Um jogo que reuniu duas seleções com medo. O Brasil entrou em campo sob a pressão dos insucessos contra Venezuela e Paraguai. A Argentina carregou nas costas as recentes derrotas para o seu maior rival. Por isso, o principal clássico sul-americano, realizado nesta quarta-feira no Mineirão, terminou com um decepcionante 0 a 0.
A atuação ruim no Mineirão deixa o técnico Dunga ainda mais pressionado. Revoltada, a torcida brasileira perdeu a paciência durante o segundo tempo e pediu mudanças na comissão técnica com gritos de “burro” e “Adeus Dunga”.
O resultado é melhor para os argentinos, que ficam na segunda colocação das Eliminatórias Sul-americanas com 11 pontos. Já o Brasil amarga uma seqüência de duas apresentações sem vitória na competição e fica com apenas nove, em quarto lugar. Os pentacampeões ainda podem ser ultrapassados por Venezuela ou Chile, que se enfrentam nesta quinta-feira.
Na próxima rodada, a seleção brasileira vai tentar a reabilitação fora de casa diante o Chile, em Santiago. Já a Argentina enfrenta o Paraguai, em Buenos Aires. As Eliminatórias Sul-americanas seguem no mês de setembro.
O jogo: O maior clássico do futebol sul-americano começou com intenso respeito dos dois lados. Humilhado pelo Paraguai no final de semana, o Brasil mostrou uma postura diferente na questão da vontade. Só que o time pecava na parte da criação das jogadas. Já os argentinos apostavam na paciência e no toque de bola para “cozinhar” o adversário.
A primeira boa finalização do jogo foi da Argentina. Aos 17 minutos, o experiente Cruz aproveitou o cruzamento da esquerda e cabeceou nas mãos de Júlio César. Pouco depois, o Brasil reagiu e criou, em dois minutos, duas chances claras.
Aos 22 minutos, Robinho arrematou de longe, a bola bateu na zaga e sobrou para Júlio Baptista. Mesmo livre dentro da área, o jogador do Real Madrid, da Espanha, chutou em cima de Abbondanzieri. Dois minutos depois, Robinho escapou nas costas da zaga, passou pelo goleiro adversário na ponta esquerda, mas demorou para definir, facilitando a recuperação da zaga. Ele poderia ter caído dentro da área no momento do contato com o arqueiro rival ou passado a bola para Adriano.
Com 32 minutos, o Brasil foi obrigado a queimar a primeira substituição. Após dividida com Mascherano no meio-campo, Anderson sentiu uma lesão no joelho e cedeu seu lugar a Diego. Mesmo com a alteração, a seleção pentacampeã continuou sofrível na questão da criação.
Antes do intervalo, os brasileiros ainda levaram um susto. Aos 45 minutos, a zaga canarinho deu bobeira e deixou Messi invadir a área com liberdade. Mas, para sorte dos donos da casa, o craque argentino errou totalmente o arremate. A bola sequer saiu pela linha de fundo.
Sem mudanças: As equipes voltaram ao gramado sem alterações para a etapa complementar e o futebol continuou o mesmo, sem empolgar a torcida. Com dez minutos, a torcida brasileira começou a gritar pela entrada do jovem Alexandre Pato.
Aos 11 minutos, finalmente um lance de emoção para acabar com o marasmo em campo. Cruz recebeu passe precioso de Riquelme e, dentro da área, e finalizou próximo à meta de Júlio César. Com dificuldades em armar jogadas, o Brasil respondeu em uma bola parada. Aos 17 minutos, Júlio Baptista cobrou falta de longe e obrigou Abbondanzieri a uma boa intervenção.
Sem uma resposta da equipe, a torcida brasileira iniciou o coro de “burro” no momento em que Dunga chamou Luís Fabiano para o lugar de Adriano. Alguns minutos depois, em uma atitude de claro desespero, o treinador brasileiro sacou Diego, que havia entrado durante a partida, para colocar Daniel Alves improvisado no meio-campo.
Os minutos finais foram marcados por mais protestos dos torcedores. Nas arquibancadas, foram ouvidos os gritos de “Adeus Dunga”. Nos acréscimos, a Argentina perdeu a chance de vencer. Messi arriscou de fora da área. Júlio César defendeu parcialmente. Na sobra, o mesmo Messi chutou para fora dentro da área.