Como quem "não queria nada", Ary Marques desembarcou em Cuiabá em janeiro de 2010 com a árdua missão de reerguer o Cuiabá Esporte Clube, time bicampeão estadual em 2003 e 2004, mas que estava voltando ao cenário após três anos licenciado do futebol profissional de Mato Grosso.
No ano anterior da chegada de Marques, o "Dourado" retornava à Primeira Divisão com o vice-campeonato da Segundona – perdeu o título de campeão para o Mixto.
De fala mansa e tranquilo, Ary, que se desvinculou do Paraná Clube para tentar a sorte em Mato Grosso, já começa a fazer história no futebol de Mato Grosso. Está no comando técnico do Cuiabá há um ano e quatro meses, muito tempo num estado em que a cultura futebolística é demitir treinador na segunda derrota consecutiva. No atual campeonato, só seu companheiro Éverton Goiano está há mais de um ano no comando técnico do União de Rondonópolis. Mas Goiano intercalou seu trabalho ao deixar o Colorado para treinar o Rio Branco do Acre no Campeonato Brasileiro da Série C do ano passado. Ary está no Cuiabá sem deixar o clube sequer por um dia.
Nesse período, ele devolveu a alegria à pequena torcida cuiabana ao conquistar a Copa Mato Grosso do ano passado de forma invicta -desde 2004 o Cuiabá já não erguia um troféu de campeão, perdendo o título da mesma Copinha em 2009 para o Vila Aurora e a própria Segunda Divisão ao Mixto.
Seguidor assumido do folclórico Rubens Minelli, primeiro treinador no Brasil a conquistar três Campeonato Brasileiro – dois com o Internacional e um com São Paulo, Ary Marques é um dos responsáveis pela boa e dramática campanha do Cuiabá no Estadual.
Além de detalhista e avesso em divulgar à imprensa a escalação do time com antecedência, ele sabe mexer na equipe. Assim foi na classificação dramática à semifinal quando colocou Moreno e Tozin. Ambos entraram e decidiram a vaga ao marcarem gols na virada sobre o REC. Têm o elenco em suas mãos. Com passagens no futebol do Japão e no Líbano, onde chegou a comandar a seleção local, Ary não têm dúvida sobre o nível técnico do futebol local: não deve nada a Paraná e Santa Catarina, estados com clubes na Série A do Brasileirão.