O reitor da Universidade de Mato Grosso (Unemat), Taisir Mahmudo Karim, anunciou férias coletivas de cinco meses para professores, técnicos e estudantes para economizar dinheiro. Isso ocorre apenas oito meses após a criação da lei estadual 319, que incrementou o orçamento da entidade. A denúncia foi apresentada pela Associação dos Docentes da Unemat, em conflito com o reitor.
Pela medida, o calendário acadêmico terá antecipação de férias no meio e no final de 2009 e as aulas do ano que vem deverão começar só em abril. Para os docentes, a decisão é o reflexo do que eles chamam de “falência administrativa” da Universidade de Mato Grosso.
A rejeição às férias coletivas é geral. Essa alteração no calendário letivo fere direitos contratuais dos professores e inviabiliza contratos com interinos. Gera estabilidade entre gestores, docentes e estudantes. Causa aumento da evasão acadêmica em razão da sobrecarga de aulas, dificuldade de aprendizado e impossibilita avaliação continuada.
Além disso, os docentes alegam que a medida desrespeita normatização acadêmica e sobrecarrega funcionários, pois acumula serviços de matrícula e digitação de notas. “Além disso, é imoral uma universidade pública fechar as portas por quase meio ano. Isso demonstra incompetência administrativa e a responsabilidade deve ser apurada”, disse Maria Ivonete de Souza, presidente da Adunemat.
Esse é o estopim da crise moral da reitoria, que colocou a instituição na ilegalidade ao não efetivar seu novo estatuto, aprovado no Congresso Universitário em dezembro de 2008. Eles denunciam que as mudanças estão sendo feitas em reuniões fechadas, com diretores de institutos, coordenadores de campi e pró-reitores, o que desrespeita o Consuni e o Conepe, informa a diretoria da Adunemat.
Outro sinal de falência administrativa é de que não deverá mais ocorrer concurso para contratação de professores para o campus de Tangará da Serra. A situação foi questionada por estudantes no dia 11 durante evento na cidade.
Seis dos 11 campi da Unemat (Cáceres, Sinop, Nova Xavantina, Tangará da Serra, Barra do Bugres e Alta Floresta) já fizeram reuniões e protestos para cobrar um posicionamento oficial da reitoria. “O pensamento é um só: se o reitor Taisir diz que falta dinheiro, chegou a hora de abrir os cofres da Unemat para a comunidade acadêmica”, diz Maria Ivonete.