O Cruzeiro venceu o Atlético por 5 a 0 e deu um passo importante para conquistar o Campeonato Mineiro pelo segundo ano consecutivo. Agora, o Galo, que tinha a vantagem por ter feito melhor campanha na primeira fase, precisa vencer por cinco gols de diferença, no próximo domingo.
Assim como no ano passado, o Cruzeiro goleia seu maior rival por 5 a 0 no primeiro jogo da decisão, transformando a partida de volta da final do estadual em mera formalidade. Já são 11 clássicos seguidos sem derrota, maior sequência da história do clube. O placar de 5 a 0 também iguala a maior goleada celeste na história do confronto.
A tarde no Mineirão teve vários destaques para o Cruzeiro. Curiosamente, foram jogadores de defesa que marcaram a maioria dos gols. O zagueiro Leonardo Silva e o lateral Jonathan fizeram dois cada. O outro foi marcado pelo atacante Kléber.
Na quarta-feira, o Atlético tem um compromisso pela Copa do Brasil, diante do Vitória, em Salvador. Já o Cruzeiro tem a semana inteira para se preocupar somente com a segunda partida da final, no próximo domingo.
Formações – Os dois treinadores vieram com escalações diferentes, tentando se adaptar ao adversário. Adilson Batista escalou Thiago Ribeiro ao lado de Kléber no ataque, apostando na velocidade como estratégia para passar pela defesa atleticana.
Já Emerson Leão colocou o volante Rafael Miranda para substituir o atacante Éder Luís, suspenso. Assim, o Galo veio a campo com dois volantes fixos – Renan e Rafael Miranda – e dois mais ofensivos – Márcio Araújo e Carlos Alberto -, pensando em bloquear os avanços de Ramires e Wagner. O meia Lopes ganhou liberdade para jogar mais à frente, apoiando Diego Tardelli no ataque.
O jogo – Com a bola rolando, o que se viu foi um jogo bastante disputado, equilibrado. Os ataques, pontos fortes de ambas as equipes, se destacaram pela importância tática que tinham na partida. Os dois times adotaram a estratégia de marcar o adversário sob pressão. Com isto, as defesas tinham problemas para sair jogando, o que dificultava a criação, já que era impossível trabalhar bem as jogadas.
Pressionando a defesa, o Cruzeiro teve uma boa chance aos 11 minutos. Thiago Ribeiro roubou a bola do zagueiro Marcos e lançou Kléber, mas o atacante chutou em cima de Juninho. Jogar em velocidade era uma boa opção. Assim, o Atlético levou perigo, quando Diego Tardelli recebeu uma bola invertida e tocou de primeira na entrada de Carlos Alberto, mas o volante bateu torto.
Outra arma comum em situações como esta é a bola parada. Nela, o Atlético era mais perigoso, com os cruzamentos precisos de Júnior. Aos 38 minutos, ele cobrou falta da direita, para o segundo pau, onde estava Leandro Almeida. O zagueiro cabeceou para o chão, com absoluta consciência, mas o goleiro Fábio, que tinha ameaçado sair, se recuperou e fez linda defesa.
No minuto seguinte, o Cruzeiro chegou ao gol numa jogada de velocidade. Kléber recebeu um lançamento de Thiago Ribeiro na meia lua, mas não conseguiu dominar. A bola sobrou para Wagner, que penetrou a área, mas, marcado, preferiu tocar de calcanhar de volta para Kléber, que entrava de frente para Juninho. O Gladiador bateu de primeira, de pé esquerdo, tirando do goleiro atleticano.
Kléber exagerou na comemoração, provocando a torcida alvinegra, e recebeu cartão amarelo. A partida ia se tornando mais tensa dentro de campo, mas logo veio o intervalo para acalmar os ânimos.
Sem a vantagem, o Galo voltou mais ofensivo para o segundo tempo, voltando a seu esquema habitual. O atacante Kléber entrou no lugar de Márcio Araújo com a incumbência de jogar ao lado de Diego Tardelli. O Cruzeiro também mexeu, com Soares no lugar de Thiago Paulista, atacantes de características parecidas.
Adilson Batista foi muito mais feliz que Emerson Leão com as alterações. A Raposa começou a etapa final avassaladora, muito mais presente no campo de ataque. Os celestes conseguiam tocar a bola e trabalhá-la no chão, mas foi com a bola parada que vieram os lances de perigo.
Aos seis minutos, Wagner cobrou escanteio da esquerda e Léo Fortunato, de frente para o gol, cabeceou no canto para grande defesa de Juninho. Aos dez, seria a vez de o goleiro atleticano falhar. Em novo escanteio, este da direita, Wagner cruzou no segundo pau, na pequena área. Ninguém cortou e Leonardo Silva subiu para ampliar.
O gol não mudou em nada a tônica da partida. O Cruzeiro continuava dominando a partida e seu jogo aéreo continuava mortal. Aos 16 minutos, Wagner cobrou escanteio da esquerda e Leonardo Silva, de frente para o gol, cabeceou no canto, desta vez sem defesa.
A situação não parava de piorar para o Atlético. Renan, que havia cometido uma falta violenta em Ramires no início do segundo tempo, repetiu a dose, recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso de campo aos 18 minutos.
A partir deste momento, já se percebia o contraste nas arquibancadas. Do lado alvinegro, alguns torcedores começaram a deixar o estádio. Entre os celestes, ouviam-se gritos de ‘olé’ e de ‘é campeão’.
Neste ritmo seguiu a partida. O Atlético estava entregue em campo, como que se esperasse o tempo passar para que o estrago para o jogo de volta não fosse maior. Mas foi. No toque de bola, o Cruzeiro ainda criaria mais jogadas decisivas.
Aos 33 minutos, Jonathan iniciou jogada por seu setor, a lateral-direita. Ele partiu em direção ao centro e tabelou com Marquinhos Paraná. Mais a frente, fez mais uma jogada de um-dois, esta com Soares. Assim, Jonathan recebeu em condições de invadir a área de cara para o gol e apenas tirou de Juninho, finalizando o golaço.
Infelizmente, quando isto acontece num duelo de tamanha rivalidade, há sempre o risco de que os jogadores percam o controle. Já eram 38 minutos quando Ramires recebeu falta por trás de Leandro Almeida. O cruzeirense revidou e o árbitro Paulo césar de Oliveira mandou os dois para o chuveiro antes que houvesse mais confusão.
Desnorteado, o Galo ainda tentava atacar. Kléber obrigou Fábio a fazer boa defesa, em jogada pela direita, mas faltava aos alvinegros cuidar da defesa. Aos 41, Jonathan foi lançado na ponta-direita, onde não havia nenhuma cobertura. O lateral invadiu a área e bateu forte. Juninho ainda encostou nela, mas teve de se confirmar com o quinto grito de gol da torcida cruzeirense. O jogo estava tão decidido que nem acréscimos houve.