O trauma da derrota para o Atlético-MG que tirou o Palmeiras da Libertadores deste ano foi vingada neste sábado. No mesmo Palestra Itália em que perdeu em dezembro de 2007, o Verdão devolveu o placar de 3 a 1, de virada, e segue na liderança do Campeonato Brasileiro, agora com os mesmo 53 pontos do Grêmio, mas ainda melhor no número de vitórias.
O duelo válido pela 28ª rodada teve dois personagens decisivos: Marques e Denílson. O atleticano era o destaque do confronto e aproveitou falha de Mauricio para dar o passe para Renan Oliveira abrir o placar aos 32 minutos do primeiro tempo. O ídolo do Galo, no entanto, se tornou vilão ao ser expulso por falta desnecessária no meio-campo aos 37 minutos. O suficiente para o Verdão se animar.
Antes do intervalo, Leandro empatou aos 43 minutos. Já na segunda etapa, Denílson entrou em campo e em seu primeiro lance cruzou para Alex Mineiro fazer aos 17. Bem em campo, o meia-atacante achou Kléber na área aos 33. O atacante chutou em cima do goleiro Juninho, mas o rebote ficou para Denílson deixar o seu diante do gol vazio.
Animado pela vitória e os gritos de “campeão” que dominaram o Parque Antártica, o Palmeiras visita o Figueirense às 22 horas desta quarta-feira. Já o Atlético Mineiro joga no próximo sábado, às 18h20, contra o Flamengo no Maracanã.
O jogo: Mesmo jogando em casa, Wanderley Luxemburgo preferiu deixar sua zaga, que não sofria gols há seis jogos, mais protegida. Sem contar com Roque Júnior, que sentiu pancada na coxa em sua estréia na quarta-feira, o técnico manteve Maurício como líbero no trio defensivo ao lado de Gustavo e Martinez, todos protegidos por Sandro Silva e Pierre.
Já o Atlético teve como única novidade o lateral-direito Sheslon, que desembarcou de Belo Horizonte neste sábado para substituir Mariano, afastado da partida por ter abandonado a concentração na véspera do duelo. Os mineiros, contudo, estavam mais preocupados com o ataque.
Marques e Jael, auxiliados por Renan Oliveira, tinham a missão de manter Elder Granja e Leandro presos na defesa e fazer pressão sobre os zagueiros palmeirenses. A alternativa deu certo. A opção do time de Marcelo Oliveira, no entanto, deixava os meio-campistas mandantes livre para trabalhar. E Diego Souza e Sandro Silva tinham espaços para puxar contra-ataques.
Com sete minutos de jogo, o Verdão já havia desperdiçado duas grandes chances. Aos quatro, em descida pela esquerda, Diego Souza venceu disputa com a zaga e rolou para Kléber bater da marca de pênalti e obrigar Juninho a fazer grande defesa com o pé. Três minutos depois, o camisa 7 lançou Alex Mineiro. Livre na área, o artilheiro demorou para concluir e chutou em cima da zaga.
Atordoado com a subida dos meio-campistas alviverdes, os visitantes já não deixavam os laterais adversários tão bem marcados e Elder Granja criou outra boa oportunidade aos 12 minutos. Partindo da direita para o meio, o camisa 2 tabelou com Alex Mineiro e entrou na área. A zaga cortou e o atacante aproveitou rebote com chute no ângulo que Juninho foi buscar para salvar o Galo.
O susto fez Marcelo Oliveira mudar a estratégia no Palestra Itália e segurar os volantes de Luxemburgo da mesma maneira que fez com os laterais: pressão. Os alvinegros adiantaram a marcação e Sandro Silva já não passava do meio-campo. A troca de passes dos paulistas já não era tão tranqüila. Para piorar, Diego virou atacante ao lado de Alex Mineiro e Kléber passou a buscar a bola, sem ninguém para tabelar.
Com mais posse de bola, mas preso em seu campo ofensivo, o Palmeiras sentiu do próprio veneno. O volante Márcio Araujo caminhava com tranqüilidade até a entrada da área de Marcos e assim criou boa chance aos 21 minutos, quando revê cruzamento para Jael cortado por Marcos.
Pela esquerda, o Galo também via Marques crescer diante da marcação de Pierre e Elder Granja. Quem mais ajudou o ídolo mineiro, porém, foi Maurício. Com um erro fatal. Aos 32 minutos, o zagueiro tentou proteger a bola na linha de fundo, mas foi desarmado por Marques, que rolou para Renan Oliveira bater no contrapé de Marcos e abrir o placar no Palestra Itália.
O gol mostrou a força atleticana com Marques. Os palmeirenses não conseguiam anular o ex-corintiano, mas o próprio atacante tratou de ajudar os donos da casa. Aos 37 minutos, o camisa 9, que já tinha recebido cartão amarelo, foi advertido pela segunda vez por falta desnecessária no meio-campo e foi expulso, bravo na caminhada para o vestiário.
A vantagem numérica reanimou o Verdão. Mais livre, Pierre assustou com dois chutes de fora da área. O time ainda vacilou em descida de César Prates que só não se transformou em gol porque Marcos salvou na pequena área, mas o gol de empate parecia questão de tempo. E foi.
Aos 43 minutos, Elder Granja arrancou pela direita e achou Alex Mineiro no meio da área. O atacante deu lindo passe para Leandro, sem marcação, chutar no alto pela esquerda e igualar o placar. Os palmeirenses se reacenderam com o gol e foram para o intervalo ainda mais motivados com bola que Alex Mineiro cabeceou no travessão.
Para explorar os espaços no meio-campo, Luxemburgo voltou com Léo Lima e Evandro nos lugares de Martinez e Pierre. Preocupado com sua defesa, Marcelo Oliveira colocou Denílson no lugar de Elton. Mas quem se deu bem foi o dono da casa. Os mandantes ganharam mais mobilidade tanto no meio como nas laterais, principal chave para furar a retranca mineira.
O jogo foi se desenvolvendo a favor dos alviverdes, que tinham em Leandro a grande alternativa pela esquerda – Evandro era o melhor pelo outro lado. Da entrada da área, Léo Lima assustou rapidamente com dois chutes perigosos de fora da área, um deles triscando na trave.
Acuado, o Atlético escalou o rápido Rafael Aguiar para puxar contra-ataques. Em seu primeiro lance, o atacante perdeu grande chance à frente de Marcos na pequena área. A resposta de Luxemburgo foi rápida: pôs Denílson no lugar de Elder Granja. E a reação do meia-atacante em campo também foi imediata.
Aos 17 minutos, o camisa 19 recebeu de Kléber, deu um lindo drible em Rafael Aguiar, entrou na área e cruzou para Alex Mineiro. O artilheiro matou no peito e chutou no canto de Juninho para desempatar o jogo e celebrar seu 17º gol no Brasileiro – fica um atrás do santista Kléber Pereira, maior goleador do campeonato até o momento.
O desempate era o que o Palmeiras precisava para impor seu ritmo. Trocando passes em velocidade, o time mantinha os atleticanos em seu campo defensivo e só era assustado em chutes de longa distância, todos sem perigo para Marcos.
Para completar a festa, aos 37 minutos, Denílson tocou para Kléber na área. O atacante chutou em cima de Juninho, que cedeu rebote para o camisa 19 só empurrar para o gol vazio e se transformar no grande nome do jogo. Era o que o Verdão precisava para se manter à frente do Grêmio na liderança do Brasileirão