Em sua estreia na Copa do Mundo, a Argentina mostrou que os seus defensores não estão à altura dos atacantes. A equipe comandada por Diego Armando Maradona foi envolvente no estádio Ellis Park, neste sábado, mas ofereceu muitos espaços à Nigéria. Ao menos o gol da vitória por 1 a 0 foi marcado por um zagueiro, Heinze.
Com o resultado, a Argentina alcançou os mesmos 3 pontos da Coreia do Sul (que derrotou a Grécia por 2 a 0) no grupo B do Mundial da África do Sul, mas leva desvantagem de um gol de saldo. Os gregos e os nigerianos dividem a lanterna da chave.
O confronto deste final de semana foi o terceiro entre Argentina e Nigéria em Copas do Mundo. Nos dois jogos anteriores, os sul-americanos também venceram: 2 a 1 em 1994, com Maradona dopado em campo, e 1 a 0 em 2002.
A próxima rodada do grupo B será disputada na quinta-feira, dia 17 de junho. A Argentina enfrentará a Coreia do Sul em Johanesburgo, e Nigéria e Grécia tentarão a reabilitação em Bloemfontein.
O jogo – O futebol da Argentina nos minutos iniciais de partida era tão elegante quanto o seu técnico. Diante de um Diego Armando Maradona de terno e cabelos bem penteados, a equipe sul-americana trocava passes rápidos e chegava com facilidade ao ataque.
Lionel Messi parecia não sentir o peso da missão de guiar o "Rolls Royce da Argentina", como Maradona definiu, ao título mundial. Contestado por não repetir na seleção as suas boas atuações pelo Barcelona, o astro tabelou bonito com Tevez logo na primeira jogada de ataque. Em seguida, cruzou para Higuaín desperdiçar uma oportunidade clara de gol.
Maradona estava radiante com o começo de jogo de seus comandados. Com uma medalha presa à mão, o ídolo argentino amarrotou definitivamente o seu terno ao saltar de maneira frenética aos seis minutos: Juan Sebastián Verón cobrou escanteio na área, e Heinze deu um peixinho para fazer o primeiro gol de sua equipe no Mundial.
Era o que restava para a animação contagiar quase todo o público presente no Ellis Park. Os torcedores argentinos cantavam bastante e chegavam a competir em barulho com as ruidosas vuvuzelas. No gramado, o time de Maradona continuava a justificar a condição de um dos favoritos ao troféu na África do Sul. Higuaín perdeu outra chance em assistência de Tevez, e Messi obrigou o goleiro Enyeama a fazer grande defesa em um chute forte.
A exceção ao bom rendimento da Argentina era a sua defesa. Embora fossem ágeis no ataque, os bicampeões mundiais sofriam com a desorganização a cada ataque da Nigéria. Taiwo, no entanto, precisava aprimorar os cruzamentos. Obasi, Yakubu e Obinna se movimentavam bastante, mas faziam o goleiro Romero trabalhar pouco.
Mesmo com os sustos defensivos, Maradona cumprimentou os seus atletas com entusiasmo quando o primeiro tempo acabou. Afagou Di María, o menos eficiente dos seus atacantes até então, e fez questão de incentivar os zagueiros. Pela Nigéria, o treinador sueco Lars Largerback preferiu esperar o início da etapa complementar para fazer alterações.
No início do segundo tempo, a Argentina perdeu o seu poderio ofensivo e não foi a mesma. Largerback entrou em ação: trocou Obinna e Obasi por Oba Oba Martins e Odemwingie. Como a Nigéria passou a pressionar pela primeira vez na partida, aproveitando as falhas de marcação de Jonás Gutiérrez, foi a vez de os africanos vibrarem no Ellis Park.
Para conter o ímpeto nigeriano, Maradona finalmente fez as suas substituições. Maxi Rodríguez entrou no lugar de Verón com a incumbência de dar tranquilidade à Argentina. E Diego Milito ocupou o espaço de Higuaín para resgatar a força ofensiva do time, que já se limitava a contra-atacar. Inspirado, o goleiro Enyeama evitava que o perigo fosse maior à Nigéria.
No final, contudo, a Argentina abdicou do ataque para valorizar a posse de bola. A ordem de Maradona era assegurar o resultado positivo, com Burdisso na vaga de Di María. Ficou mais fácil porque a Nigéria já demonstrava cansaço e não incomodava Romero.