Classificados por antecipação à fase final do Campeonato Mundial feminino de vôlei, Brasil e Rússia fizeram uma espécie de “treino de luxo” neste domingo, em Osaka, no Japão. E jogando muito bem, a seleção brasileira ganhou a partida de virada, por 3 sets a 1, com parciais de 27-29, 25-14, 27-25 e 25-22, em exatamente uma hora e 40 minutos.
Com a vitória, a nona consecutiva, o Brasil manteve a invencibilidade no Mundial e terminou em primeiro lugar o grupo F. A Rússia, que ainda não tinha perdido no torneio, foi a segunda colocada. Agora, a seleção enfrenta a surpreendente Sérvia e Montenegro, que ficou em segundo lugar no grupo E. Já a Rússia vai pegar a rival Itália. As semifinais serão disputadas na quarta-feira, e a final na quinta.
Tanto Brasil quanto Rússia usaram praticamente força máxima na partida deste domingo. As jogadoras brasileiras, em conversa com o técnico José Roberto Guimarães, pediram para não serem poupadas. Assim, o time entrou em quadra com a levantadora Fofão, as centrais Fabiana e Walewska, as pontas Sassá e Jaqueline, a oposto Sheilla e a líbero Fabi.
A Rússia também teve o time quase completo. As gigantes Gamova e Godina e a capitã Safranova começaram jogando. Apenas a oposto Sokolova, que no jogo contra os Estados Unidos sentiu uma lesão muscular na coxa esquerda, foi poupada. A jogadora, ainda mancando, participou do aquecimento, mas depois ficou todo o tempo no banco de reservas.
Em quadra, Brasil e Rússia fizeram o que se esperava: um jogo bastante equilibrado e tenso, com direito até a discussão na rede. As russas atacaram principalmente através das bolas altas na ponta, com Godina e Gamova. O Brasil devolveu pelo meio, com as jogadas rápidas de Walewska e Fabiana.
“O importante foi sacar bem. A Rússia é um time alto, que a gente tentou tocar no bloqueio, ir bem na defesa e contra-atacar”, resumiu a oposto Sheilla, maior pontuadora da partida, com 20 pontos. A Rússia começou melhor. E com dois pontos de saque de Godina fez 4-1. O Brasil não deixou as européias avançarem no marcador, e empatou com um bloqueio de Walewska.
O equilíbrio seguiu até o final do set, quando um bloqueio de Sheilla sobre Safranova deixou o Brasil com dois pontos de frente (21-19). A seleção, entretanto, não aproveitou a vantagem e permitiu a reação adversária, que fechou a parcial em 29-27, com um ataque para fora de Sheilla.
A virada sofrida no final do set não abateu o Brasil. Bastante concentrada, a seleção logo abriu cinco pontos de vantagem. As russas passaram a errar bastante, e a diferença chegou a 13 pontos (20-7). Com tanta vantagem, o Brasil apenas administrou o placar para vencer por 25-14, com Sassá.
No terceiro set, o equilíbrio voltou. Mesmo com o Brasil abrindo cinco pontos de vantagem (11-6), em um ataque de Jaqueline, a Rússia não desistiu da disputa. Dois erros do Brasil fizeram com que as adversárias empatassem (16-16). As equipes ficaram se alternando na liderança até Fabiana bloquear Gamova e marcar 27-25 para o Brasil.
O quarto set foi o mais tenso de todos. O Brasil levava uma boa vantagem (15-11) quando errou duas bolas e permitiu a aproximação da Rússia. Depois, uma marcação controversa da arbitragem e um cartão para Fofão levaram ao empate (15-15). No lance seguinte, Merkulova bloqueou Fabiana e vibrou bem na frente da brasileira. Os brios nacionais foram mexidos, e a resposta foi dada em quadra: 25-22, com um ataque da própria Fabiana.
“O desrespeito entre as atletas é uma coisa que não pode acontecer. Mas aconteceu e deu uma esquentada no finalzinho do jogo”, disse a meio-de-rede Walewska.