Os jogadores do Corinthians não queriam entrar em campo na tarde deste domingo. Para respeitar a tabela do Campeonato Paulista e os compromissos comerciais assumidos, foram obrigados a enfrentar a Ponte Preta no Estádio Moisés Lucarelli. E saíram de lá com mais uma derrota, desta vez por 2 a 1, e com uma crise ainda maior para tentar solucionar.
Abalado, o Corinthians sofreu o primeiro gol do jogo logo aos três minutos, marcado pelo ex-santista Alemão. A reação veio com uma cabeçada do lateral esquerdo Uendel, que era da Ponte Preta e comemorou timidamente e distante da sua nova e irritada torcida. No início do segundo tempo, os donos da casa sacramentaram o resultado através de Ferrugem. Gil e Paulo André ainda foram expulsos no final do jogo.
A nova atuação ruim deixou o Corinthians com 6 pontos ganhos no grupo B do Campeonato Paulista. A próxima chance de reabilitação será contra o Bragantino, na noite de quarta-feira, no Pacaembu. Já a Ponte Preta, agora sob o comando de Vadão, totaliza 3 na chave C (a mesma do Santos) e visitará o Comercial no meio de semana, em Ribeirão Preto.
O jogo – Os jogadores do Corinthians entraram em campo calados e cabisbaixos. Não fizeram o tradicional cumprimento à torcida, em resposta ao violento protesto no CT Joaquim Grava do dia anterior. Apenas Mano Menezes se pronunciou (com poucas palavras) aos repórteres no gramado, para dizer que a sua equipe deveria se concentrar exclusivamente na partida.
Parecia difícil, contudo, o Corinthians direcionar o seu foco à Ponte Preta. O time visitante cometeu faltas e apresentou falhas de marcação logo nos primeiros minutos. Aos três, o atacante Alemão aproveitou um desses buracos para se projetar pelo lado direito da área, onde recebeu um cruzamento e arrematou cruzado para abrir o placar em Campinas.
O Corinthians, então, passou a se lançar ao ataque de maneira desordenada. “Esganado” (segundo o presidente Mário Gobbi) por torcedores no sábado, o centroavante peruano Paolo Guerrero pouco participava da partida. Emerson e Romarinho, seus companheiros de ataque, até que se mexiam bastante, porém pecavam pelo individualismo e viravam presas fáceis para a marcação da Ponte.
Como Danilo também não colaborava, sonolento no meio-campo, a solução para o Corinthians foi apostar em seus laterais. O estreante Fagner não ia muito além da disposição pela direita, mas Uendel começou a causar preocupação para a Ponte na esquerda. O técnico Vadão chegou a inverter os atacantes Ademir e Silvinho para tentar conter os avanços do ex-ponte-pretano.
Não adiantou. Foi Uendel quem empatou o jogo para o Corinthians. Aos 32 minutos, o lateral avançou para não desperdiçar um cruzamento de Guilherme, que apoiava bastante o ataque, e buscou o ângulo no cabeceio. O goleiro Roberto só observou a bola estufar a rede. Ex-companheiro seu, o responsável pela igualdade festejou timidamente, somente com trocas de cumprimentos com alguns colegas – Guerrero entre eles.
O Corinthians melhorou (não muito) após o gol de Uendel. Emerson se mostrou um pouco mais inspirado com chutes de longe e uma cabeçada de costas que quase surpreendeu Roberto. Desta vez, o goleiro fez boa defesa. Já a Ponte Preta começou a apostar nos contra-ataques para tentar recuperar a vantagem no marcador. Mas não produziu o suficiente para incomodar o adversário até o intervalo.
Logo no princípio do segundo tempo, no entanto, a Ponte Preta voltou a colocar a bola na rede. Aos três minutos, Ferrugem recebeu de Alemão na entrada da área, driblou Gil com extrema facilidade e concluiu para o gol. Muito emocionado por se provar recuperado após grave lesão, o jogador viu a torcida ponte-pretana fazer festa nas arquibancadas enquanto Mano Menezes levava as mãos à cabeça no banco de reservas.
O Corinthians tentou mostrar que não se abalou com mais um gol da Ponte Preta. Aos oito minutos, por exemplo, Guerrero aproveitou uma jogada de Romarinho e apareceu com liberdade na área da Ponte Preta. Só que parou nas corajosas defesas de Roberto em suas duas finalizações consecutivas. Pouco depois, acabou substituído pelo contestado Alexandre Pato. Na Ponte, Ademir cedeu lugar a Rossi.
As substituições não mudaram o panorama da partida. Apesar de ter volume de jogo, o Corinthians não era nada criativo. Seguiu assim após a entrada de Douglas no lugar de Danilo, imperceptível em campo. No final, as expulsões dos zagueiros Gil – por chutar o jovem Rossi (caído em campo após sofrer falta de Fagner) – e Paulo André – pelo segundo cartão amarelo – fecharam o final de semana desastroso para o clube do Parque São Jorge.