação, que teve gol de Leandro, aos dez minutos do segundo tempo, e o empate de Gilsinho aproveitando-se de falha defensiva cinco minutos depois.
Mais confiante, com o treinador desejava, o Palmeiras faz jogo decisivo pela Libertadores na terça-feira, novamente no Pacaembu, contra o Tigre, da Argentina. No Paulista, o time chega a 28 pontos, perto da vaga nas quartas de final. Até porque o Linense, seu adversário nesta noite, para em 22 pontos.
O jogo – Se na quarta-feira Mauricio Ramos virou desfalque de última hora por indisposição estomacal, neste sábado foi Fernando Prass que foi vetado pouco antes do jogo, por dores lombares. E o Palmeiras, então, enfrentou o Linense com um time que pode não ter ninguém como titular no decisivo jogo de terça-feira, contra o Tigre, pela Libertadores.
Mas, pelo que foi visto no Pacaembu, nenhum deles merece. Entre os reservas, como com os preferidos de Gilson Kleina, sobra disposição, mas falta qualidade. Como manda o técnico, o time começou pressionando após o meio-campo e, diferentemente do que fez o Mirassol para golear no último jogo, pôde se aproveitar da proposta do Linense de mal se preparar até para contra-ataque.
Contudo, como nas últimas aparições que fez no Pacaembu, o Verdão trocava passes na frente sem sucesso na infiltração. A aposta era na vontade, que aparecia mais na novidade tática preparada por Kleina. Lateral direito, Ayrton atuou como um meia, indo atrás do meio-campo só para ajudar a saída de bola, com Wendel em sua posição.
Mas Ayrton era um dos poucos que sabia se mexer no espaço certo. E a disposição de todos até atrapalhava, já que muitas vezes Caio sai da área para buscar a bola e os anfitriões ficavam sem ninguém como referência para cruzamentos, principal arma de Ayrton, que passou a arrematar de longe. O time ficava com a bola sem saber o que fazer com ela.
Até que o Linense achou que poderia adiantar sua marcação para atacar. E acabou vendo seus três zagueiros e volantes sofrerem com bolas nas costas. Foram diversos lançamentos saindo mesmo dos zagueiros de Gilson Kleina. No anseio para manter a bola na frente, Caio chegou a fazer falta no goleiro Leandro Santos, quando ele dominou com o pé.
Já sem depender só da bola para de Ayrton, o Palmeiras passou a mostrar mais uma vez a falta de qualidade para finalizar. Aos 29 minutos, Leandro, atacante que mais fez gols pelo clube nesta temporada, entrou na grande área de frente para o goleiro e acertou a trave. Antes do fim do intervalo, Léo Gago ainda assustou em cobrança de falta. Mas foi pouco.
Para o segundo tempo, Gilson Kleina ainda surpreendeu tirando o jogador mais atuante dentro de campo. Ayrton foi trocado por Patrick Vieira, que é meia de origem. E o garoto precisou de dois minutos para impor sua velocidade diante dos defensores do Linense e arrematar com perigo. A alteração, embora inicialmente contestável, poderia dar certo.
Aos dez minutos, veio a confirmação. O Linense ainda estava animado a ponto de ir à frente, e acabou levando um contra-ataque fatal. Patrick Vieira arrancou com a bola e a deixou para Ronny cruzar. Leandro dominou com liberdade e teve tranquilidade para escolher o canto para abrir o placar.
A torcida vibrou. Mas por pouco tempo. Aos 15 minutos, palmeirenses já mostravam a impaciência que vinha crescendo ao longo do mau desempenho no jogo. Tarracha avançou pela ponta direita fazendo o que quis com Wendel até cruzar com força para Gilsinho escorar com o pé nas redes, empatando a partida.
As poucas qualidades mostradas pelo Palmeiras se foram. Ronny, por exemplo, só foi útil para cruzar, longe de se movimentar ou tocar na bola como o meia que deveria ser. Léo Gago cometia muitas faltas e não organizava a saída de bola. E Wendel e Marcelo Oliveira, ambos volantes improvisados nas laterais, se olhavam sem conseguir encontrar uma maneira de atuar.
Na indefinição defensiva e com rara criatividade na frente, apostando somente na velocidade de Patrick Vieira e Leandro, o Linense foi crescendo. Pelos lados, encontrou um caminho de levar perigo a Bruno, que precisou fazer uma difícil defesa aos 23 minutos para evitar a virada.
No banco, Kleina voltou a mostrar que não sabe fazer boas substituições. Abriu mão do disposto João Denoni para ganhar movimentação de mais qualidade com Souza, mas mantendo os inúteis Léo Gago e Ronny. No ataque, reforçou a aposta em velocidade trocando o centroavante Caio pelo rápido e contestado Vinicius.
Ao som das vaias da torcida, o Palmeiras não se encontrava em campo, mostrando desespero para evitar a derrota. Com exceção de um perigoso chute de Leandro, as jogadas perigosas eram do Linense, como em arremates de Dudu, quase sempre livre. Para sorte do Verdão, do outro lado não havia um time tão eficiente quanto o Mirassol na quarta-feira.
E a diferença do último jogo se confirmou com a sorte. Em uma bola parada aos 45 minutos do segundo tempo, quando só Bruno não passou do meio-campo, Souza levantou na área e Marcelo Oliveira se esticou para desviar de cabeça nas redes, assegurando um pouco de tranquilidade.