Os jogadores do Corinthians não ficam incomodados quando escutam que o Santos é o favorito na decisão do Campeonato Paulista. Ao contrário. Alguns acreditam que deixar esse peso para a equipe de Neymar e Paulo Henrique Ganso poderá ser um trunfo para abrir vantagem no primeiro jogo da final, às 16 horas (de Brasília) deste domingo, no Pacaembu.
Durante a semana que antecedeu o clássico, o técnico Tite e os seus comandados aumentaram ainda mais a badalação do adversário com uma série de elogios para Neymar e Ganso. Mas também houve espaço para declarações otimistas. "Deixaram o Corinthians chegar. O clube é muito forte em finais. Isso faz a diferença", bradou o meia Bruno César.
Tite também não gosta quando a força do Corinthians é minimizada. O treinador valorizou bastante a sofrida vitória sobre o Palmeiras na semifinal, na disputa por pênaltis, e igualou o seu time ao Santos, que superou o São Paulo com mais facilidade. "Os quatro grandes estavam muito parecidos no campeonato, alternando-se na liderança. Chegaram à final os dois times mais competentes. Vejo equilíbrio", disse.
Do outro lado, os destaques do Santos não se deixam levar pelo bom momento sob o comando de Muricy Ramalho. O irreverente Neymar, por exemplo, adotou um discurso humilde ao analisar o confronto com o Corinthians: "Vou procurar fazer o simples para ajudar o meu time a vencer. Devemos lutar para conseguir um grande resultado no Pacaembu".
O Santos também se apega à maratona de jogos que enfrenta para rejeitar o rótulo de favorito. Único clube brasileiro que sobreviveu às oitavas de final da Copa Libertadores da América, o Peixe obteve a sua classificação na última terça-feira ao empatar com o América, no México, e retornou ao Brasil somente na quinta-feira.
Muricy Ramalho reclamou que mal teve tempo para preparar seu time para a final do Paulistão. "A gente só dorme e joga. Infelizmente, o calendário é assim. As pessoas precisam rever isso porque não há quem aguente uma maratona dessas. Ainda mais no nosso caso, porque não temos um plantel grande", protestou o emburrado comandante do Santos, embora satisfeito com os resultados que tem conseguido.
Para o Corinthians, não há vantagem em se dedicar exclusivamente ao Estadual. Tite acredita que o Santos teve bastante tempo para se recuperar fisicamente, enquanto o atacante Jorge Henrique e o lateral esquerdo Fábio Santos consideraram importante entrar em campo no meio de semana para adquirir ritmo de jogo e entrosamento.
Ainda assim, Muricy Ramalho viu três santistas deixarem a partida contra os mexicanos lesionados, e só o zagueiro Edu Dracena (com um corte no lado externo do nariz) está liberado. Já o lateral esquerdo Léo (com um incômodo na coxa esquerda) e o volante Arouca (com dores musculares) devem ceder suas vagas a Pará e Adriano. Além disso, por opção do treinador, Zé Eduardo pode perder espaço para Alex Sandro.
No Corinthians, Tite adotou mistério. Ele não pode utilizar o lateral direito Alessandro, suspenso, e escalará Moacir ou o improvisado Moradei na função. No ataque, Willian passou a ameaçar o lugar de Dentinho depois de marcar gols decisivos contra Oeste e Palmeiras – e Liedson se machucou às vésperas da final, porém não preocupa o departamento médico. "Tenho duas dúvidas que vou levar até a hora do jogo", afirmou o técnico.
CORINTHIANS: Julio Cesar; Moradei (Moacir), Chicão, Leandro Castán e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Bruno César e Jorge Henrique; Willian (Dentinho) e Liedson
Técnico: Tite
SANTOS: Rafael; Jonathan, Edu Dracena, Durval e Pará; Adriano, Danilo, Alex Sandro, Elano e Paulo Henrique Ganso; Neymar
Técnico: Muricy Ramalho