É difícil dimensionar o que um clássico é capaz de fazer na vida de quem entra em campo. O São Paulo recebeu o Corinthians pela 34ª rodada do Campeonato Brasileiro precisando da vitória para se livrar de vez do rebaixamento, enquanto o rival ainda briga por uma vaga na próxima Copa Libertadores. Mas, com a bola rolando, esse panorama se desfez. A equipe Tricolor se impôs, sobrou e atropelou o Timão com um sonoro 4 a 0, que ainda teve direito a “olé”, provocações e muita festa nas arquibancadas do início ao fim. Além do sabor especial por bater o arquirrival, os três pontos levaram o São Paulo aos 45, longe do Z4. Já o Corinthians estaciona nos 50 pontos e pode cair para o nono lugar na tabela de classificação, dependendo dos resultados de seus adversários direitos por uma vaga no G6, que só entram em campo neste domingo.
O Majestoso deste sábado teve todos os ingredientes de um grande clássico. Estádio cheio, confusão fora de campo antes da bola rolar e uma grande polêmica, que inclusive não demorou muito para acontecer. Como de costume sempre que joga no Morumbi, o São Paulo imprimiu um ritmo mais acelerado nos primeiros minutos, enquanto o Corinthians, como visitante, cadenciava.
Mas logo aos 11 minutos, Kelvin foi para cima de Fagner dentro da área e caiu. O árbitro sergipano Claudio Francisco Lima e Silva titubeou, mas marcou o pênalti, e deu início a revolta dos corinthianos, indignados com a decisão diante da alegação de que o são-paulino forçou a jogada e se atirou no gramado.
Depois de muito empurra-empurra e um cartão amarelo para Romero por reclamação – está suspenso do próximo jogo -, Cueva foi frio e usou a cavadinha no meio do gol para tirar Cássio da bola e abrir o placar, para delírio da única torcida que pôde ir ao estádio.
Apesar do gol e de demonstrar mais disposição em campo, o São Paulo não manteve o ritmo. Por outro lado, o Corinthians, aos poucos, controlou o jogo e obteve até mais posse de bola. O problema era a ineficiência do ataque alvinegro, evidenciada em mais uma péssima atuação de Marquinhos Gabriel.
Depois de duas pausas por causa de sinalizadores nas arquibancadas e uma para a saída de Kelvin, que sentiu a coxa esquerda aos 38 e deu lugar a Luiz Araújo, o Tricolor perdeu o ímpeto do início da partida. O Corinthians aproveitou e, antes do intervalo, criou duas situações claras para igualar o marcador. Na primeira, Romero desperdiçou, de cabeça, de forma inacreditável. Depois, Mena salvou o que seria a chance do paraguaio se redimir.
Sorte do São Paulo que o intervalo esfriou o Timão. Os mandantes voltaram a comandar as ações, mesmo que apostando mais no contra-ataque. O jogo voltou a pegar fogo depois de entrada dura de Rodriguinho em Cueva. Além do cartão ao volante, o lance despertou o peruano, que estava meio sumido.
Dos pés dele saiu uma ótima assistência para Chavez marcar, não fosse a má fase do argentino. Depois, o meia serviu David Neres, que passou da bola, mas contou com o vacilo de Guilherme Arana para marcar o segundo gol e levar a torcida à loucura no Cícero Pompeu de Toledo.
O gol desmonetou o time de Oswaldo de Oliveira, que ainda tentou alguma coisa com Rildo no Lugar de Marquinhos Gabriel, mas o abatimento de sua equipe era notório. O São Paulo, que nada tinha com isso, foi de novo às redes. Enfim, Andres Chavez acabou com a seca que já perdurava dez jogos e consagrou também Cueva, autor de mais uma assistência.
A entrada de Camacho no lugar de Guilherme mostrou a real preocupação de Oswaldo de Oliveira a partir disso. A cara de goleada estava latente. A torcida desfrutou com o famoso “olé” a cada toque dos são-paulinos na bola e o jogo acabou perdendo boa parte de sua objetividade. Era hora de festa para o Tricolor, que sofreu com um ano amargo, mas ao menos lavou a alma com uma grande atuação em cima do arquirrival, que vê cada vez longe a sua chance de disputar a próxima Copa Libertadores da América. Nos acréscimos, ainda deu tempo para Cueva servir mais um companheiro. Em um contra-ataque mortal, Luiz Araújo deu números finais ao placar e decretou a goleada: 4 a 0, fora o show.
Para azar da equipe de Parque São Jorge, o Campeonato Brasileiro faz uma pausa agora por causa das datas Fifa. Com isso, o Timão ficará com o sabor da derrota humilhante até o dia 16, quarta-feira, quando o time visitará o Figueirense, às 21h45, no estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis. Rindo à toa, apesar de praticamente ter de cumprir tabela até o fim da competição, o São Paulo entrará em campo de novo no dia seguinte, às 19h30, de novo no Morumbi.