Em seu 100º jogo como treinador do Grêmio, incluída a primeira passagem, em 2010, Renato Portaluppi sentiu pela primeira vez o gosto da vaia. Apesar da insatisfação com o comandante, a torcida voltou a comemorar uma vitória no Brasileirão, depois de sete partidas. Rhodolfo compensou a incapacidade dos atacantes e fez de cabeça o gol que determinou a derrota do Vasco, por 1 a 0, na Arena. Foi o fim de uma seqüência de seis jogos sem marcar.
No primeiro tempo, o desenrolar do jogo ia dando aos torcedores a sensação de que uma vitória só seria obtida a muito custo, quem sabe fruto de alguma falha do adversário. Tudo porque o Grêmio atuava com lentidão e errava a maioria dos lances. Alex Telles, nervoso, falhou em duas jogadas consecutivas, que quase resultaram em gol do Vasco. Na primeira, a 16 minutos, só a envergadura de Dida impediu que o chute de Marlone entrasse no canto esquerdo. Na segunda, Edmilson bateu alto demais.
Os defeitos do Grêmio se estendiam aos demais setores. Riveros e Ramiro, os dois volantes mais moldados ao avanço, saíam de trás com lentidão. Zé Roberto buscava espaços pelos dois lados, mas pouco criava. Tudo isso resultava em um isolamento ainda maior de Kleber e Barcos. Quando, apesar de todas as suas carências, o time obteve dois escanteios seguidos, Alex Telles errou as duas cobranças e ouviu vaias. Nesse contexto, as únicas chances foram em passe de Pará, que Barcos dominou com dificuldade dentro da área e chutou sobre Jomar, e no perigoso chute de Zé Roberto em falta.
O Vasco ainda concluiu com Pedro Ken, aos 37 minutos, em defesa de Alessandro. Alex Telles redimiu-se parcialmente com a torcida em perigosa cobrança de falta, a 42 minutos.
Renato Portaluppi já esboçava mudanças no time, dando chance a Maxi Rodríguez e Elano, quando surgiu o gol do alívio. A 5 minutos, Zé Roberto bateu escanteio da esquerda e Rhodolfo, com energia, pulou mais alto do que o marcador e venceu Alessandro com seu cabeceio. Quebrava-se, ali, uma seca de 629 minutos (sem acréscimos) sem marcar.
Nem tudo, contudo, ficou em paz. A troca de Zé Roberto por Maxi Rodríguez, aos 15 minutos, fez ecoar gritos de burro pela Arena. Para a torcida, os dois meias poderiam atuar juntos.
Mais tranquilo, o Grêmio relaxou em campo. Apesar das investidas rápidas de Maxi Rodríguez pelo meio, não se via criação de oportunidades. Kleber e Barcos seguiam pouco inspirados. Pelos lados do campo, nada surgia. A 27 minutos, Pedro Ken arrancou com liberdade, mas bateu alto.
Quando voltou a acelerar o ritmo, o Grêmio teve chance de ampliar. A 30 minutos, Barcos, deslocado pela esquerda, fez a assistência, Maxi Rodríguez presentou Elano de cabeça, mas o meia desperdiçou na frente do goleiro. Pouco depois, Maxi optou pela conclusão, mas seu chute rasteiro foi para fora.
Como manter a vitória era só o que interessava, independentemente da circunstância, Renato terminou o jogo sem atacantes. Primeiro, trocou Kleber por Barcos. Depois, retirou Barcos e fechou a defesa com Werley. Mesmo assim, Maxi Rodríguez quase fez o segundo em jogada mágica, com "janela" no marcador. O chute, no entanto, não foi bom. A torcida, ainda assim, foi para casa feliz.