Com um gol de Diego Souza, aos 42min do segundo tempo, o Grêmio venceu o Atlético-MG, por 1 a 0, no duelo entre os dois últimos campeões da Série B, na tarde deste sábado, no Mineirão, e em jogo fraco, que expôs a dificuldade ofensiva das duas equipes. Com o resultado, o tricolor gaúcho quebrou um tabu de 23 anos, em que não vencia o time atleticano, no Mineirão, além de conseguir o seu primeiro triunfo longe de Porto Alegre no Brasileirão.
Para o Atlético, foi o segundo castigo no final de um jogo em casa. Na última quarta-feira, vencia o Flamengo até os 47min do segundo tempo, quando sofreu o gol de empate. Nesse sábado, foi pior, já que o time empatava em 0 a 0 e acabou derrotado. O torcedor atleticano vaiou muito o seu time. O tricolor gaúcho, por sua vez, manteve sua invencibilidade após a Libertadores, já que não perdeu nas quatro vezes que jogou pelo Brasileiro com o time considerado titular.
Antes do jogo uma polêmica entre os líderes da Galoucura, maior facção de torcida organizada do Atlético-MG, e o presidente Ziza Valadares, que trocaram acusações em entrevistas, ao vivo, por emissoras de rádio de Belo Horizonte. A Galoucura realizou um protesto contra a desorganização na venda de ingressos nos jogos do time, além do elevado preço dos bilhetes cobrados pelo clube. Com faixas, bandeiras e a batucada, os integrantes da organizada não entraram no Mineirão para ver o jogo, ficando durante a partida no hall de entrada do estádio.
Com a bola rolando, o que os torcedores de Atlético e Grêmio viram foi um jogo truncado e monótono, em que a fragilidade ofensiva de ambos ficou evidente. Afinal, o Grêmio tem um dos piores aproveitamentos de ataque no Brasileiro, agora com nove gols em 10 jogos (0,9 por partida), enquanto o alvinegro, que marcou um pouco mais, fez 13 gols, mas nenhum de seus camisas 9. O centroavante da vez, Vanderlei, teve nova atuação muito ruim e saiu vaiado.
Com ataques fracos e muita marcação, o jogo ficou pobre, principalmente no primeiro tempo, onde a lentidão gremista se contrapunha à tentativa de velocidade dos baixinhos jogadores atleticanos. A rapidez, no entanto, era desperdiçada pelo excesso de passes errados, que jogava por terra boas possibilidades de ataque. Já o Grêmio recorria às bolas aéreas ou às finalizações de longe.
O técnico Zetti, no retorno dos times para o segundo tempo, admitiu que o jogo estava complicado, mas culpou o posicionamento excessivamente defensivo do adversário. “O nosso posicionamento está bom, mas o jogo está complicado, o Grêmio com três zagueiros, quatro jogadores no meio-campo, fechado e esperando o nosso erro para contra-atacar. É preciso ter calma e paciência”, afirmou.
A torcida atleticana até que teve paciência. Mas os jogadores, em campo, não ajudaram. Sem Coelho e Marcinho, suspensos, e Rafael Miranda, contundido, o time ficou sem criatividade e força ofensiva. Com o resultado, o Atlético se manteve com 12 pontos e vai perder posições, enquanto o Grêmio passou a 16 pontos e melhorou sua situação na tabela.
O Grêmio, que voltou a Porto Alegre com três pontos receberá o Palmeiras, na próxima rodada, no Estádio Olímpico, quando tentará aumentar para cinco o número de jogos sem perder. Já o Atlético terá de buscar em Recife, contra o Sport, o fim da série de quatro jogos sem triunfo e tentar buscar sua reabilitação.
O jogo
Pressionado pela necessidade de vitória, em casa, o Atlético começou buscando o ataque de tal forma, que o Grêmio não conseguia deixar o seu campo defensivo. Logo a 1min, Luisinho Netto cobrou na barreira uma falta perto da área gremista. Aos 5min, Danilinho fez bonita jogada individual, pela direita, e tocou na medida para Tchô, que bateu certo, mas o lateral-direito Patrício salvou o gol, tirando a bola quase em cima da linha.
Antes desse susto, o Grêmio tinha perdido o lateral-esquerdo Bruno Teles, que caiu sozinho e torceu o joelho esquerdo. Ele teve de deixar o campo, na maca, aos 4min, sendo substituído por Thiego. A pressão atleticana não demorou a acabar. Aos poucos, o time visitante equilibrou a situação. O panorama em quase toda a etapa inicial foi de um jogo truncado, caracterizado especialmente pela ineficácia dos dois ataques.
As defesas levavam vantagem e desarmavam os atacantes adversários com alguma facilidade. Os goleiros pouco trabalharam. Saja, do Grêmio, limitou-se a cortar cruzamentos e a pegar bolas atrasadas. Diego ainda fez duas defesas fáceis, em chutes de Diego Souza e Ramon, aos 40min e 41min. Nos 45 primeiros minutos, o tricolor gaúcho finalizou cinco vezes, uma a mais que o alvinegro mineiro.
“Foi um jogo truncado, pegado, temos que caprichar mais no último passe”, afirmou o volante Sandro Goiano, capitão gremista, ao término da etapa inicial. “É o momento de ter personalidade, de jogar, porque é só jogando que vamos chegar ao gol. É o momento de chamar a responsabilidade”, devolveu o zagueiro Marcos, capitão atleticano.
Os dois times voltaram com as mesmas formações para o segundo tempo. Mas, aos 7min, o volante Sandro Goiano deixou o gramado contundido, sendo substituído por Kelly. A entrada do meia, ex-jogador do Cruzeiro, tinha sido anunciada na véspera e foi uma tentativa de Mano Menezes de tornar a sua equipe mais ofensiva, até porque o Atlético, a exemplo da primeira etapa, pouco ameaçava o gol de Saja.
E o Grêmio passou a ter uma presença mais constante no ataque do que o time da casa, que voltou com os mesmos defeitos do primeiro tempo: excesso de individualidade, falta de criatividade e muitos erros de passe. Sem Coelho, suspenso, as bolas paradas, que ficaram a cargo do substituto dele, Luisinho Netto, também não tiveram êxito.
O Grêmio teve boa chance para marcar, aos 14min, quando Ramon, livre, na área atleticana, cabeceou fraco, facilitando a defesa de Diego. Logo depois, Vanderlei deixou o campo, muito vaiado pela torcida e foi substituído pelo jovem Paulo Henrique, que em sua primeira participação no jogo, aos 17min, com o gol livre, finalizou mal e mandou a bola para fora, sem goleiro. Aos 34min, Ramon desperdiçou grande chance para o Grêmio e aos 42min, Diego Souza, em jogada individual,fez um belo gol, garantindo a vitória.