A defesa que não levou um gol sequer na Copa do Mundo de 2006 continua imbatível no Mundial de 2010. Contando com uma marcação furiosa, a Suíça amansou o favoritismo da Espanha e estreou na África do Sul com uma vitória por 1 a 0 (gol de Gelson Fernandes) nesta quarta-feira, no estádio Moses Mabhida.
O resultado deixou Suíça e Chile com três pontos cada no grupo H da Copa do Mundo, após toda a primeira rodada da Copa ser concluída. Espanha e Honduras não têm nenhum. Na próxima segunda-feira, a Fúria tentará a reabilitação justamente contra os hondurenhos, enquanto suíços e chilenos brigarão pela classificação.
A derrota da Espanha foi uma surpresa, já que a equipe não perdia desde o dia 24 de junho de 2009 (2 a 0 para os Estados Unidos, na Copa das Confederações). A força ofensiva dos campeões europeus, contudo, não foi páreo para uma zaga que foi precisa, fez o tempo passar como um bom relógio suíço e já havia deixado o Mundial da Alemanha sem sofrer gols de França, Togo, Coreia do Sul e Ucrânia.
O jogo – A Espanha começou a partida disposta a justificar a condição de favorita ao título mundial. Enquanto os torcedores sopravam as suas vuvuzelas de maneira desritmada nas arquibancadas do Moses Mabhida, a equipe comandada por Vicente Del Bosque exibia um toque de bola afinado dentro de campo.
Do outro lado, no entanto, a Suíça também fazia valer a fama de seu sistema defensivo. Com ascendência espanhola, Phillippe Senderos comandava a dura marcação de seu time com gritos. Dava resultado, já que a Espanha detinha quase 70% da posse de bola da partida, mas apenas rondava a área adversária.
Aos 24 minutos, os espanhóis finalmente fizeram Diego Benaglio trabalhar com mais dificuldade. Em uma jogada protagonizada por atletas do Barcelona, Piqué recebeu passe de Iniesta, passou por um marcador com categoria e finalizou rasteiro. O goleiro suíço deixou o gol para defender.
Sem ser ameaçada pelo ataque da Suíça, a Espanha tentou acelerar o jogo para furar o bloqueio rival. Conseguiu provocar algumas faltas próximas da área, tentou cavar pênaltis e seguiu com problemas de conclusão. Já os suíços perderam Senderos, machucado, que acabou substituído por Von Bergen.
No segundo tempo, o panorama do jogo não mudou muito: a Espanha aumentou ainda mais a pressão. A diferença é que a Suíça estava mais atenta aos contra-ataques. Aos 7 minutos, a "zebra" avançou em velocidade com Derdiyok, que foi ao chão na dividida com o goleiro Casillas. Fernandes brigou com a defesa espanhola (Piqué chegou a sangrar) e empurrou a bola para dentro.
O técnico Vicente Del Bosque esperou 10 minutos para entrar em ação. Colocou em campo até o atacante Fernando Torres, recuperando-se de contusão, no lugar de Busquets. Jesús Navas substituiu David Silva.
A Espanha, então, trocou os passes rápidos por jogadas aéreas, individuais e conclusões de longa distância. O desesperou começou a atrapalhar os campeões europeus. Aos 25 minutos, Xabi Alonso quase acabou com um sofrimento com um chute muito forte da entrada da área. A bola bateu no travessão.
A Suíça continuou com a estratégia de aproveitar os espaços oferecidos pelos espanhóis. E quase conseguiu ampliar. Com belas fintas dentro da área, Derdiyok envolveu a defesa rival, mas perdeu o equilíbrio na hora do chute. Naquele instante, uma torcedora da Espanha já previa a derrota e chorava copiosamente no Moses Mabhida.