De 6 a 10 de outubro, o Brasil passa a ter uma feira de livros dedicada especialmente aos autores e à literatura indígena. A Feira do Livro Indígena de Mato Grosso (FLIMT), em Cuiabá, receberá escritores, palestrantes e estudiosos do tema livro e leitura, além de editoras, distribuidoras e livrarias de todo o País, num encontro de múltiplos olhares, de integração e diversidade, que promete unir culturas e fincar raízes na história literária brasileira.
O evento será voltado à divulgação da cultura indígena com lançamentos e leituras de livros, encontro de escritores, contação de mitos e histórias, oficinas, palestras, seminários, pinturas corporais e saraus. Serão cerca de 200 títulos de autores indígenas regionais e nacionais de 700 etnias que estarão nos três pontos da feira (Centro Histórico de Cuiabá, Palácio da Instrução e Praça da República).
O diretor-presidente do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual (Inbrapi), Daniel Munduruku, elogia a iniciativa pioneira do governo de Mato Grosso. “A realização desta feira é um momento muito importante e gratificante aos povos indígenas brasileiros. É um reconhecimento. Os nossos povos têm algo a dizer à sociedade e precisamos de um espaço como esse”, afirmou.
Retratos da Leitura no Brasil – A palestra de abertura da FLIMT terá como tema a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, ministrada pelo diretor do Observatório do Livro e Leitura, Galeno Amorim. A atividade acontece a partir das 14h na Praça da República e terá a participação da professora Nelilda Ormond Braga, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que contribuirá com o debate.
Durante a FLIMT, também será instituída a Academia dos Saberes Indígenas, uma espécie de Academia Brasileira de Letras dos índios, que terá à frente o escritor Daniel Munduruku, ao lado de autores e intelectuais de diversas tribos brasileiras. Será mais uma forma de homenagear os velhos contadores de histórias e, ainda, mostrar que a literatura indígena vai além do conceito ocidental de escrita, para pôr um fim à ideia de que só há um tipo de literatura (a escrita). O patrono da turma será o ex-deputado Mário Juruna.
Livros didáticos – Com a publicação da lei federal 11.645/2008, que determina a inserção do estudo da História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nas escolas brasileiras, a procura por produções indígenas em todo o país aumentou, principalmente entre as editoras. “Este é outro fator que possibilita a divulgação da cultura indígena de norte a sul do Brasil”, comenta Daniel Munduruku.
Realizada pela Secretaria de Estado de Cultura do Mato Grosso, a FLIMT tem como parceiros a Secretaria de Estado de Educação, Inbrapi, Unemat, Funai, TVU, rede Amazon, Memorial dos Povos Indígenas, Núcleo de Escritores e Ilustradores Indígenas, Observatório do Livro e Leitura e a Brasil Que Lê – Agência de Notícias.