Problemas com virose, dificuldades com a arbitragem, torcida contra e mudanças seguidas na escalação. Apesar de todos os obstáculos e de mostrar um futebol sem imaginação em boa parte da competição, o Brasil conquistou o título do Sul-americano Sub-20 e obteve também a vaga nas Olimpíadas de Pequim-2008.
Esta é a primeira modalidade de esportes coletivos que o país consegue a classificação para os Jogos e, justamente, a que foi responsável pela maior frustração em Atenas-2004, quando a geração de Diego, Robinho, Kaká e Adriano caiu ainda no Pré-olímpico.
A classificação veio antes da última partida, com o triunfo do Chile sobre o Paraguai. E a taça foi assegurada com a vitória sobre a Colômbia por 2 a 0, na madrugada desta segunda-feira, em Assunção. Assim, a seleção terminou a competição de forma invicta e na ponta do hexagonal final, com 11 pontos. É a nona vez que o Brasil conquista o torneio.
A vitória foi assegurada ainda no primeiro tempo, com gols de Lucas, aos 24, e Edgar, aos 45 minutos. Foi o sexto triunfo em nove jogos da seleção no torneio, que foi a única a deixar o Paraguai sem derrotas.
Já a outra vaga sul-americana em Pequim ficou com a Argentina, que só assegurou o lugar ao vencer o Uruguai por 1 a 0, com gol de Acosta, aos 46 minutos do segundo tempo. O evento também servia como classificatório para o Mundial da categoria, que será realizado entre 30 de junho e 22 de julho deste ano no Canadá, e os representantes da América do Sul serão: Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.
Esta foi a primeira vez que a competição sub-20 serviu como classificatório para os Jogos Olímpicos, que é limitada a atletas com menos de 23 anos. A medida foi adotada para a Conmebol diminuir gastos, mas só foi avisada um mês antes do torneio iniciar. Com o aviso de última hora, o Brasil tentou contar com o lateral-esquerdo Marcelo e o volante Denilson, mas eles não foram liberados por Real Madrid e Arsenal, respectivamente.
A seleção se preparou por duas semanas e ficou em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, durante a primeira fase. Neste período, o time chegou a perder sete jogadores por virose nos treinos e mostrou um futebol pouco convincente com atletas ainda sem condição física ideal, caso principalmente de Alexandre Pato.
Mesmo assim, a equipe terminou em primeiro lugar do grupo com vitórias sobre Chile (4 a 2), Peru (2 a 1) e Bolívia (3 a 0), e um empate com o Paraguai (1 a 1). No hexagonal final, o início não foi bom com dois empates por 2 a 2 com Argentina e Chile, sendo que o último terminou com uma confusão generalizada entre os jogadores e o árbitro Alberto Duarte.
O elenco reclamou da marcação dos dois pênaltis, que originaram os gols chilenos, e teve três expulsos (Luiz Adriano, Carlinhos e Thiago Heleno) e o volante Fernando excluído da competição. Porém, a situação adversa levou o time a se unir e reagir. Com apenas quatro na reserva, o Brasil superou o Uruguai por 3 a 1 e, em seguida, bateu o Paraguai (1 a 0), com um gol aos 44 minutos do segundo tempo. O título veio com a terceira vitória na fase final.
Na partida decisiva, já sabendo da classificação, o Brasil teve o domínio desde o início e não teve problemas para abrir o placar com Lucas. Aos 24 minutos, o volante do Grêmio recebeu na entrada da área, fintou um adversário e bateu firme no ângulo do goleiro.
Embalado, o Brasil ainda acertou a trave colombiana, antes de ampliar no final da etapa. Aos 45, Luiz Adriano dominou na meia-lua, driblou três jogadores e passou para Edgar, livre, tocar na saída de Ospina.
Com a boa vantagem, o Brasil tratou apenas de tocar a bola e controlar o resultado no segundo tempo. A Colômbia ainda chegou a acertar uma bola na trave de Cássio, mas não teve forças para reagir.