Treinos fechados, vitórias apagadas e preocupação com lesões. Depois de alguns meses de incertezas, o Brasil chega ao momento que tanto esperava: a Copa do Mundo. Diante da Coreia do Norte, às 15h30 (de Brasília) desta terça-feira, o técnico Dunga e seus jogadores tentam provar que sempre estiveram certos, e a vítima pode ser a desconhecida seleção asiática, no estádio Ellis Park, em Johanesburgo.
Desde o convincente triunfo contra a Argentina, em setembro passado, que garantiu a classificação antecipada para o Mundial, o conjunto verde e amarelo diminuiu o ritmo e não conseguiu mais encantar, mesmo mantendo um bom retrospecto (são seis vitórias, um empate e apenas uma derrota).
Os problemas musculares de Kaká e Luís Fabiano na temporada europeia e a contusão de Júlio César durante o período de preparação aumentaram ainda mais a ansiedade da torcida. Mas todos se recuperaram clinicamente e estão liberados para o jogo.
“Agora, é a hora da verdade e vou mostrar que realmente estou bem, vou jogar como antes e provar que estou totalmente recuperado”, avisa Luís Fabiano, responsável por vestir a camisa 9 e incomodado com a série de cinco jogos sem marcar gols com a amarelinha. Já o meia do Real Madrid, que decepcionou em seu novo clube, carrega uma responsabilidade ainda maior, pois é a principal aposta do Brasil na Copa. “Estou muito bem”, garante.
Nos dias que antecederam a estreia, Dunga realizou três treinos fechados, sendo que dois deles ocorreram depois que foi noticiado um desentendimento entre Júlio Baptista e Daniel Alves. O elenco não gostou da repercussão do episódio, assim como Júlio César também ficou chateado por ter sido colocado como dúvida em função das dores na região lombar. “Em nenhum momento eu fui dúvida. Ouvi até gente falando que eu tive hérnia de disco. Isso é irresponsabilidade”, diz o arqueiro.
Já o técnico Dunga sabe que a pressão será maior do que nunca agora e até esquece os títulos da Copa América e da Copa das Confederações. “Sabemos da cobrança e das dificuldades. Futebol não tem futuro e nem passado, e sim o presente. Por isso, respeitamos todos os adversários”, afirmou o treinador.
Mas os jogadores não conseguem realmente imaginar se terão trabalho para derrotar a Coreia do Norte, já que a seleção que representa um dos países mais fechados do mundo e não se dispõe a revelar seus detalhes. Portanto, os brasileiros se apegam apenas a informações básicas.
“Sabemos que é um time rápido e que tem como característica marcar forte. Segue um pouco o estilo dos asiáticos. Como todo time, deve ter um jogador habilidoso”, afirmou o lateral direito Maicon.
O habilidoso da Coreia do Norte atende pelo nome de Jong Tae-Se, mas também é conhecido como “Rooney asiático”. Japonês e filho de pais sul-coreanos, o atleta tem a responsabilidade de liderar a seleção norte-coreana, ao lado do camisa 10 Hong Yong-Jo.
Outro desafio para o Brasil será resistir ao frio de Johanesburgo. A temperatura mínima para esta terça-feira pode atingir -2º Celsius, mas o elenco garante estar pronto. Dez dos 11 titulares atuam no gelado futebol europeu (apenas Robinho joga no Brasil). “Estou acostumado com o frio, pois jogo há quatro anos na Europa, e já cheguei a enfrentar cidades bem geladas. No norte da França, peguei até -10º. Para mim, -2º é calor”, resume Michel Bastos.