Os estudantes de 18 a 24 anos que frequentam ensino superior no Brasil somavam 58,5% do total de estudantes nessa faixa etária em 2014. O percentual é 25 pontos percentuais maior que o de dez anos antes. Os dados foram divulgados hoje (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram que, em 2004, esse número era de 32,9%.
Os dados da pesquisa do IBGE foram calculadas com base no número de estudantes, e não no total de jovens – o que incluiria também os que não estudam. Apesar de o IBGE destacar a tendência de democratização do ensino superior nos últimos dez anos, os dados indicam que os estudantes brancos e da parcela mais rica da população ainda são maioria nas universidades do país.
De acordo a pesquisa, em 2004, 54,5% dos estudantes do ensino superior na rede pública pertenciam à parcela 20% mais rica da população brasileira – com renda média por pessoa da residência de R$ 2,9 mil. Dez anos depois, esse grupo ocupava 36,4% das vagas nas universidades públicas.
Já a proporção de estudantes pertencentes ao quinto mais pobre da população, com renda per capita média de R$ 192, era 1,2% em 2004 e chegou a 7,6% dos alunos de faculdades públicas em 2014.
"Além do contexto favorável à ampliação do ensino superior, proporcionado pelo aumento do nível educacional da população e pelas melhorias nas condições econômicas das famílias que liberam jovens para seguirem estudando, em vez de se dedicarem exclusivamente ao trabalho, a democratização do acesso ao ensino superior foi estimulada por uma série de políticas públicas", diz o texto da pesquisa.
Em 2004, 16,7% dos estudantes pretos e pardos com 18 a 24 anos frequentavam o ensino superior, segundo a pesquisa, número que cresceu para 45,5% em 2014. Apesar do aumento, os negros não chegaram a atingir o percentual que estudantes brancos já apresentavam em 2004: 47,2%. Para esse grupo, o aumento verificado nos últimos dez anos fez com que 71,4% dos estudantes brancos de 18 a 24 anos estivessem na universidade.
O percentual de estudantes jovens que cursam no nível superior já era maior entre as mulheres em 2004, e a distância se ampliou com um crescimento mais acelerado que elevou o percentual a 63,3% em 2014. Para os homens, o percentual chegou a 53,2%.
A alta no percentual de estudantes cursando nível superior aconteceu em todas as regiões brasileiras, que continuam a apresentar patamares desiguais. No Sul, a proporção subiu de 50,5% para 72,2% no período pesquisado, enquanto no Norte, o percentual subiu de 17,6% para 40,2%. O maior crescimento, de 29,1 pontos percentuais, foi verificado no Nordeste, onde a proporção passou de 16,4% para 45,5%.
O IBGE também comparou dados sobre a dedicação dos jovens ao estudo. O número de jovens brasileiros entre 15 e 29 anos que estuda e trabalha ao mesmo tempo caiu na década pesquisada. Em 2004, 22,6% das pessoas nessa faixa etária se dedicavam às duas atividades, proporção que chegou a 17,3% em 2014.
Como o grupo de jovens que não estuda nem trabalha se manteve praticamente estável, respondendo por cerca de um quinto da população de 15 a 29 anos, o IBGE destacou o crescimento no número de pessoas que se dedicam exclusivamente aos estudos, que subiu de 59,3% para 67%.
"É uma informação relevante e muito boa. Quando o jovem pode se dedicar de forma mais plena ao estudo, espera-se que ele tenha melhor rendimento e compreensão", diz a pesquisadora do IBGE Cintia Simões.
Nos dez anos pesquisados, o número de pessoas entre 20 e 22 anos que terminaram o ensino médio ou níveis de ensino superiores também cresceu. Na população geral, esse número aumentou de 45,5% para 60,8%, sendo mais expressivo entre negros que brancos.
Entre os pretos e pardos, o percentual da população nessa faixa etária que concluiu o ensino médio chegou a 52,6%, percentual menor do que já era constatado para brancos em 2004 (57,9%). Em 2014, os 71,7% dos brancos nessa faixa etária tinham terminado o ensino médio.