O São Paulo sonhava em repetir a atuação no clássico contra o Santos, sonhava com um jogo aberto e sonhava em vingar a derrota sofrida no México. Mas o plano deu totalmente errado, a equipe cansou de errar, viu o rival catimbar e deu adeus à invencibilidade de 30 jogos e 19 anos em partidas no Morumbi pela Copa Libertadores da América.
Com uma atuação apagada, o Tricolor perdeu do Chivas Guadalajara pelo mesmo 2 a 1 da partida de ida, na noite desta quarta-feira. Assim, o time sofreu o primeiro revés em seu estádio desde 8 de maio de 1987, quando perdeu do Colo Colo por 2 a 1. Depois disso, foram 27 vitórias e três empates, com direito aos três títulos da Libertadores em 1992, 1993 e 2005.
Mas, nesta noite, nada do período de invencibilidade. A única coisa que lembrava eram as faixas em homenagem a Telê Santana, técnico do Tricolor no bicampeonato de 92 e 93. Em campo, a equipe cansou de errar, se preocupou demais em intimidar o adversário e pouco criou. Mesmo assim, o time abriu o placar com Aloísio, aos 32 minutos, após falha do zagueiro Reynoso.
Porém a equipe sofreu o gol de empate ainda no primeiro tempo, através de Santana, aos 44, depois de um erro de marcação de Fabão. Na etapa final, o anfitrião teve a vantagem de um homem a mais, após a expulsão de Bravo aos 27, mas não soube aproveitou, Fabão bobeou de novo e o Chivas virou com Martínez, aos 35.
Nos minutos finais, os mexicanos souberam prender a bola e quebrar a invencibilidade do São Paulo. De quebra, a equipe de Guadalajara disparou na liderança do grupo 1, com dez pontos, e assegurou a vaga nas oitavas-de-final da Libertadores, mesmo faltando duas rodadas para terminar a etapa.
Já o São Paulo permanece em segundo lugar, com seis pontos, e precisa de um bom resultado contra o Cienciano, na altitude de Cuzco, na próxima quarta-feira, para não ver a situação complicar. No mesmo dia, o Chivas visita o Caracas.
Antes, o Tricolor volta suas atenções para a última rodada do Campeonato Paulista. O time pega o Ituano, em Mogi Mirim, neste domingo, precisando da vitória e de um tropeço do Santos diante da Portuguesa, na Vila Belmiro, para ser bicampeão estadual.
O jogo
Na véspera da partida, São Paulo e Chivas prometiam um jogo aberto e espetáculo para a torcida. Porém os primeiros 20 minutos foram desanimadores para os mais de 44 mil que foram ao Morumbi. O Tricolor congestionou suas jogadas pela esquerda, não teve velocidade para vencer a boa marcação rival e cansou de errar os cruzamentos.
Do outro lado, os mexicanos também ficavam devendo com uma série de passes errados, que encerravam as possibilidades dos contra-ataques. E quando chegava na frente, os dois times finalizavam mal ou adiantavam demais, facilitando a vida dos goleiros. Desta forma, Sánchez só trabalhou aos 13 minutos, quando espalmou falta cobrada por Rogério Ceni.
Nove minutos depois, o Chivas chegou com perigo em jogada pela esquerda de Morales, que cruzou e Pineda, livre, mandou por cima do travessão. Com tantos erros, o gol só podia sair em uma jogada repleta de falhas. Aos 32, a zaga do Chivas bobeou, Thiago entrou pela direita e bateu fraco. O zagueiro Reynoso cortou, mas acertou Leandro e a bola sobrou para Aloísio, que enfim acertou, pegando de primeira e acertando o ângulo de Sánchez.
A partir daí, o duelo melhorou com o Chivas indo ao ataque e ameaçando em cabeçada de Bautista, aos 38. Na base da velocidade, Danilo perdeu boa oportunidade para ampliar aos 40, e o São Paulo acabou castigado quatro minutos depois. O atacante Bautista foi lançado em profundidade na direita e encontrou Santana livre para cabecear por baixo das pernas de Rogério Ceni, após falha de marcação de Fabão.
Nervosismo: Na ida para os vestiários, o clima ficou quente com o São Paulo reclamando de uma falta de Bravo em Danilo no gol de empate, e os zagueiros Fabão e Lugano se desentendendo com o zagueiro Reynoso e o goleiro Sánchez. A equipe da casa voltou nervosa e escapou da virada logo no primeiro minuto, graças a um chute horrível de Rodríguez, que estava livre na área e quase acertou a bandeira de escanteio na finalização.
O São Paulo só criou aos três, em jogada individual de Thiago que foi para fora, e depois ficou mais preocupado em responder às provocações dos mexicanos. Foram 15 minutos de pancadaria, carrinhos e discussões. Ao mesmo tempo, o Tricolor perdeu Júnior, contundido, e assistiu aos rivais ameaçarem em rápidos contra-ataques, que Bautista desperdiçava.
A situação são-paulina só melhorou aos 27, quando Bravo foi expulso, após chutar Lugano sem bola e ser advertido com o segundo cartão amarelo. Mas o time não soube aproveitar a vantagem numérica, persistiu nos erros e viu o Chivas conseguir a vitória em outra falha de Fabão. Aos 35, Medina puxou contra-ataque pela direita, cruzou, Fabão dormiu na marcação e deixou Martinez sozinho para fintar o goleiro e selar a vitória.