Divulgada no início da tarde desta sexta-feira, no site da Federação Paulista de Futebol, a súmula da partida entre Mogi Mirim e Santos, realizada quinta à noite, no Estádio Romildão, não registrou o ato de racismo praticado contra o volante Arouca, da equipe alvinegra. O santista se encaminhava aos vestiários e concedia entrevista quando um grupo de dez torcedores proferiu as ofensas. Como o árbitro Vinicius Gonçalves Dias não pôde observar o ocorrido, o Peixe se manifestou e confirmou o pedido por abertura de inquérito.
"O Santos repudia veementemente qualquer ato de violência seja verbal ou física, dentro e fora do campo. Essas atitudes racistas não podem e nem devem mais ficar impunes. É crime previsto em lei. Estamos encaminhando à Federação Paulista de Futebol um Pedido de Abertura de Inquérito para Apuração dos Atos de Discriminação contra o nosso jogador. Esperamos que o caso seja investigado e que não fique sem punição dos responsáveis", escreveu Odílio Rodrigues, presidente em exercício do Santos, em nota publicada no site oficial do clube.
Segundo o artigo 243 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), o registro de um ato de racismo, seja por atleta adversário ou por "considerável número de pessoas vinculado a uma mesma entidade" pode ocasionar multa ao clube e até perda de pontos. O meia Rivaldo, presidente do Mogi Mirim, já se manifestou contrariamente à chance de punição esportiva no caso ocorrido nesta quinta-feira, no Romildão.
Na súmula da partida, o árbitro Vinicius Gonçalves Dias escreveu no campo ocorrências/observações que "não houve nada de anormal". No momento das ofensas racistas, ele já estava dentro dos vestiários, e não pôde ver o ocorrido. O presidente santista Odílio Rodrigues, no entanto, anunciou a protocolação da ação no TJD-SP. Ainda não há prazo para julgamento.
"Em nome do Santos e da nossa torcida, declaro que estamos extremamente tristes e revoltados contra o ato de racismo sofrido pelo nosso estimado jogador Arouca, na partida contra o Mogi Mirim. O que era para ser um dia de festa e de alegria, com um belo jogo com cinco gols do Santos FC e dois do Mogi, inclusive com um golaço do Arouca, ficou para nós marcado por um grave ato de violência. Atitude de total desrespeito ao ser humano e ao atleta, inadmissível no mundo moderno, onde o preconceito, de qualquer forma, deve ser banido", escreveu o presidente santista.