Internacional, Cruzeiro, Santos, Ponte Preta e Figueirense decidiram entrar com recurso no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na tentativa de reverter a anulação dos 11 jogos do Campeonato Brasileiro apitados por Edilson Pereira de Carvalho. O grupo, que defende a tese de que cada partida deve ser analisada separadamente, cuida dos trâmites burocráticos a partir desta quarta-feira.
O STJD chegou até a montar uma comissão para analisar as fitas dos jogos, mas desistiu com a justificativa de que tinha dados suficientes para tomar sua decisão após o contato com a Polícia Federal, que investiga o esquema de corrupção.
“Na polícia, estão obtendo provas de forma sigilosa. Temos que analisar o processo que nós estamos envolvidos. O Estatuto do Torcedor diz que essas provas têm que ser públicas. Onde estão essas provas?”, questionou o presidente do Inter, Fernando Carvalho, em entrevista ao canal SporTV.
A decisão de entrar com uma ação conjunta no STJD foi tomada nesta terça-feira, em São Paulo, durante uma reunião do Clube dos 13. O São Paulo, que a princípio também seria favorável ao recurso, acabou ficando de fora do grupo.
“Não concordamos com a decisão pois não contempla a análise jogo a jogo. A lei é clara em dizer que não basta o árbitro querer anular o resultado, mas precisa conseguir obter êxito”, lembrou Carvalho.
“Não vamos entrar na Justiça comum. Respeitamos as esferas da Justiça desportiva. Como é uma decisão provisória e não nos agrada da forma como foi contemplada, então estamos procurando os meios legais. Queremos o direito de apresentar nossa defesa”, explicou.
Depois da liminar concedida no último domingo pelo presidente do STJD, Luiz Zveiter, o mérito em questão ainda precisa passar pelo Tribunal Pleno (equivalente à segunda instância). No caso, o recurso teria também que ser analisado pela comissão da entidade.
O Inter, que teve anulada a sua vitória por 3 a 2 sobre o Coritiba, perdeu a liderança da tabela depois da decisão do STJD. O Corinthians, que teve duas derrotas anuladas, assumiu a ponta da classificação.
Contrário
O Fluminense não vai participar da reunião dos membros do Clube dos 13. Para o assessor jurídico do clube, Marcelo Penha, a reclamação dos clubes não vai dar em nada.
“A posição do Fluminense está mantida. Apoiamos o que a CBF e o STJD decidiram. A reclamação não é do Clube dos 13, mas sim de alguns membros. Acho que isso vai tumultuar ainda mais o campeonato. Por isso, não vamos recorrer. É muito fácil jogar para a torcida, espernear, mas não há chance de conseguirem nada”, afirmou.
O dirigente disse que o escândalo da manipulação de resultados mancha a imagem do Brasileiro, seja qual for o final da história. “O Campeonato Brasileiro foi manchado. Agora não dá mais pra fazer nada em relação a isso”, disse.
Com a remarcação de duas partidas, contra Juventude e Brasiliense, o Fluminense terá despesas para jogar novamente. Contra o Brasiliense, o clube tricolor será mandante e ficará responsável pelos gastos com a organização. Já contra o Juventude, o clube viajará para Caxias do Sul, segundo destino mais distante do Rio na competição (só é mais perto do que Belém, onde o time enfrentou o Paysandu).
“Ainda não sabemos quem pagará os gastos com as partidas. Só saberemos quando o (presidente da CBF) Ricardo Texeira voltar do Uruguai. Gastaremos entre R$50 mil e R$60 mil reais para jogar em Caxias do Sul. Para a partida contra o Brasiliense, o gasto será de R$40 mil a R$50 mil”, explicou o dirigente.
Para jogar em Volta Redonda, o Fluminense terá uma despesa de R$20 mil com quadro móvel, R$7 mil com arbitragem, R$ 3,2 mil com exames anti-dopping, R$12 mil com confecção de ingressos. Além destes valores, o clube gastará ainda com concentração e transporte.
A CBF já marcou datas para a repetição dos jogos apitados por Edilson, pivô do escândalo de corrupção na arbitragem e que confessou ter recebido dinheiro de apostadores de sites ilegais para manipular resultados de jogos.