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Reitora da UFMT quer diálogo com toda sociedade

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A chapa da nova reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Myrian Serra, chama-se “Diálogo e Ação” e, pelo o que parece, o ponto central para desenvolvimento da instituição nesta administração será, de fato, o diálogo com todos os setores da sociedade.

A professora Myrian é formada em Nutrição pela UFMT e doutora em Alimentos e Nutrição pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 1980 realizou concurso para professora (como era feito à época), foi coordenadora e a primeira diretora da Faculdade de Nutrição (2006), além de ter assumido a Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (2008 a 2012, gestão de Maria Lucia Cavalli Neder).

No ranking realizado ano passado pelo Ministério da Educação (MEC), a UFMT ocupa a 33ª posição geral entre as 192 Universidades do país. Hoje, são 1.8 mil professores, 1.7 mil técnicos e 23 mil estudantes (na graduação e pós-graduação) divididos entre os 106 cursos da graduação e os 56 da pós-graduação stricto sensu. E, mesmo com toda essa representatividade, o contingenciamento feito pelo governo federal é alto: 30% no custeio, que é R$ 80 milhões, e 50% no capital, que é R$ 30 milhões. Em um momento delicado da política e economia brasileiras, a nova reitora da UFMT terá um árduo trabalho.

Nos últimos anos a UFMT cresceu significativamente. Houve a construção do campus de Sinop, ampliação do campus do Araguaia e criação de vagas em todos os cursos. Entretanto, os investimentos oriundos do MEC não têm sido o ideal para consolidar essa dilatação da universidade. “O governo federal descentralizou recursos, mas não atendeu bem as necessidades. Hoje temos um déficit de 400 técnicos, é o segundo maior entre as Universidades. A estimativa é que pelo menos 300 deles iriam para a área acadêmica. Precisamos de laboratórios, de pessoal, de salas de aulas. Vamos buscar a consolidação desses recursos”, afirma a reitora.

A demanda da estrutura da instituição é uma das principais, tanto entre estudantes, quanto entre técnicos e professores. Hoje, o campus de Cuiabá está repleto de construções de novos blocos, entretanto, há 3 problemas de infraestrutura básica que ainda são sensíveis e que a reitora pretende resolver logo: abastecimento de água, energia elétrica e acesso à internet com qualidade.

Há mais de mil doutores na UFMT atualmente. Entre os docentes, 80% tem doutorado. Porém, há dificuldade de acesso ao estudo de campo. Para fomentar e incentivar a pesquisa, Myrian Torres tem a estratégia de aproximar discentes e docentes dos diferentes campi, além da integração com a sociedade. “Queremos criar o que estou chamando de Fórum Social, que seria uma representação da sociedade dentro da UFMT, para discutir as políticas desenvolvidas e atender as demandas da comunidade. Também quero estimular as ações dos professores em conjunto”, explica Myrian.

Estas propostas devem ser efetivadas, conforme a reitora, com convênios, contratos e projetos firmados além das fronteiras da Universidade. A eleita explica que “a UFMT ainda é muito tímida quando se fala em novas formas de se arrecadar recursos. E esses convênios podem ser uma forma de dependermos menos do MEC”. A Universidade Federal de Mato Grosso tem apenas 1% de arrecadação própria enquanto outros 99% dependem do MEC, sendo que 80% do recurso total da instituição é destinado ao pessoal. Por ano, a universidade arrecada R$ 750 milhões.

A ação mais imediata desta nova administração deve ser a reforma do Estatuto da Universidade Federal de Mato Grosso, que data de sua criação (1970), e a criação de um regimento geral que ainda não existe e faz-se primordial. “Tudo é muito burocrático. Precisamos definir os níveis das demandas, pautando a autonomia de cada campus e das unidades. É necessário definir o papel dos institutos, das faculdades, direção de cursos, enfim, para facilitar a vida de quem precisa dos serviços da UFMT”, afirma a reitora Myrian.

Ainda dentro da revisão do Estatuto, será feita a reavaliação do papel do Conselho Diretor e retomará a autonomia do Conselho Universitário (Consuni) e do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe). “Entendemos que as questões orçamentárias dizem respeito aos representantes universitários”, afirma Myrian quando perguntada sobre a exclusão do Consuni e Consepe de reuniões sobre direcionamentos dos recursos.

