A Seleção Brasileira entrará em campo com uma dupla missão às 16 horas (de Brasília) deste sábado, ainda que o técnico Luiz Felipe Scolari queira distanciar a onda de manifestações pelo País de sua equipe. Uma vitória sobre a Itália na Arena Fonte Nova garantirá a primeira colocação do grupo A da Copa das Confederações, com 100% de aproveitamento, e ajudará a alegrar parte da população revoltada. Essa é a opinião de muitos dos seus comandados.
“O País está atravessando um momento complicado, e a Seleção pode, sim, ser uma pequena válvula de escape para tudo o que está acontecendo”, bradou o goleiro Júlio César, um dos líderes do elenco. Ele foi um dos jogadores que mais se motivaram com o gesto patriótico do público brasileiro no Castelão, que continuou a cantar o Hino Nacional com bastante disposição mesmo após a música parar de soar dos alto-falantes antes da vitória por 2 a 0 sobre o México.
Felipão também se animou bastante com o gesto patriótico da rodada passada – pediu até que a torcida volte a se manifestar dessa forma contra a Itália -, porém não quer se intrometer em questões políticas. “Tenho que cuidar da minha Seleção. Vou fazer o que sou contratado para fazer. Outras áreas cabem a outras pessoas. Não sou eu quem vai dizer como o governo deve proceder, pois também não quero que me venham falar para escalar A ou B. Cada um na sua”, ordenou. Pouco antes, o baiano Daniel Alves também tinha fugido do tema, apesar de Felipão garantir que todos do elenco têm liberdade para opinar.
Como prova da palavra do comandante, Júlio César não foi o único líder da Seleção Brasileira que mostrou apoio às reivindicações de parte da sociedade brasileira. Outras referências da equipe, como o atacante Neymar e o zagueiro David Luiz, também se manifestaram favoráveis a protestos pacíficos. Do lado de fora da Fonte Nova, no entanto, é possível que as cenas de violência entre policiais e populares dos jogos anteriores se repitam.
Teoricamente, a Seleção tem totais condições de fazer a sua parte para ajudar a acalmar os ânimos. A equipe realmente está em evolução, como gosta de frisar Felipão, e passou a enfim contar com o poder de decisão de Neymar. Autor de dois gols no torneio (tal qual o reserva Jô), o astro do Barcelona conduziu o seu time aos 6 pontos no grupo A. A Itália chegou à mesma marca, mas teve muito mais dificuldades para passar pelo eliminado Japão (4 a 3) na rodada passada. “Podemos empatar para confirmar a liderança, mas jogaremos para vencer”, avisou Felipão.
Como as duas seleções já estão classificadas para as semifinais, Felipão cogitou a possibilidade (remota) de substituir os pendurados Thiago Silva e Daniel Alves pelo zagueiro Dante e pelo lateral direito improvisado Jean. O certo é que o volante Paulinho, com entorse no tornozelo esquerdo, abriu espaço para Hernanes estar em campo contra os italianos. “Jogo no futebol italiano há três anos e conheço os jogadores deles. Isso pode ser uma vantagem”, avisou o atleta da Lazio.
Pela Itália, cuja direção definiu como “invenção total” a possibilidade de deixar a Copa das Confederações por causa dos protestos violentos no Brasil, o técnico Cesare Prandelli tem mais desfalques com que lidar. O atacante El Shaarawy sofreu uma lesão no pé esquerdo, o veterano Andrea Pirlo está com uma contratura na panturrilha direita e o seu companheiro de meio-campo Daniele De Rossi precisará cumprir suspensão automática.
Apesar dos problemas, a tetracampeão mundial Itália desperta muito respeito entre os jogadores brasileiros. Principalmente porque conta com o irreverente Mario Balotelli, amigo de Neymar e ex-companheiro de Jô, em seu ataque para chamar a atenção. “Ele é um grande jogador, que vem mostrando as suas qualidades pela seleção e pelos times que defendeu. Merece o nosso cuidado especial. Estamos falando de um atacante que pode não criar tantas ocasiões, mas que aproveita as que tem”, definiu o local Daniel Alves.
FICHA TÉCNICA
ITÁLIA X BRASIL
Local: Arena Fonte Nova, em Salvador (BA)
Data: 22 de junho de 2013, sábado
Horário: 16 horas (de Brasília)
Árbitro: Ravshan Irmatov (Uzbequistão)
Assistentes: Adbukhamidullo Rasulov (Uzbequistão) e Bakhadyr Kochakarov (Quirguistão)
ITÁLIA: Buffon; Abate (Maggio), Bonucci (Barzagli), Chiellini e De Sciglio; Aquilani, Montolivo, Marchisio, Candreva e Diamanti; Balotelli
Técnico: Cesare Prandelli
BRASIL: Júlio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Hernanes e Oscar; Hulk, Fred e Neymar
Técnico: Luiz Felipe Scolari