Desfalcado antes e durante sua estreia na Copa Sul-americana, o São Paulo teve nova atuação inspiradíssima de Rogério Ceni em Fortaleza, mas não diminuiu os prejuízos de ter um a menos durante todo o segundo tempo e o Ceará selou a virada por 2 a 1 aos 49 minutos do segundo tempo.
Para não ser eliminado logo em uma fase preliminar da competição, o Tricolor precisa vencer por 1 a 0 ou por dois gols de diferença no dia 24, no Morumbi. Aos nordestinos, basta um empate ou até derrota por um gol de diferença, caso balance as redes por, ao menos, duas vezes. Novo 2 a 1 leva a decisão para os pênaltis.
Os paulistas não perderam por placar maior por conta do capitão da equipe de Adilson Batista, que terminou o primeiro tempo com três defesas de grande dificuldade e um milagre que iniciou o contra-ataque que terminou em gol de Rivaldo, aos 24 minutos do primeiro tempo. Aos 45 minutos da etapa inicial, a pressão alvinegra virou gol de letra de Rudnei.
Na volta do intervalo, o São Paulo não tinha Rhodolfo, machucado, e a improvisação de Denilson durou menos de dois minutos, já que o volante foi expulso. Com aplicação tática e dedicação de todos para proteger a área de Rogério Ceni, o Tricolor se segurou até os 49 minutos do segundo tempo, quando Marcelo Nicácio aproveitou bate-rebate na pequena área para empatar.
O jogo – Atrapalhado por lesões, seleções brasileiras e até por opções do treinador, o São Paulo foi ao Ceará sem oito dos 25 inscritos na Copa Sul-americana e ainda teve Dagoberto, com dores musculares, somente como peça figurativa em um banco de reservas que tinha um a menos do que os sete permitidos.
Com este cenário, Rogério Ceni ainda havia lembrado o time de que, mesmo na vitória tricolor por 2 a 0 no Presidente Vargas pelo Brasileira, o Ceará finalizou tanto que o obrigou até a defender o pênalti. Tudo o que se previa aconteceu na estreia das equipes no torneio continental: pressão nordestina.
Os comandados de Adilson Batista sabiam da força do Vovô com as descidas dos laterais Boiadeiro, pela direita, e Egídio, pela esquerda, mas não conseguiu contê-los, principalmente com a opção do técnico Vagner Mancini em forçar as jogadas em Juan, muito mais ofensivo do que o marcador Piris.
Enquanto os são-paulinos corriam atrás de seu adversário na tentativa de conter a correria, demoraram para perceber que a fonte de tanta velocidade era a movimentação e passes precisos de Rudnei, focalizando o rápido Osvaldo como alvo de suas assistências. Foram 45 minutos em que os anfitriões acuaram os visitantes.
O problema nordestino era que Roger, embora claramente motivado diante de sua ex-equipe, era insuficiente para superar um Rogério Ceni em nova atuação inspiradíssima. O goleiro terminou o primeiro tempo com quatro defesas de grande dificuldade. Uma delas foi um milagre, que originou o grande desafogo de seu time.
Aos 24 minutos do primeiro tempo, o capitão do Tricolor conseguiu espalmar um chute forte vindo dos pés de Roger a pouco mais de dois metros. No mesmo lance, o Ceará falhou ao tentar dominar o rebote e deixou Cícero armar contra-ataque que passou por Juan até Fernandinho cruzar com precisão para Rivaldo escorar com o pé direito nas redes.
Se Adilson Batista considera seu goleiro um "camisa 10" debaixo da meta, o seu verdadeiro camisa 10, também homem de confiança, fez o que Roger não conseguiu com tantas chances. Para tentar ajudar, outro atleta entre os preferidos do técnico, Denilson, colou em Rudnei. Mas o volante levou um cartão que custou caro mais tarde por isso.
O posicionamento mais particular do marcador também não foi suficiente para anular a pressão. O Vovô ainda tinha Osvaldo. Como tantas vezes executou na etapa inicial, o rápido atacante foi até a linha de fundo e tocou na pequena área. E Denilson se esqueceu de Rudnei, já que o meia apareceu livre para fazer um golaço de letra.
Para piorar a situação são-paulina, Rhodolfo reclamou de dores no intervalo e teve que ser sacado para a entrada de Jean na lateral direita. Denilson foi improvisado na zaga, mas a tentativa durou pouco mais de dois minutos: o volante derrubou Osvaldo, recebeu o segundo cartão amarelo e deixou sua equipe com um a menos.
A inferioridade numérica, porém, não aumentou a ofensividade cearense. Pelo contrário. Com Piris bem posicionado na zaga para suprir sua altura de 1,74m e um paredão de, pelo menos, cinco marcando adiantado à frente da área e dos quatro da linha de defesa, os paulistas conseguiram até fazer Rogério Ceni trabalhar menos.
Fernandinho e Marlos, mais tarde, foram insuficientes para segurar a bola que chegava no ataque em arrancadas ou passes de Cícero e Rivaldo. Tampouco davam resultados as tentativas de Vagner Mancini em se aproveitar por ter um a mais. Nem os cabeceadores Washington e Marcelo Nicácio pareciam eficientes contra a improvisada defesa tricolor.
Quando o clube alvinegro de Fortaleza conseguiu entrar na área ou assustar em arremates de longe, lá estava Rogério Ceni com a mesma inspiração que o fez evitar mais gols desde o primeiro minuto da partida. Mas a raça, aplicação tática e, principalmente, Rogério Ceni, não foram suficientes para evitar o gol de Marcelo Nicácio em bate-rebate na pequena área, aos 49 minutos do segundo tempo.