O promotor de justiça Nilton César Padovan mediou, ontem no final da tarde, reunião entre professores em greve, representantes da Secretaria de Educação e pais de alunos. A prefeitura se comprometeu em retomar o diálogo com os grevistas, para tratar de suas reivindicações, caso voltem para as salas de aulas. Os servidores discutem hoje, em assembleia, se manterão a paralisação ou se darão tregua. O Sindicato dos Professores da Educação Pública (Sintep) teme que a prefeitura não cumpra a promessa. "Sem um documento fica difícil acreditar. Apenas nos disseram para retornar as salas de aulas que negociaremos. Foi positiva a reunião, mas a decisão será tomada somente na assembleia", explicou uma das professoras.
A secretária adjunta de Educação, Maria do Socorro Pereira Cruz, a "Branca", afirmou que as portas estarão abertas para que os professores apresentem os cálculos, provando viabilidade financeira para ser feita equiparação salarial e redução da carga horária. "Todo diálogo é válido. Acredito que avançou muito e partiu da prefeitura dizer que se eles voltarem ao trabalho iremos conversar. Este é o primeiro passo", afirmou. Desde o início da greve, há mais de 40 dias, que prefeitura e Sintep não dialogavam, embora o sindicato insistiu em negociar suas reivindicações.
Pais de alunos que ainda estão sem aulas acompanharam a reunião. Segundo o representante do Movimento Pró-Educação, formado por pais e que serve para acompanhar decisões relativas a educação, Ozeias Lima Veras, os presentes na reunião se comprometeram em ajudar a fiscalizar para que a promessa da prefeitura seja cumprida. "Fomos nós que solicitamos essa reunião junto ao Ministério Público para entender o que de fato o que está acontecendo. Parece que a administração tomou como birra as reivindicações dos professores. Temos o direito legítimo de ter os nossos filhos dentro da sala de aula. Daqui para frente a proposta é que possamos acompanhar o que acontece por meio de uma comissão", criticou Ozeas, que foi coordenador do Procon em Sinop.
Aproximadamente 90 profissionais continuam em greve. Os profissionais municipais ganham R$ 1,6 mil e reivindicam equiparação salarial com os do Estado, que ganham R$ 1,7 mil, gradualmente em um período de cinco anos, além da diminuição da jornada de trabalho de 40 para 30 horas, em três anos. A prefeitura alega que não tem condições de atender as reivindicações pois está "em seu limite prudencial (estipulado em lei para gastos com funcionários)", situação contestada pela categoria da educação que pede uma chance de diálogo para provar que é possível atender as cobranças dos professores.
A greve foi considerada ilegal pelo desembargador Guiomar Borges, do Tribunal de Justiça. O Sintep recorreu afirmando que a greve é legal e espera julgamento do pleno Tribunal de Justiça.