Há quem possa justificar a derrota gremista para o São Paulo-RG pelas péssimas condições do gramado do estádio Aldo Dapuzzo, em Rio Grande. Mas o fato é que o time de Enderson Moreira recuou e foi dominado no início do segundo tempo, momento em que sofreu os dois gols que definiram a derrota por 2 a 1, a segunda do time no Gauchão.
Antes do início do jogo, Enderson Moreira traçou um panorama das dificuldades que o gramado do Aldo Dapuzzo, em péssimas condições e castigado pela chuva da véspera, trariam às duas equipes:
— Está difícil de caminhar no campo, imagina jogar.
Desde o início, ficou claro que o piso seria um dos protagonistas da partida. Quando a bola não tinha seu trajeto interrompido pelas poças d'água, pipocava em um dos muitos buracos espalhados pelo piso irregular.
A bola aérea foi a alternativa buscada pelos dois times para superar os problemas do gramado. Após momentos iniciais de muita briga e pouca imaginação, o Grêmio tomou as rédeas da partida e avançou. Diante da dificuldade para construir jogadas trabalhadas, os cruzamentos para a área foram responsáveis pelas primeiras chances.
Aos 14, Wendell levantou da esquerda e, ao tentar afastar o perigo, Junior Sergipano cabeceou em cima de Riveros, que quase conseguiu alcançar a bola antes de Pablo sair bem para defender. Dez minutos depois, um lance simbólico: Barcos finalizou rasteiro na área e Pablo já estava preparado para fazer a defesa firme. No meio do caminho, porém, a bola passou por um buraco, subiu, e o goleiro do São Paulo teve de fazer um movimento com o ombro para impedir o gol.
Do meio para o fim da primeira etapa, os donos da casa reagiram e equilibraram as ações. A impossibilidade de trocar passes transformou o jogo em um festival de lançamentos longos dos dois lados. Havia movimentação e entrega dos dois lados, a despeito das limitações impostas pelo piso.
Aos 40, um raro lance de lucidez. Carlos Alberto deu um belo drible na marcação gremista pelo lado esquerdo e ficou em boas condições para finalizar, mas preferiu cruzar e pegou mal na bola, mandando direto pela linha de fundo.
O esboço de reação do São Paulo nos minutos finais do primeiro tempo se consolidou no início da segunda etapa. Enderson Moreira mudou o time no intervalo, sacando Zé Roberto e Barcos para as entradas de Dudu e Lucas Coelho, mas viu seu time recuado e com dificuldades para parar o adversário.
A pressão resultava em boas chances, como no chute cruzado de Murilo que obrigou Marcelo Grohe a fazer grande defesa, aos nove minutos. Era o prelúdio do que viria depois.
Aos 12, Nêgo fez boa jogada pela direita e cruzou rasteiro para Carlos Alberto, que antecipou-se à zaga e desviou para abrir o placar. Desvantagem que não acordou o Grêmio.
O lado direito do São Paulo trazia dificuldades para a marcação tricolor. Nêgo fez boa jogada individual e deu mais trabalho a Grohe, aos 17. Cinco minutos depois, em um contra-ataque rápido, Nata colocou a bola na frente e Wendell deu um carrinho, atingindo sua perna. O árbitro marcou pênalti, em meio à dúvida se a infração ocorreu dentro ou fora da área. Na cobrança, Murilo ampliou.
Só depois de sofrer o segundo gol que o Grêmio despertou para o jogo e tomou a iniciativa. Aos 41, Dudu diminuiu após chute de Riveros e defesa parcial de Pablo, mas não houve tempo para evitar a derrota.