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Palmeiras se reabilita em Itaquera e deixa o Corinthians em crise

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O técnico Tite ironizava o termo “crise” antes do clássico contra o Palmeiras, recorrendo à campanha do Corinthians no Campeonato Brasileiro para amenizar os seus problemas. A partir deste domingo, porém, não restam mais dúvidas. No primeiro jogo desde a dispensa do ídolo peruano Paolo Guerrero, a combalida equipe treinada pelo gaúcho foi derrota por 2 a 0 em Itaquera, reabilitou o rival e deixou de enfrentar apenas um mau momento.

Cobrado por seus torcedores – com direito ao arremesso de uma bateria de telefone celular no gramado –, o Corinthians foi para o intervalo já com a desvantagem de dois gols no placar. A sua defesa falhou nos gols de cabeça do atacante Rafael Marques e do meia Zé Roberto, o segundo já nos acréscimos.

O resultado só não colocou ainda o Corinthians na parte inferior da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, já que o time acumulou 7 pontos ao vencer Cruzeiro e Chapecoense por 1 a 0 e empatar sem gols com o Fluminense nas três primeiras rodadas. Na próxima, na quarta-feira, buscará a reação contra o Grêmio, em Porto Alegre.

Já o Palmeiras agora está aliviado. Se corria risco de desemprego, o técnico Oswaldo de Oliveira agora aparece em alta como quem foi duas vezes algoz corintiano em Itaquera (ele havia comemorado anteriormente a vitória nos pênaltis nas semifinais do Campeonato Paulista). O que fez a torcida alviverde se encher de motivos para gozar ainda mais o rival. Durante o clássico, um drone com o uniforme do paraguaio Guaraní (também vitorioso no estádio corintiano, na Copa Libertadores da América) sobrevoou o estádio da Zona Leste.

O Palmeiras também alçou voo no Campeonato Brasileiro. A primeira vitória fez a equipe atingir os 5 pontos ganhos depois dos empates por 2 a 2 com os reservas Atlético-MG e por 0 a 0 com o Joinville (sem torcida) – no fim de semana, houve derrota por 1 a 0 para o Goiás. Na quinta-feira, o compromisso também será contra um adversário gaúcho, o Internacional, no Palestra Itália.

O jogo – O clássico começou tão intenso quanto o foguetório que o Corinthians promoveu após a execução do Hino Nacional Brasileiro. Em pouco mais de um minuto, o goleiro Fernando Prass deixou a área do Palmeiras para disputar a bola com Petros e para reclamar de uma lata arremessada em campo.

O ímpeto dos jogadores e torcedores do Corinthians, no entanto, não assustou o Palmeiras. Com o meio-campo povoado, aproveitando-se da desorganização do rival, a equipe dirigida por Oswaldo de Oliveira logo começou a fazer o goleiro Cássio também suar a camisa.

Quando conseguia dominar a bola – o que parecia uma tarefa difícil para ele –, o atacante Kelvin articulava boas jogadas para o Palmeiras. Saiu do pé dele, logo aos três minutos, um chute de longa distância que passou muito perto do travessão corintiano.

O Corinthians respondeu com Renato Augusto, que atuava quase como um segundo atacante na nova tentativa do técnico Tite de encontrar um padrão tático para o seu time. O meia invadiu a área pela esquerda com relativa liberdade, mas parou na segura saída de gol de Fernando Prass.

Aos 24 minutos, o ataque do Palmeiras também funcionou. Petros – pouco antes, elogiado por torcedores por um desarme na lateral esquerda – atrapalhou-se em uma disputa de bola com Valdivia, que tocou para Kelvin cruzar da direita. Dentro da área, Rafael Marques aproveitou que a defesa do Corinthians (Cássio, inclusive) estagnou para cabecear para a rede.

O gol desestabilizou o Corinthians. Em sua 150ª partida pela equipe, o zagueiro Gil não conseguia mais esconder a sua irritação pelas dificuldades que encontrava na saída de jogo. À sua frente, Ralf, Petros e Bruno Henrique não se encontravam da intermediária defensiva à ofensiva.

Também para tentar corrigir o problema, Cássio insistiu na ligação direta para Ángel Romero. Só que, como Tite lembrou antes do clássico, “Romero não é Guerrero”. O paraguaio até caía em campo e reclamava como o peruano, mas não tinha imposição física para fazer o pivô. Funcionava melhor em algumas raras tabelas pela direita.

Nesse cenário, o Palmeiras manteve a tranquilidade e nem precisou se expor tanto para alcançar o segundo gol ainda no primeiro tempo. Aos 46 minutos, Zé Roberto recebeu a bola de Valdivia, ganhou as disputas de bola com o perdido Edu Dracena e Cássio e completou de cabeça para a rede.

A torcida da casa, então, perdeu a paciência. A lata arremessada para incomodar Fernando Prass, no princípio do clássico, deu lugar a uma bateria de telefone celular para extravasar a revolta com o Corinthians. Os organizados ainda encontraram uma nova ocupação no intervalo – cobrar o time e principalmente o presidente Roberto de Andrade.

Procurando dar uma resposta rápida ao problema, o Corinthians não demorou muito no vestiário, onde Tite resolveu trocar o volante Ralf pelo atacante colombiano Stiven Mendoza. Do lado do Palmeiras, Zé Roberto fez o papel de veterano e aconselhou a sua equipe a respeitar o momento do rival – além de manter a consistência no segundo tempo.

Ser sereno era uma missão mais complicada para o Corinthians. Os donos da casa reiniciaram o jogo com mais disposição, com direito a algumas encaradas de Romero em seus marcadores. E até trouxeram alguns torcedores para o seu lado com uma e outra investidas. Aos 12 minutos, por exemplo, Renato Augusto fez boa enfiada de bola para Mendoza, que finalizou para fora.

Percebendo que aquilo era insuficiente para mudar o clássico, o Tite trocou Petros por Danilo aos 20 minutos. E abriu mão de mandar a campo também o meio-campista Elias, convocado para defender a Seleção Brasileira na Copa América, para mudar um lateral direito por outro – Fagner cedeu lugar a Edílson.

No Palmeiras, Oswaldo também mexeu no lado do campo, substituindo Lucas por Ayrton – mais tarde, Arouca e Kelvin deram as suas vagas a Amaral e Leandro. Ele não precisava pensar tanto em modificações, visto que o seu time só era ameaçado em algumas ocasiões e ainda tinha os contra-ataques a favor. O máximo que o rival fez até o terceiro fracasso consecutivo em Itaquera se consumar foram arrancadas em velocidade com Mendoza, dribles infrutíferos de Romero e una tentativa de cavar um pênalti com Danilo.

Os minutos finais de clássico serviram para a torcida do Palmeiras gritar "olé" para a troca de passes de sua equipe. A gozação acabou abafada pela indignação do público rival, que usava rimas já tradicionais para ameaçar diretoria, técnico e jogadores de um Corinthians em crise.

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