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Botafogo decide neste domingo a Taça Guanabara

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As estrelas do Fluminense ficaram apagadas na Taça Guanabara. A maior do Vasco era Romário, que só tirou da competição mais cinco gols para a conta até os mil na carreira. No Flamengo, elas demoraram a raiar para o torneio e, quando enfim apareceram, mostraram já não ter o mesmo brilho de outras épocas. Restou ao Botafogo estampar sua famosa estrela solitária no esvaziado céu carioca.

O time de General Severiano repetiu o feito de 2005 e foi o único entre os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro a se classificar para as semifinais da Taça Guanabara. Caiu diante do Americano no ano passado. Mas, desta vez, terá a chance de erguer o troféu na decisão deste domingo, contra o América, que terá no Maracanã os fluídos de invejosos rubro-negros, tricolores e cruzmaltinos.

Não foi nenhuma constelação, porém, que fez o Botafogo se destacar entre os rivais. O clube contratou bastante, mas sempre de acordo com sua realidade financeira. “Esse grupo que está aqui tem como forte a amizade e a união. Hoje, formam um time amadurecido. Os jogadores do Botafogo estão querendo fazer história. Vontade não vai faltar”, discursa o comandante Carlos Roberto.

O sucesso do próprio treinador era tido com desconfiança no Glorioso, uma vez que jamais havia treinado um clube de expressão do futebol brasileiro. Mas contava a favor de Carlos Roberto algo muito maior em seu currículo, que as passagens do antecessor Celso Roth por Internacional, Grêmio, Palmeiras, Santos e Atlético-MG, por exemplo, jamais iriam sobrepujar: tinha suas raízes fincadas em General Severiano.

Foi nas categorias de base do Botafogo que Carlos Roberto, hoje técnico com 57 anos, deu seus primeiros passos como jogador de futebol no início da década de 1960. Na época, foi dirigido por Zagallo. O então volante permaneceu no clube até 1976, tendo conquistado, entre outros títulos, os Cariocas de 1967/1968. Se o Alvinegro vencer o América no domingo, Carlos Roberto entra para a história da Taça Guanabara como o único homem a levantar o troféu como técnico e jogador.

Esse foi o escolhido pela diretoria do Botafogo para reconduzir o clube às conquistas. “Conheço bem o clube e sei como as coisas funcionam aqui. A programação que eu fiz para o time foi baseada no projeto apresentado de resgate das tradições do Botafogo, para conseguirmos títulos. E, pelo visto, estamos no caminho certo”, orgulha-se Carlos Roberto. O plano traçado pelo técnico, aliás, poderia ter sido colocado em prática no lugar do de Paulo Autuori já em 1995, ano em que o time sagrou-se campeão brasileiro.

Na década de 1990, porém, Carlos Roberto optou por continuar na Arábia. “Estou muito satisfeito de dirigir o Botafogo hoje. Já era para ter acontecido antes, mas infelizmente não coincidiu”, contou. Como treinador, ele ainda chegou a comandar os juniores do Bota, Bonsucesso, Madureira, Bangu, Americano e América. Dirigiu a seleção da Tailândia e clubes da Arábia Saudita nos últimos dez anos.

Realizado o sonho de ser técnico do Botafogo, Carlos Roberto começou a traçar com a diretoria o programa de ampliação da sala de troféus do clube. “Em dezembro, pensamos na pré-temporada de 12 dias em Itu e marcamos alguns amistosos antes do Carioca. Isso deu uma base boa para a equipe atingir o alvo do título, que podemos conquistar no domingo”, almejou.

No dia 15 de janeiro, o Botafogo estreou na Taça Guanabara derrotando o Friburguense por 3 a 0. A próxima vítima foi o Madureira, 2 a 1. Depois do 5 a 3 no clássico com o Vasco, estava consolidada a força do time de Carlos Roberto na competição. Totalmente inesperados, portanto, os tropeços diante de Volta Redonda e América, nas rodadas seguintes. “Eu sinceramente acreditava que o time tivesse uma crescente dentro do campeonato. Só que não jogamos bem nessas duas partidas, o que dá para entender em um grupo jovem, em formação”, avaliou Carlos Roberto.

“O time perdeu na hora que podia perder. E aprendeu com isso. Foi uma campanha boa para um início de trabalho, quatro vitórias e duas derrotas. Depois de perder, o time se superou no jogo com o Americano (2 a 1 para o Botafogo) e chegou à final”, vibrou Carlos Roberto. Enquanto o Glorioso comemorava um lugar na decisão, porém, Flamengo, Vasco e Fluminense, eliminados, já pensavam em se reabilitar na Taça Rio.

Mais uma vez, as equipes de menor expressão do Rio de Janeiro davam um golpe nas tradicionais. Só o Botafogo se safara. “Isso mostra que nós estamos no caminho certo. O que acontece hoje é que os pequenos estão se preparando melhor, montando times fortes. O tempo de pré-temporada deles é muito maior, eles começam a trabalhar bem antes dos times grandes. Já no ano passado aconteceu isso, com o Botafogo sendo o único a chegar na semifinal. Esse ano, vamos lutar pelo título”, comentou o técnico do Bota.

Pela análise que fez, Carlos Roberto sabe que os rivais devem entrar mais fortes na Taça Rio. “Não tenho dúvida disso. Os grandes vão crescer, nós também vamos continuar fazendo nosso papel e o campeonato vai ter uma disputa muito interessante”, previu. Novas estrelas já se candidatam a brilhar na seqüência do Estadual. Pelo Flamengo, o meia Horácio Peralta e o atacante Luizão. No Fluminense, outro jogador de frente dispensado pelo Peixe, Cláudio Pitbull. Romário continua sendo o astro do Vasco, ainda à espera de uma companhia para suprir a ausência de Alex Dias.

O time de Carlos Roberto, ao contrário, deve ter a mesma cara na Taça Guanabara. Mas o treinador sabe que vai precisar de reforços se quiser brigar pelas primeiras posições do Campeonato Brasileiro. Segundo ele, não porque o grupo do Botafogo é limitado tecnicamente, mas numericamente. “Já estamos com uma base boa e um tamanho bom de jogadores para o Carioca. Só que o Brasileiro é muito longo, por isso vamos ter que contratar alguns jogadores porque o elenco ainda é pequeno”, explicou.

O Alvinegro vai adotar a mesma política de contratações que teve antes da Taça Guanabara para o Brasileirão. Carlos Roberto evita falar sobre o tema no momento. “Eu estaria trabalhando contra mim se começasse a especular às vésperas de uma decisão. Todos os jogadores que estão aqui estão agradando. Quem vier, vai ter que buscar um lugar no grupo como os demais. Não falo em carências, posição, nem nada, porque isso não é assunto para agora. Temos o Campeonato Carioca antes disso”, declarou.

A primeira parte do Campeonato Carioca se encerra neste domingo, dia 12 de fevereiro, dia de Maracanã, de Botafogo x América. A data pode marcar a ressurreição do Glorioso, sob os cuidados do alvinegro Carlos Roberto. Ou a derrocada do último grande clube do Rio de Janeiro na Taça Guanabara.

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