Oswaldo de Oliveira chegou confiante e bem-humorado ao Corinthians. Oficialmente apresentado pelo presidente Roberto de Andrade na tarde desta sexta-feira, no CT Joaquim Grava, o técnico campeão mundial de clubes de 2000 chegou até a fazer referências àquele profissional que ganhou o mesmo torneio da Fifa em 2012. “Depois do Tite, quem mais realizou no Corinthians, modéstia à parte, fui eu. Pelo menos, merecia respeito dessas pessoas”, cobrou Oswaldo, em um dos diversos momentos em que ergueu a voz, gesticulando, para defender a sua trajetória.
O apego ao currículo não era sem motivo. Com uma campanha ruim a serviço do Sport no Campeonato Brasileiro, Oswaldo despertou rejeição quando a sua contratação foi efetivada pelo presidente Roberto de Andrade. Contrário à escolha, o diretor de futebol Eduardo Ferreiraresolveu se desligar do Corinthians. Entre os torcedores, houve revolta generalizada nas redes sociais.
Oswaldo não se abalou. “Quem faz política é o presidente”, avisou, sobre a controvérsia administrativa. “E são um pouco dúbias essas pesquisas com os torcedores. Qual treinador seria mais indicado do que um campeão brasileiro, paulista e mundial pelo Corinthians, com uma identificação tão grande? Porque encontro torcedores no Brasil inteiro, no Japão e em Londres e sempre recebo um sorriso e um agradecimento por 2000. Então, esse tipo de coisa não faz sentido para mim”, bradou.
De 2000 a 2016, os torcedores do Corinthians se mostraram mais exigentes. O público que sempre foi elogiado por jamais deixar de apoiar o time no decorrer dos jogos deu vários sinais de impaciência ao longo da atual temporada. Na arena de Itaquera e não mais no estádio do Pacaembu, chamou Cristóvão Borges de “burro” e tem se manifestado com veemência sempre que o volante Willians é orientado a entrar em campo, por exemplo.
“Amigão, eu me acostumei mesmo com aquela torcida de 2000, e não é nem um pouquinho diferente dessa. Já enfrentei o Corinthians em Itaquera umas quatro vezes e sempre senti uma pressão muito grande. Isso vai ser favorável ao Corinthians, e não contrário. Pode haver uma insatisfação aqui e ali, mas o arcabouço total é a nosso favor. O resto é detalhe”, contestou Oswaldo, sorrindo.
O que não representam meros detalhes para o treinador são as suas memórias dos torcedores corintianos quando sucedeu Vanderlei Luxemburgo no clube, entre 1999 e 2000. No Mundial de Clubes, empolgou-se quando o grito de “Todo-Poderoso Timão”, ecoou das arquibancadas do Maracanã, na final contra o Vasco. E, após a disputa de pênaltis, fingiu abraçar a torcida para comemorar o título do gramado.
“Corintiano que é corintiano tem que somar, participar positivamente, como aprendi aqui. O torcedor sempre teve pontos de discordância, mas a imagem que tenho é do dia 14 de janeiro de 2000, com 25.000 corintianos dando origem ao Todo-Poderoso Timão. É disso que me lembro. Comecei a minha carreira de treinador aqui. Em nove meses, fui campeão paulista, brasileiro e mundial. Então, a receptividade tem que ser muito favorável”, pediu, confiante.
Oswaldo de Oliveira tem consciência, contudo, de que só palavras não bastarão para reconquistar toda a torcida. Ele voltou a mencionar o técnico da Seleção Brasileira ao falar pela última vez sobre a desconfiança de quem estará nas cadeiras de Itaquera em sua estreia, contra o América-MG, no domingo.
“Quando o time andou mal, até o Tite foi contestado. A questão é ausência de vitórias mesmo”, simplificou o campeão do mundo de 2000, mencionando ainda o técnico que conquistou os históricos títulos estaduais de 1954 e 1977 pelo Corinthians em sua observação. “O Corinthians teve timaço em cima de timaço nos últimos anos. Agora, em um período de transição, com as vitórias não vindo, qualquer um que estivesse aqui seria vaiado. Até o meu xará, Oswaldo Brandão”.