Estudantes, professores, representantes sindicais da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e do governo estadual se reuniram, ontem, para debater a implantação de um campus ou de cursos da Unemat em Cuiabá. A discussão foi realizada durante uma audiência pública requerida pelo deputado estadual licenciado e secretário das Cidades, Wilson Santos, e conduzida pelo deputado estadual e presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, Allan Kardec (PT).
Opiniões divergentes sobre a abertura de cursos da Unemat em Cuiabá pautaram a audiência. Enquanto parte dos alunos, dos professores presentes e os deputados participantes são a favor da instalação na Capital, professores da instituição, representados pelo sindicato e pela associação de docentes, solicitaram que a expansão seja feita com uma política pedagógica e planejamento financeiro.
A viabilidade da abertura de cursos da Unemat em Cuiabá será levantada após solicitação do governo do estado. Por meio da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Secitec), o Executivo pediu que a instituição estude a implantação e apresente um projeto político-pedagógico para avaliação dos conselhos da universidade.
O vice-reitor da Unemat, professor Ariel Torres, afirmou que este levantamento será realizado e, caso a expansão seja aprovada, os cursos poderiam iniciar já no próximo ano. Segundo o professor, inicialmente serão implantados os cursos de Administração, Pedagogia, Engenharia de Produção e Direito e seria realizado por meio da modalidade curso fora de sede, quando são montadas turmas únicas para determinados cursos.
O deputado Allan Kardec afirmou que vai contribuir com os estudos sobre a viabilidade da instalação e também propor um levantamento para saber quais cursos são mais demandados pelos estudantes. “Nos comprometemos, eu e o deputado Wilson Santos, com emendas de R$ 1 milhão cada, para custear pelo menos dois cursos. Mas sabemos que só isso não basta, temos que fazer uma provisão orçamentária para não precarizar a instituição”.
O secretário das Cidades e deputado licenciado, Wilson Santos, que requereu a audiência, defendeu a vinda da Unemat para a Capital para atender os estudantes da região de maior densidade demográfica e que mais contribui para a receita do Estado. “Sabemos que há outras demandas antigas, mas Unemat em Cuiabá é uma questão de justiça fiscal e com a população da região”, afirmou Wilson Santos.
Para o representante da Secitec, Domingos Sávio, a instalação da Unemat em Cuiabá é uma prioridade para o governo e, caso o estudo aponte a viabilidade, serão realizados convênios para custear pelo menos quatro cursos. “Assim que tiver o aval do conselho, vamos buscar as parcerias com deputados e prefeitura para garantir os recursos financeiros. Cada curso fora de sede custa R$ 1 milhão e poderemos instalar as turmas na nova Escola Técnica Estadual, no bairro Carumbé”.
Para a presidente da Associação de Docentes da Unemat, Luciene Neves, é preciso ter cuidado ao aprovar mais cursos ou ampliação da universidade para evitar o sucateamento. “Sem uma política pedagógica e orçamento, não adianta fazer emendas. Os recursos precisam ser contínuos para que seja necessário tirar de um município para custear em outro”, afirmou a professora.
O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Waldir Teis, também destacou a importância da Unemat no Estado, mas alertou sobre a necessidade de planejamento para evitar problemas para a continuidade dos trabalhos.
Atualmente a Unemat possui estrutura em 14 municípios mato-grossenses e está presente em 24 por meio da Educação a Distância (EaD). São 22,5 mil alunos em Mato Grosso e atualmente as vagas abertas são distribuídas entre concorrência ampliada (40%), reserva de vagas (25%), educação indígena (5%) e alunos provenientes de escolas públicas (30%).
Fora isso, há cursos de mestrado em sete municípios, 11 cursos de doutorados e 47 estudantes em mobilidade em outros países.