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Falta de planejamento ameaça mobilidade urbana da Copa e Olimpíadas

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A falta de planejamento pode atrapalhar a mobilidade urbana para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. A avaliação foi feita à Agência Brasil pelo professor de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fernando Mac Dowell. Segundo ele, a esperança na área da mobilidade é o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que está assumindo a presidência da Autoridade Pública Olímpica (APO).

“Para fazer uma montagem dessas, você precisa ter um planejamento muito bem elaborado, que considere os prazos de estudos, projetos, as obras e os recursos necessários para sua realização”, disse Mac Dowell, que é doutor em engenharia de transportes.

Ele criticou o fato de que o legado que está sendo deixado pela prefeitura do Rio de Janeiro são apenas ônibus. “O Rio é o lugar que mais ônibus tem. É uma pena você ter oportunidade de fazer coisas que poderiam ter três vezes mais capacidade com quase os mesmos recursos”.

Como exemplo, citou o aeromóvel, sistema de transporte urbano automatizado, movido a ar, de concepção brasileira, que está sendo implantado em Porto Alegre (RS), para ligação entre o Aeroporto Salgado Filho e as estações da Empresa de Trens Urbanos da capital gaúcha (Trensurb). Ele afiançou que essa é uma obra rápida, barata e com elevada capacidade de transporte de massa.

O engenheiro defendeu o aeromóvel como sistema que poderia ser adotado em todas as cidades que irão sediar os jogos da Copa. “Com a vantagem de ser um sistema nacional, sem necessidade de pagar royalties.” Ele considerou um erro a escolha do modelo de transporte coletivo de média capacidade BRT (trânsito rápido de ônibus, da sigla em inglês). Esse sistema é constituído por ônibus articulados e foi implantado pela primeira vez no Brasil na cidade de Curitiba (PR), em 1979.

Responsável pela elaboração do plano B das Olimpíadas para o governo federal, o professor da UFRJ fez um estudo sobre as possibilidades de recursos por meio de parcerias público privadas (PPPs) e levou em consideração as tecnologias disponíveis: aeromóvel, monotrilho, trem de levitação magnética, BRT, metrô, veículo leve sobre trilhos (VLT). A conclusão foi apresentada e aprovada em Brasília por diversos órgãos, entre os quais os Ministérios das Cidades e do Esporte. “E foi aí que o aeromóvel surgiu com força muito grande”.

No sistema BRT, o governo entra com 95% e a iniciativa privada com 5%, enquanto no modelo do aeromóvel, o governo colocaria 30% dos investimentos necessários e o setor privado 70%. “Com isso, conseguiríamos ampliar a quantidade de possibilidades de sistemas de transporte de massa e, até, o metrô. Por isso, a linha 4 do metrô do Rio de Janeiro foi feita”.

Mac Dowell criticou os governos fluminense e carioca que “não querem nem saber o que é (o sistema do aeromóvel)” e que, em contrapartida, ficam entusiasmados com o monorail (monotrilho ou ferrovia constituída por um único trilho). Segundo ele, um carro do monotrilho, com 12,5 metros de comprimento, custa US$ 2,4 milhões, enquanto que o aeromóvel tem custo de R$ 1,4 milhão e possui 25 metros.

“Nós estamos perdendo uma grande oportunidade, em quase todas as capitais, que optaram pelo BRT”, apontou o especialista. De acordo com ele, o custo de um BRT é de R$ 1,5 bilhão, “porque está fazendo três mil desapropriações”. Para Mac Dowell, “fica claro que houve mais partidarismo nessas escolhas, do que estudo”.

A esperança de os projetos de mobilidade chegarem a bom termo, na sua opinião, é a nomeação de Henrique Meirelles para a presidência da APO. “Na minha opinião, vai ser a salvação desse processo. Essa pessoa é competente e já mostrou isso. Acredito que vai se cercar de técnicos capacitados e ele vai conseguir atingir o objetivo”.

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