Eles já fazem parte da história do paradesporto de Mato Grosso. São os primeiros tenistas em cadeira de rodas a representar o Estado em uma competição nacional. Emanuel Jesus, 15 anos, e Fernando Gomes, 16 anos, não querem só participar nas Paralimpíadas Escolares. Eles treinam firme até o início da competição que ocorre em São Paulo, no mês de novembro.
Os garotos – que são alunos da Associação de Espinha Bífida de Mato Grosso – treinam duas vezes por semana no Ginásio Poliesportivo Professor Aecim Tocantins, no bairro Verdão, em Cuiabá. Emanuel e Gomes são comandados pelo experiente professor Sérgio Alves dos Santos, que veio direto do Rio de Janeiro para difundir a modalidade em Mato Grosso.
No primeiro momento a proposta é que eles passem a bola, de um lado da rede para o outro, o maior número de vezes possíveis. O professor também trabalha a coordenação e agilidade dos jogadores em quadra. “Bate na bolinha mais suave”, “Olha o movimento com a raquete”, “Sem força, sem força, sem força”, repete Sérgio durante os treinos.
A vontade dos meninos impressiona. Emanuel, por exemplo, se desloca de ônibus da sua casa até o ginásio para treinar. O trajeto leva cerca de uma hora e é dividido em duas partes. Primeiro ele sai de sua casa sozinho, vai até o ponto de ônibus e pega a condução rumo ao centro de Cuiabá. Do outro lado da cidade, sua mãe, Maria de Fátima, faz a mesma coisa. Ela sai do serviço, no CPA 3, pega o ônibus e encontra o filho no centro da capital. Juntos, seguem para o ginásio Aecim Tocantins, onde Emanuel quase sempre chega em cima da hora.
Nos treinos Emanuel se esforça, repete os movimentos por várias vezes e tenta acertar a bolinha da maneira mais correta. Nem sempre acerta, mas quando consegue ganha um grande incentivo do técnico. “Isso garoto! Muito bom”, comemora Sérgio. Como treina há mais tempo, Emanuel está mais familiarizado ao esporte em relação ao Fernando.
Ele acredita que é capaz, muito capaz. Principalmente depois do que assistiu nas Paralimpíadas do Rio de Janeiro e percebeu que tem gente com deficiência bem maior do que a dele e consegue fazer coisas incríveis no esporte. “Quando eu assisto esses jogos na TV eu me imagino lá, representando o meu país”, conta o menino.
Já o outro jogador, Fernando Gomes, de 17 anos, pratica esporte desde criança. Ele começou na natação aos quatro anos, depois foi para o basquete, tênis de mesa e agora parece que se encontrou no tênis em cadeira de rodas. O garoto se diz apaixonado pela modalidade e garante: “um dia ainda vou representar o meu país nas Paralímpiadas”.
Desde mais novo ele tem a ideia fixa de ser um paratleta, mas esse sentimento se consolidou de vez depois que ele teve a experiência de ir até o Rio de Janeiro assistir as Paralímpiadas. Ficou deslumbrado com a estrutura de competição e principalmente com o que os paratletas de alto nível podem fazer.
Mas, o seu primeiro objetivo é treinar para as Paralímpiadas Escolares em São Paulo. Gomes tem que correr contra o tempo, já que começou depois de Emanuel. Vontade não lhe falta. Ele se concentra, escuta atentamente as orientações do técnico e tenta executá-las da melhor maneira possível. Não tem sido fácil, mas ele está determinado a ser um bom jogador. “Tudo no começo é difícil para todo mundo. Acredito que com o tempo eu vou superar essas dificuldades e jogar bem melhor”.