Trinta e duas equipes iniciam a disputa pelo título mais cobiçado do continente americano: a Libertadores da América, que entrará em sua fase de grupos. Quatro deles em especial (Fluminense, Cruzeiro, São Paulo e Boca Juniors) largam na frente na corrida pela taça por trazerem em seus elencos jogadores com capacidade para desequilibrar uma partida, todos com um ponto em comum: a camisa dez.
“Esquecida” no futebol depois da fase áurea que viu desfilar pelos gramados estrelas do quilate de Pelé, Dirceu Lopes, Zico, Rivelino, Maradona entre outros talentos, a camisa mais mística do Planeta Bola reconquistou seu espaço na última edição da Libertadores da América graças a um jogador em especial: Juan Roman Riquelme.
Foi apoiado no talento de seu camisa dez que o Boca Juniors arrematou a taça em 2007. Com duas atuações de gala na final contra o Grêmio, Riquelme não deu chances aos brasileiros e levou os Xeneizes ao sexto título da competição. Se Riquelme repetir o desempenho neste ano, o Boca terá enormes chances de alcançar o também argentino Independiente como recordista de conquistas do torneio.
Riquelme terá pelo menos mais três concorrentes de peso, que também trazem no número das camisas que vestem a responsabilidade de comandarem suas equipes: Thiago Neves, eleito o segundo melhor meia do Brasileirão atuando pelo Fluminense, Wagner, principal peça do meio-campo do Cruzeiro, e Adriano, o Imperador, referência do ataque do São Paulo, atual bicampeão brasileiro e ansioso pela conquista do tetra.
A chegada de Adriano ao Morumbi foi a principal transação do futebol brasileiro em 2008. Repercutiu no mundo todo e mereceu elogios inclusive de um dos concorrentes do Imperador: Riquelme. Na opinião do craque argentino, o Tricolor parte como um dos favoritos ao título, justamente por ter repatriado o jogador da Inter de Milão.
“O River (Plate) vai brigar, o Estudiantes tem o Verón (meio-campista argentino), que é uma vantagem na Libertadores, e o São Paulo trouxe o Adriano, mas nós temos a obrigação de defender tudo o que ganhamos em 2007”, sintetizou o dez do Boca, citando os principais postulantes ao título em sua rápida análise.
Por outro lado, Santos e Flamengo, que têm gravado na história dois dos maiores ícones do número dez do futebol, Pelé e Zico, partirão para mais uma Libertadores da América “órfãos” de um nome de peso na posição. Na Vila Belmiro, Rodrigo Tabata, contestado por grande parte dos torcedores alvinegros, será o herdeiro da camisa do Rei do Futebol.
Pelo rubro-negro carioca, a ausência de um camisa dez será ainda mais sentida. Renato Augusto, considerado uma das maiores promessas da equipe, contundiu-se gravemente e precisou passar por uma cirurgia para a reconstrução da face. Para prestar homenagem ao atleta, a diretoria decidiu guardar o número dez, enquanto Renato Augusto não voltar a jogar, o que deve levar pelo menos três meses.
Foto: Fernando Pilatos/Gazeta Press
Em 2007, Riquelme, o 10 do Boca, foi o nome da final e ajudou time a levar taça
Outras forças: Mesmo sem terem à disposição um camisa dez com o mesmo peso de Riquelme ou Adriano, há times que não podem ser deixados de fora em qualquer análise pré-torneio e também pretendem cavar seu espaço entre os favoritos ao título de 2008.
É o caso dos argentinos River Plate, rival histórico do Boca, representado pelo experiente Ariel Ortega, Estudiantes, que aposta suas fichas no jovem Wilchez, e Arsenal, que chega como surpresa e credenciado pela conquista da última edição da Copa Sul-americana.
Sempre perigosos, os mexicanos, representados nesta edição por Atlas, América e Chivas Guadalajara, tentarão, pela primeira vez, arrematar o torneio. O América aposta na força de Cabañas, artilheiro da Libertadores 2007 com dez gols, e na experiência do zagueiro Sebastián Domingues, rotulado como “galáctico” do Corinthians na época da parceria com a MSI.
O Chivas Guadalajara, adversário do Santos, volta à Libertadores depois de um ano de ausência e sonha repetir o desempenho da primeira fase da competição de 2006, quando bateu duas vezes o São Paulo e chegou às semifinais, sucumbindo diante do próprio Tricolor.
Outro rival santista na primeira fase também aparece entre os “novos favoritos” à conquista da América: o Deportivo Cúcuta, da Colômbia. Estreante em 2007, o Cúcuta surpreendeu e, por pouco, não cavou uma vaga na decisão contra o Grêmio, ao abrir vantagem sobre o Boca Juniors na primeira semifinal (3 a 1), mas permitir a reação argentina no jogo da volta (3 a 0).
Fechando a lista de possíveis surpresas aparecem o Nacional, do Uruguai, eliminado pelo Cúcuta nas quartas-de-final em 2007, e duas equipes que farão da altitude nos jogos em casa sua grande arma: LDU (EQU) e Cienciano (PER), que mandam seus jogos em Quito e Cuzco, respectivamente. San Jose e Real Potosi, da Bolívia, também podem somar pontos na altitude, mas têm poucas chances de surpreender quando “descerem” para enfrentar os rivais em jogos disputados ao nível do mar.