Chega a ser humilhante o retrospecto do Brasil contra a França em Copas do Mundo. Houve a vitória na semifinal de 1958, é verdade – um 5 a 2 que garantiu ao time de Pelé e Garrincha uma vaga na decisão do torneio. Desde então, porém, foram só decepções. A fase final da Copa adotou seu atual formato, com jogos únicos e eliminatórios nas oitavas, quartas e semis, em 1986. Foram sete edições, com dois títulos conquistados pelos pentacampeões. Nas outras cinco Copas disputadas no período, os franceses foram os carrascos dos brasileiros em nada menos que três ocasiões (argentinos e holandeses estragaram a festa nas outras duas). Em 1986 e 2006, o Brasil caiu diante dos "Bleus" nas quartas; em 1998, foi derrotado na final. Mas se a seleção espera se vingar dos franceses numa Copa, talvez não seja preciso esperar muito tempo: é relativamente grande a chance de um encontro com os carrascos do Brasil logo na primeira fase do próximo Mundial. Existe até a possibilidade de um duelo logo na abertura, em 12 de junho de 2014, no Itaquerão.
Com a confirmação da vaga do Uruguai, na noite de quarta-feira, com um empate sem gols com a Jordânia, em Montevidéu, a seleção bicampeã olímpica e mundial garantiu também um lugar entre as oito cabeças-de-chave do torneio, frustrando as esperanças da Holanda, que poderia assumir esse lugar. Agora, os holandeses se juntam ao segundo escalão das seleções europeias no sorteio de 6 de dezembro. Há nove times europeus que não encabeçam um grupo. Entre eles, os franceses têm a pior colocação no ranking da Fifa. Assim, é quase certo que a equipe de Ribéry e Benzema ficará fora do pote com as oito bolinhas que representam o continente no sorteio. A França seria remanejada para um pote que mistura sul-americanos e africanos. Na hora da escolha das bolinhas, a Fifa deverá manter a tradição de fazer um direcionamento do sorteio, evitando, por exemplo, que um grupo tenha um excesso de seleções europeias. A França, por consequência, só poderia cair num grupo com cabeça-de-chave não europeu. Como são quatro os sul-americanos com esse status (Brasil, Argentina, Colômbia e Uruguai), cada um tem 25% de chance de confronto com os franceses logo na fase de grupos.
O sorteio na Costa do Sauípe, aliás, promete fortes emoções aos técnicos, jogadores e torcedores das 32 seleções classificadas. Por causa dos critérios adotados pela Fifa, a chance de formação de "grupos da morte" aumentou consideravelmente. A seleção brasileira corre o risco de liderar um grupo formado, por exemplo, pela tricampeã Itália, pela campeã França e pela boa seleção dos Estados Unidos. Holanda, Inglaterra e Portugal também podem ser adversários dos brasileiros logo na primeira fase. Como a colocação dos times dentro das chaves também é determinada por sorteio, é possível que o Brasil encare uma gigante do futebol mundial já na estreia – o primeiro jogo será contra a seleção que cair na posição "A2" da tabela já anunciada pela Fifa. Caso a adversária no jogo de abertura seja a França, as equipes vão se reencontrar depois de quase exatamente um ano. Em 9 de junho, no último duelo entre as seleções, o Brasil venceu por 3 a 0, com gols de Oscar, Hernanes e Lucas, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Com essa vitória, o Brasil melhorou seu histórico contra os rivais de azul: contando amistosos e jogos oficiais, são seis vitórias brasileiras e cinco francesas, com quatro empates. Agora é preciso melhorar os números nos confrontos em Copas – e 2014 será a melhor oportunidade possível.