O técnico Osvaldo Alvarez, do Vadão, está de volta ao comando da Seleção Brasileira feminina. Uma reunião com o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, sacramentou a contratação do treinador, que substitui Emily Lima, demitida na sexta-feira passada.
Vadão deixou a Seleção feminina após a Rio-2016, justamente para dar lugar a Emily. Mas a CBF optou pelo retorno do técnico, que trabalhou recentemente no Guarani, na Série B do Brasileiro e quase acertou com a Ponte Preta.
A demissão de Emily teve como gatilho os resultados recentes da Seleção feminina, que enfrentou adversários robustos, como Austrália e Estados Unidos. Mas as cinco derrotas nos últimos seis jogos não foram os únicos itens colocados na balança para a tomada de decisão.
Como a própria Emily expôs ao sair, a relação com o coordenador Marco Aurélio Cunha estava desgastada. A corda estourou para o lado da treinadora porque o presidente Marco Polo Del Nero também perdeu a confiança no trabalho dela.
A gota d’água foi a informação de que um grupo de jogadoras pediu, ainda na Austrália, a permanência da treinadora no cargo, mesmo antes de qualquer rumor sobre demissão. Ou seja, isso foi interpretado pelo comando da CBF como um risco à hierarquia na Seleção feminina, já que poderia abrir brecha para convocações por “gratidão” pela defesa da permanência da treinadora.
Mas, antes mesmo desse episódio, os pontos de vista de Emily – -tão celebrada por ser a primeira mulher a dirigir a Seleção – já não estavam indo no mesmo sentido dos superiores. Houve uma diferença de pensamento, por exemplo, a respeito de até onde iriam as atribuições da técnica da Seleção.
Vadão e Marco Aurélio Cunha têm boa relação. Ambos se entenderam bem no processo de formulação da Seleção permanente, em um cenário em que poucas meninas atuavam fora do país. Mas, com a exposição das brasileiras nas competições internacionais, inclusive sob a batuta de Emily Lima, o cenário atualmente é distinto, com várias jogadoras defendendo clubes no exterior.
Vadão volta à Seleção com respaldo. Mesmo com o time feminino tendo saído sem medalha da Rio-2016, a visão é que ele fez um bom trabalho na primeira passagem e que a queda no Rio foi em jogo atípico, contra uma Suécia retrancada, e nos pênaltis.
Independentemente de quem tenha razão na discussão – Emily ou a CBF -, o fato é que a entidade “bateu cabeça” na condução da Seleção feminina. E agora tenta, com uma receita antiga, recomeçar um projeto em busca de sucesso.