Se ainda está marcada pela memória da derrota por 7 a 1 para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo disputada em casa, a Seleção Brasileira já tem força suficiente para deixar para trás outro fantasma de um Mundial. Nesta quinta-feira, o time de Dunga foi ao Stade de France, palco da decisão de 1998, e conquistou uma vitória de virada sobre a França, por 3 a 1.
Apesar da folga no placar, o Brasil encontrou dificuldades no início da partida. Os mais pessimistas relacionaram o gol de cabeça de Varane, após uma cobrança de escanteio, àqueles marcados por Zinedine Zidane em 1998. Mas Oscar chutou de bico para igualar o marcador ainda no primeiro tempo. E, no segundo, Neymar e Luiz Gustavo asseguraram a manutenção da invencibilidade de Dunga em sua segunda passagem pela Seleção.
Empolgados pela vitória, os brasileiros irão a Londres para enfrentar o Chile às 11 horas (de Brasília) de domingo em outro amistoso preparatório para a Copa América. Já a França de Didier Deschamps, que não disputa as eliminatórias para a Eurocopa por ser sede do torneio, tentará se reabilitar emocionalmente até o confronto com a Dinamarca, também no fim de semana.
O jogo – O ambiente desta tarde fez muitos brasileiros recordarem o vice-campeonato mundial de 1998. No mesmo estádio onde se decidiu aquela Copa do Mundo, A Marselhesa foi cantada com uma empolgação semelhante à da final. Incontáveis pequenas bandeiras azuis, brancas e vermelhas tremularam nas arquibancadas. No gramado, houve homenagens para Zidane, Henry, Desailly e Vieira. Nos bancos de reservas, estavam Deschamps e Dunga, hoje técnicos de França e Brasil. E quem assistiu ao amistoso pela televisão aberta ainda ouviu Ronaldo como comentarista.
Dentro de campo, as seleções francesa e brasileira também respeitaram as suas tradições. O amistoso começou com muito estudo e marcação intensa dos dois lados. Quando defendia, a França ainda ganhava o reforço das vaias de sua torcida à troca de passes da equipe visitante.
Com esse cenário, o time da casa logo recorreu às jogadas de bola parada para incomodar o Brasil. Com sucesso. Aos seis minutos, o gol da França só não saiu em uma cobrança de escanteio por causa de uma bela defesa de Jefferson. Benzema ficou livre para cabecear na segunda trave após um desvio no meio do caminho, e o goleiro do Botafogo provou estar com o reflexo em dia – esticou-se tanto para fazer a intervenção que foi parar dentro da rede.
A França continuou a insistir daquele jeito, talvez se inspirando nos gols marcados por Zidane em 1998. Até abrir o placar. Aos 20 minutos, Varane veio de trás para aproveitar uma nova cobrança de escanteio, cabeceou firme para o chão e conseguiu acertar a meta. Festa no Stade de France.
O jogo ficou mais complicado para a Seleção Brasileira depois que a França abriu o placar. Neymar tentou assumir o papel de referência da equipe com avanços em velocidade, mas ainda não havia encontrado a melhor sintonia com Roberto Firmino e parava com facilidade no bloqueio francês. O seu companheiro de ataque tentava encurtar a distância para o gol com seus característicos chutes de longe e também não era bem-sucedido.
Aos 39 minutos, quando Dunga já se preparava para reanimar o Brasil no intervalo, a França sofreu o empate. Oscar tabelou com Firmino, entrou na área e finalizou de bico para superar a marcação e o goleiro Mandanda. A maioria da torcida silenciou momentaneamente.
Não houve mudanças no início do segundo tempo – nem nas formações das seleções europeia e sul-americana nem no panorama do amistoso. Os espaços para atacar ainda eram pequenos, o que obrigava maior movimentação e constante toque de bola de França e Brasil.
Sem oferecer mais tantos lances de bola parada ao adversário, os brasileiros enfim se sobressaíram com ela rolando. Aos 12 minutos, Willian viu Neymar correr pela ponta esquerda e fez a enfiada. O atacante do Barcelona avançou dentro da área e soltou o pé para anotar um gol muito parecido com aquele feito por ele mesmo diante da Espanha, na final da última Copa das Confederações.
Atrás no marcador, a França foi forçada a desmontar um pouco o seu sistema defensivo e ofereceu espaços para o Brasil. O terceiro gol, no entanto, surgiu por meio de uma especialidade do oponente. Aos 23 minutos, Luiz Gustavo subiu sozinho após cobrança de escanteio e cabeceou bem para ampliar.
Com a vantagem brasileira, Deschamps fez duas alterações de uma vez. Trocou Sissoko e Griezmann por Kondogbia e Fekir. Os torcedores franceses, contudo, já haviam desanimado àquela altura. E Dunga pôde, bem mais tranquilo, dar oportunidades para Douglas Costa, Souza, Luiz Adriano, Fernandinho e Marcelo jogarem alguns minutos.