Em greve há 80 dias, professores de todos os campi da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) entregaram nesta terça-feira (18) a pauta de reivindicações da paralisação docente à reitora Maria Lúcia Cavalli Neder. Além deles, os técnicos-administrativos também entregaram suas propostas de negociação e alunos de Cuiabá e do interior cobraram da reitora soluções aos principais problemas enfrentados no dia a dia universitário.
O encontro não propôs nenhum avanço para o fim da greve, que é a principal preocupação dos cerca de 20 mil alunos da UFMT, mas levou ao conhecimento da maior autoridade da universidade os principais problemas dos profissionais e alunos de Mato Grosso.
Uma esperança apontada pelos professores foi a eleição recente da reitora Maria Lúcia como presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o que pode ser utilizado em benefício da UFMT nas negociações com o governo federal e na captação de mais recursos para a instituição.
Professor de literatura na UFMT e membro do comando geral de greve, Roberto Boaventura, abriu o encontro realizado na sede da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat) ressaltando que a expectativa da categoria é de que a Andifes participe do movimento de greve e colabore no processo de negociação. “Vivemos um momento de expansão da universidade sem que a reposição do quadro de professores e as estruturas físicas acompanhassem esse movimento. Esperamos que com a reitora na presidência da Andifes, o diálogo com o governo avance”.
Conforme explica o presidente da Adufmat, Reginaldo Araújo, o momento de greve é uma oportunidade para que professores, técnicos e alunos discutam os problemas que dizem respeito ao cotidiano de trabalho e este foi o principal intuito de reunir todos em um único encontro.
“Nos últimos dez anos, a UFMT dobrou seu número de alunos, no entanto, não houve concurso público que repusesse os professores, não houve construções físicas que garantissem espaço. As condições são adversas e estamos aqui para dialogar com a reitora”, alega Reginaldo.
Maria Lúcia se comprometeu a ler a pauta interna com cuidado e responsabilidade, garantindo que está disposta a dialogar com os profissionais em greve. “Só depois que analisarmos com muito cuidado a pauta, iremos trazer respostas, sempre pensando em abrir um diálogo franco com eles, que são as pessoas que constroem a universidade todos os dias”.
Sobre o calendário acadêmico, a reitora afirmou que só poderá ser discutido quando a greve chegar ao fim, mas ressaltou que não haverá prejuízo de dias letivos aos alunos.