O mês de janeiro traz impactos importantes no orçamento dos brasileiros que poderão, em alguns casos, continuar ao longo do ano. De acordo com o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S Brasil) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, o grande aumento em janeiro são as mensalidades escolares.
Embora ainda não tenha um valor médio, “pelas informações preliminares, a gente sabe que são aumentos substantivos, na maior parte, inclusive, acima da inflação acumulada em 2010”, disse o economista à Agência Brasil. A inflação medida pelo IPC-S no ano passado ficou em 6,24%.
Ele explicou que a variação de preço das escolas influi no orçamento doméstico em janeiro, mas “a mensalidade, a gente paga no resto do ano. Então, eu diria que esse é o item mais expressivo que está variando agora e a gente vai sentir ao longo de 2011”.
Picchetti acredita que, em janeiro, a inflação pelo IPC-S ficará acima da variação de dezembro (0,72%). Destacou que o item alimentação, de forte peso no orçamento do consumidor, embora se mostre em desaceleração, “ainda está em aumento”.
A trajetória até agora sinaliza que a tendência é de aumento. “Então, eu acredito que o mês de janeiro vai ser ainda superior a dezembro mas, felizmente, não estabelecendo uma tendência para o resto do ano”.
Segundo Picchetti, alguns aumentos, como os do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) não têm grande peso, “porque os índices de preços ao consumidor pegam os consumidores mais comuns, mais representativos, de até 33 salários mínimos, caso do IPC-S”.
Na capital paulista, em especial, o aumento de 11,11% nas tarifas dos ônibus, autorizado pela prefeitura, terá um grande peso no orçamento doméstico, representando dois terços da inflação de dezembro. “É muita coisa se considerar que o índice de dezembro foi de 0,72%”, ponderou o economista da FGV.
Estendendo para o nível Brasil, o impacto do reajuste de ônibus em São Paulo no IPC-S ainda é significativo, passando de 0,56 ponto percentual para 0,23 ponto percentual, disse Picchetti.
O economista admitiu, contudo, que se por um lado o custo da passagem de ônibus tem um peso grande no orçamento do consumidor, o carro e os tributos associados a esses veículos têm um peso muito menor no começo do ano, em especial entre os consumidores de mais baixa renda.