A Confederação Sul-americana triplicou o valor da premiação para o campeão da Copa Sul-americana, busca ainda um acerto para promover um jogo com o campeão da Copa da Uefa, mas nada disso foi suficiente para a competição ganhar o respeito necessário no Brasil.
Hoje, os oito times brasileiros iniciam a participação no evento e três das potências nacionais não disfarçam que a Sul-americana será colocada em segundo plano. Apesar de manter um discurso de respeito ao torneio, São Paulo, Corinthians e Cruzeiro optaram por priorizar o Campeonato Brasileiro e levarão a campo formações mistas nesta quarta.
Líder do Nacional, o Corinthians é a grande representação do desprezo nacional ao torneio, que vive sua quinta edição. Com investimentos milionários feitos pela parceira MSI, que visa tornar o time conhecido internacionalmente, o alvinegro só levará o atacante Tevez a campo por conta de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de julgar o atleta nesta sexta-feira, o que provavelmente impedirá a sua participação na última rodada do Brasileiro no domingo.
Caso o julgamento fosse adiado, Tevez sequer embarcaria para Goiânia, onde o Timão enfrenta o Goiás. Por conta do compromisso no Nacional, o Corinthians estuda preservar “atletas cansados”, como Fábio Costa, Betão, Marcelo Mattos, Roger e Rosinei.
A mesma justificativa é dada pelo São Paulo para entrar com boa parte dos reservas no duelo contra o Inter, em Porto Alegre, e repetida pelo Cruzeiro, que enfrenta o Juventude, fora de casa. O discurso é muito semelhante ao utilizado pelo Santos no ano passado, que também usou o torneio para dar ritmo de jogo aos reservas.
Mas, oficialmente, todos tratam de mostrar um certo respeito à competição. “Não acho que seja um torneio caça-níquel, pois quando se ganha se comemora muito. Este conceito é uma tentativa de desvalorizar o torneio”, explicou o técnico Paulo Autuori, que, entretanto, não escala Josué e Danilo para a estréia.
Um dos poucos concorrentes ao título nacional que fala abertamente em buscar o título do evento é o Santos, ironicamente, o único que ignorou o torneio em 2004. Mas a postura mudou neste ano, devido a mudança brusca no elenco. “É uma competição muito importante e temos de entrar para ganhar. O Santos não vai poupar esforços, pois também precisa se equilibrar bem para o Brasileiro”, disse o técnico Gallo, que só não terá Robinho e Ricardinho, pois ambos estão na seleção brasileira.
Já para os outros quatro brasileiros na Sul-americana (Fluminense, Goiás, Inter e Juventude), a meta é conseguir novamente o reconhecimento internacional. Nenhum deles conquistou um título continental, mas nem isso faz com que os times esqueçam totalmente o Brasileiro. Apesar de todos os esforços, a Sul-americana ainda não decolou entre os brasileiros, nem com uma premiação de US$ 600 mil ao campeão, o triplo do oferecido em 2004.