Não são raros os relatos de furto, roubo, assédio sexual e até estupro dentro da UFMT. De acordo com Myrian, segurança é prioridade em todos os campi, mas em Cuiabá a situação é mais delicada. “Devido às obras da Copa que mudaram o espaço e, consequentemente, a relação da UFMT com os bairros vizinhos de maneira negativa”, lamenta. Ela tem uma série de planos para essa demanda. Entre eles, a formação complementar do grupo de guardas terceirizados, o projeto de construção de novas guaritas e o relacionamento com as associações de moradores das comunidades que circundam a Universidade.

Cerca de 25% dos estudantes da UFMT demandam dessa política de estratégia que é a assistência estudantil. Este percentual é reflexo da expansão da Instituição e vinda de alunos de outros estados.

A reitora não comentou sobre a ampliação, por exemplo, de vagas na Casa do Estudante. “Alimentação é a principal política de assistência”, afirma. Atualmente, em Cuiabá, a cozinha do Restaurante Universitário (RU) passa por reforma e há 10 servidores lotados. Quando a cozinhar estiver pronta, toda a comida será produzida no campus. “Até lá, 90% dos servidores do RU serão terceirizados”, diz a reitora. A boa notícia é que ela não abre mão do valor cobrando continuar sendo R$ 1 no almoço e no jantar.

Também faz o compromisso de investir em políticas de permanência do estudante, especialmente daquele do 1º período de curso. “Vamos trabalhar, por exemplo, os projetos de monitoria, incentivo à pesquisa, enfim, tudo o que motive o estudante. Sabemos que o maior índice de abandono é no primeiro semestre”, promete a reitora.

O zoológico é uma atração para a população, porém, não tem dotação orçamentária em vista de, oficialmente, não ser um. O espaço não tem o cadastro necessário que o enquadre como zoológico. A falta de recurso próprio e o fato de vários órgãos governamentais terem levado durante anos animais para lá, transformou o local em um verdadeiro depósito de bichos. A nova reitora compromete-se com a reorganização do zoológico da UFMT e incentivo aos cuidados essenciais à unidade.

Também pensa numa parceria (inclusive financeira) com governos Municipal e Estadual. “O zoológico é um ponto turístico, recebe alunos da rede básica de ensino. Entendemos que é um lugar comum da sociedade, não apenas da UFMT”, diz, quando explica por que pensa nessas parcerias.

Já em relação à superpopulação de gatos que habita o campus de Cuiabá, Myrian conta com o trabalho feito internamente por voluntários para tentar diminuir o número deles, mas não afirma se tem projetos próprios para o futuro.

A principal demanda do Hospital Universitário Julio Müller (HUJM) é interna com os servidores e é neste sentido que essa nova reitoria vai trabalhar ali. “É necessário garantir os direitos dos nossos servidores e melhorar as relações interpessoais dali”, fala a reitora quando explica que é necessário resgatar os servidores em vista da implantação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), em 2012, no HUJM. “Desde então, esses servidores não são vistos nem se sentem como servidores. As condições de trabalho são diferentes, bem como os contratos, e isso prejudica a relação dentro da unidade de saúde”, afirma.

Myrian espera que a obra da unidade próxima ao município de Santo Antônio de Leverger (28 km de Cuiabá) seja retomada em breve. Aguardada ansiosamente pela população, apenas 10% da construção foi erguida. É uma parceria com governos Estadual e Federal e, no momento, falta o governo de Mato Grosso fazer a cotação orçamentária para dar continuidade, em vista de o segundo processo licitatório já ter sido feito. A parcela do Governo Federal já foi transferida.

Além da nova unidade do HUJM há duas obras da UFMT sem finalizar. O centro de Treinamento Oficial (COT), que está 90% pronto, e a ponte no Córrego do Pari, primordial para o novo campus em Várzea Grande. Para o COT para ter seus últimos 10% finalizados precisa de repasse do governo estadual.

A ponte sobre o córrego é necessária para finalizar a construção do campus, pois dá acesso à cidade e, através dela, a prefeitura de Várzea Grande vai poder fazer a sua parte, levando iluminação e transporte, por exemplo. A parcela de responsabilidade da UFMT deve ser entregue em 30 dias. Depois disso, finalizará o processo de licitação para compra de todo o que é necessário para funcionamento do campus (como, por exemplo, cadeiras e mesas).

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