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Estudante percorre 20 quilômetros para jogar futsal em Várzea Grande

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“O futsal para mim é tudo. É através dele que conheço pessoas e viajo para vários lugares”. Essas são as palavras de Giovanna Gabriela, 13 anos, goleira da seleção de futsal de Várzea Grande, que participa da fase estadual dos Jogos Estudantis realizados em Campo Novo do Parecis.

De origem humilde, Gabriela vem da comunidade de Ribeirão dos Cocais, que pertence ao município de Nossa Senhora do Livramento (60 km de Cuiabá). Ela foi descoberta pelo técnico Gilson Luiz de Freitas, que a levou para a seleção várzea-grandense. E no jogo contra o forte time de Primavera do Leste, que ocorreu ontem, Gabriela fechou o gol e ajudou sua equipe a sair vitoriosa da quadra.

A menina adora jogar futsal, mas a rotina dela não é fácil para manter a paixão. Para continuar treinando com o time Gabriela tem que percorrer uma 20 quilômetros, distância entre a comunidade Ribeirão dos Cocais e a quadra de esportes do colégio, o IVE, em Várzea Grande. O talento da jovem no futsal lhe rendeu uma bolsa para estudar na instituição.

Quem ajuda Gabriela no transporte é a família da Emanuelly Arruda, outra jogadora de Várzea Grande. Ela e Gabriela são vizinhas na comunidade de Ribeirão dos Cacais e amigas inseparáveis. Aonde uma vai a outra vai atrás. “Quando eu viajei para o Rio de Janeiro com os meus pais a Gabriela foi junto”, contou Emanuelly.

Mas além da distância, Gabriela ainda precisa conciliar o futsal com as atividades na roça. Ela ajuda a família na catação de verduras e pequis. A renda é pequena, mas o dinheiro contribui no sustento da casa, pois ela ainda tem mais quatro irmãos pequenos.

Por meio do esporte, Gabriela já conheceu algumas cidades de Mato Grosso e do Brasil. Este ano, por exemplo, esteve em Fortaleza (CE) para disputar os Jogos Escolares da Juventude etapa 12 a 14 anos. O time de futsal do colégio IVE – que é a base da seleção de Várzea Grande – saiu vitorioso da competição nacional.

Para a menina o futsal é tudo na vida e diz que se não fosse o esporte provavelmente estaria fazendo o que não devia. “Eu ia ficar andando à toa na rua”. Mas a escola durante o período da manhã e o contra turno do futsal à tarde não permitem que Gabriela fique ociosa.

A jovem goleira foi revelada pelo time de futsal da escola Amarilio Gomes, um projeto do professor José Eugênio que leva esporte para a criançada da comunidade de Ribeirão dos Cocais. Gabriela participou com o time em um campeonato em Várzea Grande e o talento dela e da amiga Emanuelly despertou o interesse do treinador Gilson, que levou as meninas para a seleção várzea-grandense.

Para Gilson, são exemplos como o de Gabriela que faz o esporte valer a pena e seguir com os projetos adiante. Ele também destacou que competições como os jogos estaduais são instrumentos importantes para manter os alunos com atividades esportivas durante todo o ano. Conforme o professor, isso faz com que os estudantes ocupem o tempo deles no contra turno escolar, em razão dos treinos. “Isso significa menos crianças e adolescentes na rua”.

Os jogos prosseguem, hoje, com os confrontos das quartas de final. Esse é o quarto dia de competições na cidade de Campo Novo do Parecis. Na quinta-feira (10) começa a disputa do atletismo.

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