Pelo segundo Mundial consecutivo, a seleção brasileira masculina de vôlei acabou com o sonho de um inédito título da Sérvia e Montenegro. Assim como ocorreu na Argentina-2002, os europeus (que na época competiam como Iugoslávia) foram eliminados pela equipe de Bernardinho na semifinal da competição. Desta vez, o placar foi de 3 sets a 1, parciais de 25/20, 15/25, 25/22 e 25/12.
O duelo da madrugada deste sábado foi marcado pelos altos e baixos das duas equipes. No começo, os brasileiros se destacaram logo após a segunda parada técnica. O 1 a 0 no placar, porém, relaxou a equipe que tomou um grande baque no segundo set. Mais atento, o Brasil não deu nova chance para os sérvios e venceu bem as duas etapas seguintes, alcançando mais uma final de Campeonato Mundial.
Curiosamente, a Sérvia e Montenegro não terá mais chance de vencer os brasileiros. Após um plebiscito realizado este ano no país, foi decidida e a divisão política e, a partir de 2007, a seleção vira apenas Sérvia. Desde a mudança de nome, em 2003, as duas equipes se enfrentaram cinco vezes, sempre com vitória para os sul-americanos.
Em sua última tentativa, os sérvios e montenegrinos apostaram na estratégia de anular Giba, sempre sacando no atacante brasileiro. Massacrado pelos adversários, o paranaense realmente teve muito trabalho nesta semifinal, mas, com grande habilidade, conseguiu se manter bem na partida e ainda marcou 19 pontos. Destaque ainda para o habilidoso levantador da Sérvia Nikola Grbic e para o astro Miljkovic, que deu muito trabalho para a defesa brasileira.
Agora, o time de Bernardinho encara a invicta Polônia na disputa pelo seu segundo título mundial. Vice em 1998 e quarta colocada em 2002, Sérvia e Monetengro amarga mais uma vez a disputa pela terceira colocação. A decisão começa às 8h30 (de Brasília) deste domingo.
O jogo- Alternando saques fortes e ataques pontos, Brasil e Sérvia e Montenegro iniciaram uma partida com completo equilíbrio. As equipes trocavam pontos e o time do Leste Europeu passou pela primeira vez à frente com um 7 a 6. Os brasileiros, porém, não se desconcentraram e, com uma pancada de André Nascimento, abriram vantagem de 11 a 9.
Por muito pouco, a Sérvia não empatou o jogo em 14 a 14, mas um belo bloqueio de André Heller e André Nasicmento manteve a equipe nacional em vantagem até o segundo tempo técnico. A pausa fez bem ao time de Bernardinho que na volta conseguiu três pontos consecutivos, vantagem que acabaria decidindo a etapa.
Até a sorte estava ao lado do Brasil. Ao ser bloqueado na tentativa do 20º ponto brasileiro, Giba recebeu uma bolada na cabeça que acabou voltando à quadra rival e caindo no chão. Necessitando da virada, os adversários passaram, sem sucesso, a forçar o saque e, em uma ataque para fora do astro Miljkovic, o Brasil fez 25/ a 20 e fechou o primeiro set.
Logo na começo da segunda etapa, o Brasil iria empatar o jogo em 2 a 2 em um ataque, mantendo o equilíbrio. Porém, o juiz mandou voltar o lance, desconcentrando a equipe e provocando um verdadeiro ‘apagão’ nos jogadores nacionais. Melhor para a Sérvia que, após uma série de saques que tiraram a velocidade de Giba, abriu uma vantagem de 6 a 1 no placar.
Errando muito, os brasileiros eram os maiores responsáveis pela vantagem adversária: quando a Sérvia tinha 14 a 6 no placar, nada menos que 50% de seus pontos ds rivais tinham sido conquistados em falhas verde-amarelas. Bernardinho ainda tentou a inversão, colocando Anderson e Marcelinho respectivamente no lugar de Ricardinho e André Nascimento, mas a medida não foi suficiente.
Experiente e com a base do Mundial de 2002 e das Olimpíadas de 2000, quando foi campeã, a Sérvia administrou muito bem a vantagem. Com atuação apagada dos centrais e bloqueio ineficientes, a seleção brasileira não foi capaz de reagir e, jogando muito, os sérvios fecharam em 25/15 em um rápido ataque pelo meio.
Após a contudente derota, o técnico Bernardinho teve uma conversa particular com o capitão e levantador Ricardinho e desfez a inversão. Mostrando novo ânimo, o time nacional conseguiu reequilibrar o duelo. Na volta da primeira pausa técnica, o Brasil ainda deu um ponto de graça aos rivais ao errar o rodízio. Só que, ao contrário do set anterior, o lance não abalou o time, que logo em seguida abriu quatro pontos de vantagem (11 a 7).
Acionando mais André Nascimento e Dante no ataque, o Brasil foi caminhando tranquilo para o 2 sets a 1. O susto, entretanto, veio no final da etapa. Com 24 a 20 no placar, os campeões olímpicos permitiram uma reação dos europeus que, após uma bola dividida pelo alto da rede, chegaram a se aproximar perigosamente em 24 a 22. Mas no lance seguinte, após um rali, Dante espertamente usou ao bloqueio para fazer 25/22 e 2 a 1 nos sets.
Empolgado pela vitória, o Brasil então iniciou seu melhor set de maneira mais uma vez igual. Porém, o bloqueio finalmente apareceu e começou a dar mais trabalho para o ataque rival e, com excelente média de aproveitamento dos atacantes, a equipe nacional logo abriu uma bela vantagem de 17 a 10.
O retorno do paredão provocou grande vibração na equipe, desestabilizando a Sérvia. Aí, nada mais pôde impedir a vitória brasileira, conquistada após uma bola fora após recepção ruim dos europeus. Esta será 20ª final em 21 torneios disputados na Era Bernardinho, que jamais voltou de qualquer competição sem uma medalha no peito.