O cenário ideal para o Cruzeiro ser campeão brasileiro estava pronto no Mineirão lotado, mas a festa da Raposa terá de esperar um pouco mais. Dentro de campo, os celestes fizeram o dever de casa e venceram o Grêmio por 3 a 0, gols de Borges, Willian e Ricardo Goulart, mas o título foi apenas adiado, já que o Atlético-PR venceu o São Paulo e matematicamente ainda pode ultrapassar os mineiros, o que na prática é quase impossível.
Sem se incomodar com a matemática, a torcida do Cruzeiro esboçou em vários momentos o grito de tricampeão, o que pode ser confirmado com um triunfo simples em cima do Vitória na próxima quarta-feira. Os jogadores também festejaram bastante diante dos fãs no estádio, inclusive com volta olímpica. A Raposa chegou aos 71 pontos, contra 58 do Atlético-PR, faltando ainda cinco rodadas, o que deixa os celestes com a mão na taça. Já o Grêmio, estacionado nos 54 pontos, luta para se manter no G-4.
Na sequência do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro vai tentar antecipar o título em compromisso na próxima quarta-feira, enfrentando o Vitória, no Barradão, em Salvador. Já os gaúchos seguem brigando para manter a posição no G-4 e recebe o Vasco, também na quarta-feira, na Arena Grêmio.
O jogo -Com o Mineirão completamente lotado, o Cruzeiro iniciou a partida procurando o ataque para resolver logo a parada, mas encontrou um Grêmio bem preparado, com as linhas de marcação bem fechadas, em uma retranca organizada. Com a posse de bola, os gaúchos avançaram em bloco, porém, recompondo com a mesma velocidade.
A estratégia do Tricolor conseguiu conter o ímpeto inicial da Raposa, que teve problemas para impor o ritmo do jogo. Jogadores como Ricardo Goulart e Everton Ribeiro foram forçados a voltar até o campo defensivo para armar o time mineiro e, com isso, a distância para os atacantes ficou grande, dificultando as tabelas celestes.
Percebendo a situação, o técnico Marcelo Oliveira pediu aos seus comandados que tocassem a bola com calma, esperando o momento ideal de encaixar a jogada mortal. Para impedir o Cruzeiro de impor o ritmo habitual nos jogos no Gigante da Pampulha, o Grêmio praticamente se abdicou de jogar para apenas marcar, o que explica os celestes terem mais de 75% de posse de bola em alguns momentos da partida.
Mesmo dominando o jogo, o número de finalizações dos donos da casa foi muito abaixo do normal. Com isso, a torcida que lotou o Mineirão passou a jogar ainda mais com o time, empurrando a equipe para cima dos gaúchos. Aos 21, após cobrança de falta pela esquerda, a zaga gremista tentou cortar e quase marcou contra, em um dos momentos de maior perigo da Raposa.
Aos poucos, as jogadas individuais dos jogadores do Cruzeiro começaram a aparecer, e a pressão da equipe mineira foi intensificada, obrigando o excesso de zagueiros do Grêmio a ficar ligados durante todo o tempo. O Mineirão só explodiu em alegria aos 34 minutos, quando a defesa gaúcha cochilou e Borges, livre na área, acertou um belo voleio, Dida apenas observou a bola morrer no fundo das redes.
O panorama da etapa final não foi alterado em relação ao primeiro tempo, ou seja, o Cruzeiro dominando as ações, contra um Grêmio que se limitou a defender e a tentar o contra-ataque em lances esporádicos, como em um chute do Gladiador de fora da área, muito pouco para um time que quer ficar no G-4. Jogadores como Barcos e Kleber quase não participaram no jogo.
Já os atletas de defesa fizeram o possível para conter uma verdadeira blitz promovida pelo ataque celeste. Mesmo bem marcados, Everton Ribeiro e Ricardo Goulart conseguiram criar algumas chances de perigo para os donos da casa. Após os 20 minutos, o Grêmio finalmente passou a arriscar mais ofensivamente, porém, os espaços apareceram para o Cruzeiro, que passou a jogar mais perto da área gremista.
No melhor momento do Tricolor no jogo, o avante Barcos limpou a marcação de Léo e bateu cruzado com a canhota, acertando a trave de Fábio, que já estava batido no lance. Aos 29, Barcos tentou mais uma vez, mas o goleiro celeste se esticou todo e evitou o gol.
Aí o Cruzeiro acordou no jogo e brilhou a estrela de Willian, que havia acabado de entrar e aproveitou cobrança de lateral de Ceará para dilatar o placar, enlouquecendo a torcida no Mineirão. Ainda deu tempo de Ricardo Goulart marcar o terceiro dos celestes em um belo gol pegando cruzamento de primeira.